Quando a ONU elaborou o Informe Goldstone sobre as pretendidas atrozidades de Israel em Gaza, o aspecto mais instrutivo foi a absoluta aceitação do mesmo por parte da comunidade internacional. Rússia, China e a Índia apoiaram o Informe, em tanto que França e a Grande Bretanha simplesmente se abstiveram. Tamanhe apoio geralizado a um conjunto tão evidente de estúpidas acusações seria inimaginável de ter sido outro o país encausado. A maioria daqueles que brindaram apoio às suas ressoluções têm participado em todo tipo de brutais atrozidades aínda não há muito tempo. O libelo de sangue contra os judeus nunca descansa.
Os republicanos estadounidenses e os democratas do Sul foram depravadamente ánti-semitas durante o Holocausto; os seus senadores blocaram os tímidos intentos de Roosevelt de acrescentar as quotas migratórias para os judeus que estavam sendo deportados na Europa Occidental. Hoje em dia diz que são pro-judeus –até que Israel, por suposto, se converta numa cárrega para os EEUU.
Os EEUU combateram contra Alemanha em 1944, e passaram a brindar-lhe todo o seu apoio a partir de 1945; combateram contra Viet-Nam e agora são amigos íntimos; apoiaram as guerrilhas afeganas, e agora opõem-se a elas; ajudaram ao Sha com o seu programa nuclear iraniano, e hoje em dia estám conjurados na sua destrução; cooperaram com Irak na fabricaçãode armas químicas, e depois emprenderam uma guerra por idêntico motivo.
Os países árabes não é que sejam menos flexíveis. Egipto lutou contra Israel aunando esforços com Síria, mas segue sendo hostil ao filho de Assad. Arábia Saudi trocou a confrontação com Síria pela questão libanesa, por uma aberta cooperação. Iran lutou ontra Irak, mas agora cooperam entre sim contra os EEUU. Jordânia hospedou a OLP, expulsou-na a ponta de fusil, para volver a colaborar estreitamente, cambiando periodicamente a sua estrategia de apoio às distintas facções palestinianas. Síria aplacou o suficiente a Hezbolá como para não perder o controlo do Líbano, mas sob o mandato do jovem Assad ungiu a Hezbolá como o seu brazo executor nesse país. Hamas sob a dirigência do Jeque Yassin opugera-se ao aperturismo iraniano, para rematar vinculada estreitamente de novo sob o mandato de Mahaal.
Os EEUU lograram a quadratura do círculo: apoiando cautamente a Israel em 1947, retirando-lhe o apoio ao ano seguinte, sendo abertamente hostil em 1956, voltando a apoiar em 1967, e dando-lhe um tratamento de mero peão a partir de 1973, condicionando o seu apoio sempre que Israel estiver disposta a viver dentro dumas fronteiras ridículas e suicidas a partir dos Acordos de Oslo.
Num mundo onde as aliaças são tão mutáveis e inestáveis, Israel não pode jogar-se a sua supervivêcia apostando por ilusórios tratados de paz. Em vez disso, melhor fazerá se se concentra em construir um país de dimensões razoavelmente defendíveis.
OBADIAH SHOHER
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