Fatah não tem razão alguma para querer a paz com Israel e, de facto, muitos dirigentes palestinianos têm enfatizado que foi a OLP mais que Fatah quem aceitou no seu dia a solução dos dois Estados. A sua é a típica estratagema árabe: os membros do Comitê Central de Fatah aprovaram a título individual os Acordos de Oslo antes que os representantes de Fatah no Conselho da OLP votaram o seu respaldo. A carta de Arafat a Rabin, uma das partes dos Acordos de Oslo, estipula a responsabilidade da OLP sobre qualquer acto dos seus membros –Fatah incluída. Não houvo visto bom explícito por parte de Fatah, mas também não era necessário dado que as partes devem ater-se às decisões que adoptem os organismos dos que formam parte. Daí que a lei internacional tenha prevalência sobre a legislação nacional. No mundo real, porém, os acordos escritos importam pouco, na medida em que cada parte os interpreta conforme o balanço de poder do momento. Neste sentido, o balanço de poder nunca tem deixado de ser o método decissivo nas relações internacionais, sob uma curtinha de fume formada pelos acordos.
Na medida em que Israel reduz a sua pressão militar sobre os palestinianos, os sectores mais activistas perdem a sua incentivação pela “concessão” dos dois Estados. Em vez de constringir ou afogar aos palestinianos asinando um tratado de paz, Israel tem logrado que a vida destes seja o suficientemente comfortável como para que perdam interesse pela independência formal –especialmente agora que gozam duma independência de facto. A sua situação actual é melhor que uma independência formal: goçam de autogoverno e reconhecimento internacional, inclusso de passaportes palestinianos, mas não padecem a responsabilidade de velar pela sua economia, com uma Israel que se ocupa de proporcionar-lhes serviços municipais e postos de trabalho.
Na medida em que as IDF têm erradicado satisfatoriamente a presença terrorista dos territórios, Fatah tem-se ido distanciando dos palestinianos de a pê. Peres apresentara ao grupo terrorista como um poder real a fim de converter a Arafat –que daquela era um zero à esquerda confinado emTunísia- numa marioneta válida para asinar a paz. Hoje em dia, Fatah é apenas uma banda com nula conexão com as massas palestinianas, odiada pela sua repressão e corrupção, e só capaz de sobreviver a base de ser ela quem distribui as enormes quantidades de ajuda internacional. Um homem de Fatah pode ser quem de ganhar a eleição presidencial, sim, mas o movimento como tal teria uma significação testemunhal no nível das eleições municipais e parlamentárias.
O velho liderádego de Fatah é certamente velho; a maior parte de eles superam os setenta anos. A jovem garda é mais militante. Situar o Governo palestiniano sob o independente Fayad, e afastar aos mais genuínos gángsters do entorno governamental, só tem servido para radicalizar as posições de Fatah. Apartados da dirigência cotidiana do país, o seu único entretenimento é a algarada e o terror.
As eleições democráticas no West Bank poderiam levar aos moderados ao poder. Os desencantados de Fatah representem a maioria da população, gentes cansas do conflito e que querem superar esta fase. Contrariamente aos militantes e ideologizados simpatizantes de Fatah, ao palestiniano comum importa-lhe bem pouco os refugiados de 1948 e recebem com os braços abertos os assentamentos judeus –que lhes supõem postos de trabalho lucrativos. Mas Fatah e Hamas encarregam-se de esmagar esta expressão política independente. Os moderados não podem atrair o voto através das ajudas financieiras –que continuam controladas por Fatah. Inclusso os palestinianos acaudalados não podem financiar novos partidos de corte moderado, porque o Governo da AP estaria presto a esmagar as suas fontes de ingressos. Fatah encarrega-se também de aplastar qualquer iniciativa política ou infraestrutura filantrópica.
A fim de fazer-se com as rendas da situação, Occidente deveria admitir que Fatah já tem deixado de ser congruente com o que se pretendia para a dirigência palestiniana. As facções política e militar desse grupo terrorista são duas entidades formalmente diferenciadas até este momento. Os palestinianos poderiam apoiar a alguns políticos exmembros de Fatah dispostos a certa convivência pacífica com Israel –mas esses políticos deveriam desprender-se do lastre dos extremistas. Occidente deve dar a espalda rotundamente à intransigente Fatah, apoiar a um partido moderado, canalisar a ajuda atravês desse partido em vez do Governo sustentado por Fatah.
Libertada da necessidade de amosar o seu rosto amável aos patrocinadores occidentais, Fatah regressaria sem ataduras à prática do terrorismo. E as IDF poderiam esmagá-la para sempre.
OBADIAH SHOHER
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