25/03/10

ISRAEL COMO CHECOSLOVÁQUIA


A crise não é só entre a Administração Obama e Israel. Por uma curiosa coincidência, o Governo do Reino Unido tem-se sumado à aposta contra o seu único amigo e aliado no Meio Leste. Primeiro os obamitas deliberada e gratuitamente amplificaram o assunto menor dos permisos de construcção israelis para além da linha verde em Jerusalém –numa zona judia que se acha no meio doutras áreas judias- convertendo-o num processo a grande escala contra Israel, e provocando a pior crise entre os EEUU e Israel desde há três décadas. Depois, o Embaixador de Israel no Reino Unido foi chamado a consultas pelo Foreign Office comunicando-se-lhe que, para fazer patente o enfado britânico pelo suposto roubo do Mossad das identidades  duns cidadãos britânico-israelis com a finalidade de matar ao terrorista de Hamas Mahmoud al Mabhouh em Dubai o passado mes de Janeiro, um diplomático israeli –supostamente vinculado ao Mossad- ía ser expulsado da Grande Bretanha.

A palavra “desproporcionado” vem-se-nos à mente.

Aínda há demassiadas coisas sobre a morte de Mabhouh que ficam sem diluzidar nem explicar –como o abultado número de agentes (27) presuntamente involucrados no operativo. E Israel não tem confirmado nem negado que o Mossad tivese nada a ver, embora Grande Bretanha afirme que há “razões apremiantes” para acreditar que esteve implicado o uso fraudulento de passaportes bitânicos.

“Razões apremiantes”, eh? Nem uma só prova. Ponto. Mas, quem necessita provas quando, a olhos do Governo britânico, Israel já é culpável a priori? Caberia pensar que a morte dum vil inimigo da humanidade deveria ser causa de discreta satisfacção na luta desesperada que se livra para defender a vida, a liberdade e a justiça contra aqueles que querem destrui-las. Mas resulta que não –como sinala Douglas Murray –, a Grande Bretanha castiga àqueles que estám na fronte de batalha nessa defesa, mentres permite livre circulação –por não mencionar as plataformas públicas e inclusso o labor governamental- àqueles juramentados na destrucção da Grande Bretanha, Israel e o mundo livre.

Segundo eu o entendo, roubar umas identidades nuns passaportes é uma táctica comum em grande parte das agências de inteligência –por exemplo no M16. Isto sempre e quando, claro está, realmente tivessem sido roubadas tal e como afirma crfipticamente Miliband –algo que para uma servidora está muito longe de ser provado. Os proprietários dos passaportes não tiveram nada a ver com a morte de Mabhouh. Mas se as suas identidades foram clonadas, isso por sim mesmo não prova nada para além do simples facto.

Certamente, aínda tendo sido roubados e as vidas desses cidadãos britânico-israelis postas remotamente em risco, caberia agardar um toque de atenção por parte do Governo britânico. Mas expulsar a um membro do corpo diplomático é uma das decisãos mais extremas que um país pode adoptar no terreno da diplomacia. Fazê-lo contra um pretendido aliado sugire que existe uma séria fractura na sua relaão, muito para além do desgosto provocado pelo tal incidente. Aínda mais, fazê-lo tras toda uma série de actos hostis contra Israel por parte do Governo britânico –como tomar partido a favor de Hamas na guerra de autodefesa israeli, forçar um embargo aos barcos de guerra israelis, incitar um boicote económico contra os produtos israelis procedentes dos territórios em desputa, rechaçar votar em contra do grotesco Informe Goldstone-, sugire que forma parte duma estudada estratégia de arrojar a Israel baixo as rodas do autobus.

E fazê-lo mentres a crise entre Israel e os EEUU aínda está latente, sugire que Hillary Clinton tem estado quentando-lhe a orelha ao seu colega David Miliband, entanto Gordon Brown segue duvitativo o passo que marca Obama na causa comum de deslegitimação de Israel arrojando-a às fauces dos genocidas lobos islâmicos.


Os problemas surgem uma e outra vez entre os bons amigos e entre os países aliados. A pesar da sua relação especial, os EEUU e o Reino Unido têm mantido diferenças com freqüência. Mas os amigos e os aliados, geralmente, procuram limar os pontos de fricção. De facto, isto é o que valida o seu vínculo. Doutra banda, quando um amigo ou um aliado permite que o desacordo vaia em aumento até provocar uma crise ou prender o fogo, isso vaticina que já não serão amigos ou aliados por demassiado tempo.

Lembremos a Jacques Chirac, Presidente da França entre 1995 e 2007, que, numa visita de Estado a Israel em 1995, converteu um malentendido menor com a escolta de seguridade israeli na Cidade Velha num altercado entre ambos países. Chirac provocara umas desculpas absolutamente inecessárias do daquela Primeiro Ministro Netanyahu. Tal actitude simplesmente antecedia o que haveria de se passar: o alinhamento de Chirac com Yasser Arafat e personagens semelhantes no Meio Leste.

O antigo Primeiro Ministro israeli Ariel Sharon protestou em certa oportunidade –ante o escândalo diplomático geral- advertindo que Israel não estava disposta a jogar o papel de Checoslováquia nos anos trinta. Seria terrível que a repetição desse catastrófico episódio fosse o que tivessem em mente os governos dos EEUU e o Reino Unido.

Os sinais procedentes das Administrações do Reino Unido e dos EEUU não podem ser mais claros. Medntres Iran acelera para obter  sua bomba genocida, Obama e Miliband preparam-se para abandoar à sua vítima putativa –e, de passo, aos seus próprios países- mentres se arrastam ante os inimigos da civilização. A deslegitimação sistemática de Israel tem resultado exitosa entre a opinião pública –na Grande Bretanha, quando menos- asumindo-se como lógica a aniquilação daqueles que apenas querem que se lhes permita viver em paz no seu fogar histórico. Mentres o linchamento de Israel segue o seu curso, quem de entre o establishment político estadounidense e britânico erá a integridade e a valentia de erguer-se e proclamar: “Não no meu nome”?


MELANIE PHILLIPS

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