Mostrar mensagens com a etiqueta Governo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Governo. Mostrar todas as mensagens

25/04/10

“UTILIZÁMOS A CRISE PARA FORTALECER A ECONOMIA”


Conforme a economia global emerge duma das piores crises desde os anos 30 do século passado, Yuval Steinitz conclui o seu primeiro ano como Ministro de Economia encarregado da economia nacional num período que tem sido dramático. Os primeiros dias do seu mandato foram tãi impredizíveis e incertos como a própria crise. Teve que enfrontar-se com uma economia em recessão, um desemprego em auge e um crescente déficit governamental.

Agora tudo semelha diferente. A economia tem saído da crise com os menores danos possíveis. Dá-se uma tendência de crescimento positivo, o desemprego está em declive e os impostos também baixam.

Ao mesmo tempo, sem embargo, existem cada vez mais segmentos da população, maioritariamente árabes  haredim, que não formam parte da força produtiva, o que contribui a incrementar a brecha económica e social. Nos estudos mais recentes, tem-se concluído que se corre o risco de que seitores inteiros da população não recebam uma educação moderna e, portanto, careçam das ferramentas necessárias para serem capazes de incorporar-se à engranagem laboral.


Numa entrevista exclussiva com “The Jerusalem Post”, Steinitz expõe os projectos do Ministério para afrontar estas questões e os retos de futuro, incluída a formulação dum novo plano económico para converter a Israel num centro tecnológico do mundo financieiro.

JP: Como ressumiria o seu primeiro ano no posto?

YS: Há umas três semanas que rematei o meu primeiro ano no cárrego. Este foi um dos anos mais dramáticos na economia. Quando tomei possessão o 31 de Março do ano passado, a economia israeli, como todas as do resto do mundo, estava caíndo em picado numa crise. Existiu um sentimento de pânico e uma grande incertidume durante muito tempo. Por vez primeira nos últimos 30 anos tínhamos um crescimento negativo e existiam predicções de que o desemprego poderia alcançar o 10% no verão de 2009.
O déficil público em 2008 e 2009 chegava à cifra dos 86 bilhões de shekels, o maior na história de Israel, e as exportações caíram num 32%,,, o qual é uma catastrofe para qualquer país, mas em particular para um país como Israel, onde as exportações supõem o 50% do PIB –comparado com o 20% que suoe no caso dos EEUU. Portanto, se perdes a terceira parte do 50% da tua economia, isto é uma catastrofe, e em conseqüência os pronósticos em desemprego,déficit e rátio de déveda interna eram tão desalentadores que houvo muita gente, incluíndo destacadas figuras da economia, que me desaconselharam aceitar o posto, considerando-o uma causa perdida.

Rematámos o último trimestre de 2009 co peto dum crescimento positivo do 5%. E embora aínda não contamos com dados finais para o primeiro trimestre deste ano, podo antecipar que semelha que este trimestre foi tão exitoso como o último de 2009. Somos um dos escasíssimos países, junto com Suíça, que teve crescimento positivo no conjunto do 2009, para além dos complicados inícios. Lográmos ralentizar o veloz crescimento do desemprego a finais do verão, até o ponto de que começou a baixar até a taxa actual do 7’5%, mentres que as exportações se recuperaram num 25%.

A nível internacional, já seja pelo Fundo Monetário Internacional, a OCDE ou os bancos de invetimento internacionais, Israel é contemplada como um caso exitoso na gestão da crise, semelhante ao de Noruega e Austrália.

A partir do primeiro trimestre do ano passado, quando a economia se contraiu a um índize anual do 3’1%, começou a recuperação, crescendo um 1’2% no segundo trimestre e um 3% no terceiro. Impulsada por um acelerado crescimento no último trimestre do 2009, que foi revisado à alça a partir dum 4’4% inicial até o 4’8%, a economia expandiu-se um 0’7% no total do ano, em oposição à contracção do 4% do 2008 e do 5’2% do 2007. Comparativamente, outras economias membros da OCDE experimentaram uma contracção do 3’5% no 2009. À luz dos potentes indicadores económicos, o Banco de Israel vem de incrementar o seu pronóstico de expansão para o 2010 passando do 2’5 ao 3’5%.


JP: Como sobrelevou Israel a crise global?

YS: As políticas económicas que emprendimos para enfrontar-nos à crise global foram completamente distintas às do resto da comunidade internacional. Na maioria dos países, a finais de 2008, a percepção era que a economia estava esmorecendo, havia um crack creditício, o crescimentoestava decelerando-se significativamente, e a principal prioridade era a necessidade dum tratamento de choque que proporcionasse oxígeno. Em economia, o oxígeno é sinônimo de infiltrar liquidez para promover o crescimento baseando-se nasreceitas keynesiãs; algo que se fixo aplicando três medidas: reducção de impostos, botar uma mão às companhias e bancos, e mediante planos de estímulo.

O problema desta política é que o dinheiro custa muitíssimo mais dinheiro. Inclusso quando consigues salvar a economia, tens hipotecado o futuro do país e da sociedade com essas medidas para saír do passo e, portanto, haverás de pagar um preço no futuro e a recuperação será muito lenta. Os países enfrontarão-se a um elevado déficit e haverão de aumentar aínda mais os impostos para financiá-lo. Assim, muitos países acharam-se ante uma situação de pânico vendendo o futuro para salvar o presente.
Nós figemos tudo o contrário.

Nós decidímos salvar a economia, não mediante a implementação de planos a curto praço, senão que a nossa prioridade foi estabelecer planos a longo praço para os dois, três ou quatro anos vindeiros. Para nós o melhor plan de estímulo não foi o de injectar dinheiro na economia, senão o oposto, amosar que podíamos planificar um futuro melhor depois da crise. A ideia foi utilizar a crise para fortalecer a economia.

Um dos melhores exemplos é que lográmos, durante um período de crise, aprovar um orçamento bianual (para 2009-2010) por vez primeira na história de Israel. Formulámos um plano de déficit decrecente a cinco anos vista, para assim is diminuíndo o déficit gradualmente do 6% de 2009 ao 3% para 2012, e ao 1’5% em 2013 e o 1% em 2014. Mentres outros países –os EEUU, Europa e Ásia- recurtam impostos, nós aumentamo-los. O passado verão incrementamos temporalmente o VAT [equivalente do IVE] do 1 ao 16’5% para 2009 e 2010, e acrescentamos os impostos sobre o gas e o tabaco.

Mentres muitos países estám agora começando a aumentar os impostos, nós temos previsto começar a recortá-los. O plano consiste em reduzir os ingressos e os impostos das empresas até 2016 num 1% annual, começando em Janeiro deste ano. Os impostos sobre ingresos reduzirão-se do 46% ao 39% e os impostos a empresas do 26% ao 18%.

O nosso método para afrontar a crise foi preparar planos a longo praço na assumpção de que na economia não só o o presente tem impacto no futuro, senão que o futuro também tem impacto no presente. Levámos a teoria das causalidades retrospectivas até o seu extremo, e a convertimos no nosso lema e ideologia para afrontar a crise. Como resultado, temos logrado saír da crise mediante o mais barato e eficaz planoi de estímulo, porque não tivemos que gastar dinheiro.


JP: Olhando para adiante, como está usando a crise o Tesouro Público para fortalecer a economia?

YS: Achamo-nos numa situação na que a economia pode crescer mais forte, dado que temos logrado saír da crise numa situação de ventagem em três aspectos. Primeiramente, no que respeita ao desemprego: na maioria dos países occidentais, o desemprego tem aumentado por riba do 10%, e in clusso uma vez superada a crise tardarão anos em reduzir o desemprego. Nos EEUU, por exemplo, as expectativas são que levará cinco ou seis anos reduzir o desemprego aos níveis prévios à crise.

Mentres que nós estamos hoje num 1% por riba da taxa de desemprego prévia à crise, agardamos que aínda seja menor e alcançar os níveis anteriores à crise a começos de 2011, se não a finais deste mesmo ano.

Em segundo lugar, o nosso endevedamento público tem aumentado levemente do 78 ao 80%, em comparação com outros países onde se tem incrementado em mais de 10 pontos. Se tudo vai como agardamos, regressaremos à rátio do 78% a finais de 2010, ou inclusso a um nível inferior do 77 ou 76%. Portanto, mentres outros países estarão numa situação pior no que a déveda respeita, nós provavelmente estaremos numa melhor situação que antes da crise a finais deste ano.

Terceiro. A forma em que o país tem sobrelevado a crise tem fortalecido o prestígio da nossa economia internacionalmente, e isto supõe um atractivo acrescentado. As agências de avaliação global não têm degradado o índize do nosso país. No ponto álgido da crise o nosso índize foi inclusso acescentado pelo Índize MSCI dos países desenvolvidos. Ao mesmo tempo, logramos alcançar todos os requisitos de acceso para incorporar-nos à OCDE a começos deste ano, e apenas nos resta cumplimentar algumas formalidades nos próximos meses. Aínda mais: o FMI tem concedido à nossa economia qualificações muito altas, até o ponto de estar considerando recomendar a todos os países que adoptem o nosso plano orçamentário bianual.

Agora o nosso objectivo prioritário é o de tomar ventagem dos benefícios acumulados pela crise, de modo que ponhamos as bases dum forte crescimento económico nos anos vindeiros. Neste momento, estamos no processo de formular um novo plano económico, que estará concluído dois ou três meses antes de que enviemos os orçamentos para a sua aprovação.


JP: Quais são as bases principais desse novo plano económico?

YS: Antetudo, tras a crise vamos entrar num cntexto muito competitivo, dado que todos os países tratarão de reactivar as suas economias. Muitos países têm optado por transformar as suas economias da indústria tradicional a indústrias de alta tecnologia e, portanto, a competência será feroz. Doutra banda, já contamos com a ventagem da expectativa dum entorno com reducção impositiva, o qual nos fazerá mais atractivo em termos de investimento.

No novo plano económico ponheremos o foco num maior desenvolvimento e num crescimento acelerado das indústrias avançadas, quer dizer, das hi-tech num sentido amplo. Não apenas alta tecnologia no que se refire a computação e informação, senão hi-tech num amplo espectro, incluíndo biotecnologia, indústria de defesa, agrotecnologia e recursos médicos.

Para além disso, vamos apoiar o desenvolvimento de sistemas avançados e serviços tecnológicos para o mundo financieiro.
Este é um seitor grande e em auge. Queremos converter Israel num centro que proporcione também serviços tecnológicos a nível global aos bancos, instituições financieiras, companhias de seguros e banca de investimento. Estamos considerando também importar serviços financieiros e transformar o país num centro financieiro –não até o ponto de competir nesse seitor com Londres ou New York, mas sim como reforço.


JP: Que vam fazer para implementar o novo plano económico e ampliar o campo da invação tecnológica?

YS: As medidas que estamos tomando em consideração incluim regulações para estimular que as companhias estrangeiras estabeleçam filiais aqui, como já é a tendência de mais e mais companhias, não apenas dos EEUU senão também de Europa e China, que se amosam interessadas na medide em que entendem que estar na avangarda tecnológica implica ter um centro de investigação e desenvolvimento em Israel, como Google, Intel, Microsoft, Cisco ou Motorola. E não só entre as companhias de alta tecnologia, senão também nas ferroviárias, aeronáuticas ou as companhias de infraestruturas, e inclusso a banca.

Estamos estudando modificações para a Lei de Fomento de Investimentos de Capital. Estamos trabalhando com grandes científicos para promover programas que apoiem objectivos de desenvolvimento tecnológico. Temos anunciado já uma partida de um bilhão de shekls para a posta em marcha de empresas biotecnológicas de capital mixto. Vamos promover um comitê orientado a procurar soluções com as que agilizar que se fagam aqui negócios, simplificando os processos e removendo as barreiras burocráticas, incluíndo a planificação de negócios para que Israel resulte mais atractiva ao investimento exterior.

Também consideraremos benefícios impositivos e garantir programas e partidas orçamentárias para a investigação científica e universitária, num esforço por sermos mais competitivos –contrariamente ao que se passa no seitor educativo norteamericano. O Governo vem de aprovar a apertura de centros de excelência acadêmica no país com um orçamento de 500 milhões de shekls, com o que se pretende estimular o regresso de 500 professores isrealis principalmente dos EEUU.


JP: Para além do relativo éxito da economia ante a crise e o tendência à baixa da taxa de desemprego, aínda há uma boa parte da população não integrada na força produtiva e que não contribui à riqueza económica que temos desenvolvido. O último informe do Taub Center amosa que nos estamos convertendo cada vez mais numa sociedade onde alguns seitores da população, principalmente os haredim e os árabes, não estám recebendo uma educação moderna, que carecem de ferramentas e, portanto, não são capazes de integrar-se no sistema produtivo. Como afrontam este problema?

YS: Existe um problema que, para além disso, é um problema de índole social. Sim, contamos com dois seitores da população, árabes e haredim, com uma baixa participação na força produtiva, que geram pobreza e constituim um problema económico. Estou dacordo que num futuro a longo praço devemos integrar a estes dois seitores. Não temos outras opção se não desejamos que o anterior ciclo de crescimento económico promova uma fratura social aínda maior entre árabes e haredim duma banda e o resto da população doutra crescendo mais forte e obtendo mais benefícios.

Afrontar esta situação, a da integração de árabes e haredim na força produtiva, é a outra cara da moeda do nosso plano económico tras termos promovido ferramentas de crescimento. Estamos estudando o modelo de Modi’in Illit, onde se têm estabelecido centros de alta tecnologia para integrar ao seitor haredi, especialmente às muheres, com apoio do Governo. Existe uma grande vontade de integrar aos haredim, se amosam a sua cooperação, no seitor hi-tech, especialmente na franxa inferior das hi-tech, chame-se externalização ou trabalho de oficinas.

Estamos trabalhando em programas para a integração das mulheres e os homens haredim na força produtiva. Possuem boas qualidades de base e uma famosa ética laboral.O que ecessitamos é adaptar as instituições educativas e os centros de trabalho e entorno às suas necessidades, incluíndo um horário laboral adequado. Quando observamos as comunidades haredim de New York, temos que arredor do 80% trabalham, também os homens. O modelo de Modi’in Illit tem demonstrado ser um modelo válido para o trabalho duma comunidade haredi dotada duma ética de trabalho, e necessitamos adaptá-lo e desenvolvê-lo noutras partes do país.

No que respeita ao seitor árabe, o problema é diferente. A dotação dum orçamento de 800 milhões de shekls que foi aprovada pelo Governo há um mes, para que vários centros árabes criem emprego e desenvolvam a economia, é o primeiro paso nos nossos esforços. Temos disposto um fundo de 160 milhões de shekls que financiará inestimentos em alta tecnologia e start-ups no seitor árabe. Há muitos licenciados árabes que estám sem emprego e que poderiam incorporar-se ao seitor da alta tecnologia, já seja externalizando-se ou para desempenhar trabalho de oficina em companhias israelis ou estrangeiras. Estamos plantejando-nos seriamente incorporar árabes e haredim a indústrias avançadas, de modo que os seus salários também sejam acordes. A ideia é ampliar o Silion Valley israeli, actualmente localizado entre Kiryat Gat e Ashdod duma banda e Haifa doutra, a Galilea e o Negev, assim como às comunidades árabe e haredi.


JP: Um informe muito recente do Banco de Israel sinalava que, embora muita gente se está incorporando à força produtiva, o número de trabalhadores precários, que não ganham o suficiente como para sustentar a sua família, tem aumentado. Que se tem feito mal?

YS: Primeiro necessitamos observar essas cifras mais de perto. Os números isolados não nos proporcionam um quadro adequado na medida em que, por exemplo, algumas pessoas trabalham a tempo parcial e outras desenvolvem empregos ilegais, com o que os seus salários não estám necessariamente ajustados à realidade. Neste contexto, um dos principais assuntos que estamos tratando é o da reducção do número de trabalhadores estrangeiros ilegais, o que nos ajudará a crescer e reduzir as diferenças sociais durante os próximos cinco anos.

Os trabalhadores estrangeiros, sejam de Tailândia, as Filipinas ou África, estám ocupando os empregos dos trabalhadores israelis, especialmente os empregos pior pagados, como limpeça, restaurantes, hoteis e cuidado de ancianos. Estamos no segundo posto a nível mundial na percentagem de trabalhadores estrangeiros, que constituim o 8’5% da força produtiva, tras Áustria com um 11% e uma média do 5’5% os países da OCDE. Doutra banda, o  crescimento acompanhado dum grande fluxo de trabalhadores estrangeiros num país em expansão é o caldo de cultivo para aumentar a brecha nas diferenças sociais.

Em termos gerais, num sistema económico cada quem deveria ser capaz de beneficiar-se igualmente dum forte crescimento, especialmente nos trabalhos pior remunerados, seja limpador, cozinheiro ou garda de seguridade. Mentres os engenheiros de alta tecnologia durante os últimos 20 anos têm ganhado mais e mais, dado que o seu seitor cada vez ingressa mais, o seitor da limpeça, que também deveria estar ganhando mais, acha-se com o influxo de mais de 300.000 trabalhadores estrangeiros que compitem especialmente nestes trabalhos de baixo custe. Como resultado, aqueles não ganham mais, simplesmente porque se solicitam um aumento de salário, correrão o risco de serem reempraçados por mão de obra disposta a cobrar menos. Portanto, boa parte do problema da diferência sócio-económica nos últimos 20 anos pode ser explicada pela irrupção dum crescente número de trabalhadores estrangeiros, o que leva a um crescimento desigual dos salários no mercado de trabalho.

Com o preço da vivenda chegando a cifras récord durante o passado ano, no meio da escasez de vivendas, especialmente vivendas confortáveis, têm-se cursado uma série de propostas à Knesset, incluíndo a cancelação de exenções impositivas, encaminhadas a reduzir o preço da vivenda. Uma das mais recentes propostas que está sendo estudada é a cancelação dos ganhos de capital na exenção impositiva na venda de apartamentos residenciais.

JP: Contempla o Ministério de Economia a possibilidade de cancelar o imposto de ganhos de capital imobiliário? Apoia você essa proposta?

YS: Aínda não discutim esta questão com a minha equipa. Temos debates internos dentro do Ministério permanentemente, e é a nossa obriga contemplar as distintas propostas, existindo naturalmente diversas opiniões numa direcção ou outra. Mas não há nada decidido neste tema. Portanto, de momento não posso dizer se apoiarei a proposta, dado que aínda não a tenho examinada a fundo.


JP: Está o Ministério examinando outras medidas para reduzir os preços imobiliários?

YS: Temos iniciado acções e estamos observando signos de deceleração na alça dos preços da propriedade nos primeiros meses do ano. Estamos adoptando medidas para aumentar o parque de vivendas pondo no mercado mais solo. Em 2009 pugemos mais que em 2008, e em 2010, com a ajuda do Ministério de Economia, a Administração de Terras de Israel ofertará mais terrenos que em 2009.

Para dimnuir os preços da propriedade temos tomado duas medidas. Subir as taxas de interesse, que frea o atractivo de adquirir vivendas com fins especulativos. Isto pode supôr, a câmbio, uma baixada de preços na propiedade em tanto que a gente adquira vivendas porque as necessitam e não necessariamente com fins especulativos. Uma das principais razões do auge de preços no mercado imobiliário foi a baixa taxa de interesses. Quando o dinheiro está demassiado barato, a gente compra de tudo, incluíndo vivenda. Em segundo lugar, a reducção do 0’5% do VAT [IVE], que teve efecto a primeiros de Janeiro, também tem contribuído em certo modo a frear a alça de preços.


JP: Está-se produzindo uma burbulha no mercado imobiliário?

YS: Não acredito que estejamos asistindo a uma burbulha imobiliária. Não é uma burbulha, senão um incremento dos preços reais resultado da oferta e a demanda reais. Sem embargo, isso não significa que não seja preocupante; inclusso pode que seja mais preocupante. De tratar-se duma burbulha, não seria senão uma ficção. Mas aquí o que temos é uma situação real de aumento dos preços reais devido a uma diminuição real da oferta.


JP: Que nos pode dizer da utilização de vastas áreas no Negev com as infraestruturas adequadas?

YS: Essa é uma parte da reforma que estamos acometendo, e que inclui a implementação duma melhora das infraestruturas no Negev e Galilea. Tras um encontro celebrado com o Primeiro Ministro e o Ministro de Transportes aprovamos um orçamento de entre 100 e 200 bilhões de shekls dentro dum amplo compromiso que melhorará as conexões de transporte através de estrada e ferrocarril com o Negev e a Galilea. Com o qual, para além disso, contribuiremos a promover a vivenda residencial nessas áreas.



23 de Abril de 2010

21/04/10

A GUERRA DA INDEPENDÊNCIA AÍNDA NÃO REMATOU


Alguns membros do Gabinete estám na boca de todos constantemente –bem porque ostentam Ministérios significativos (Gideon Sa’ar em Educação), ou porque eles próprios promovem estar na onda (o Ministro de Indústria, Comércio e Trabalho, Binyamin Ben-Eliezer).

Outros, com não menor capazidade de influência, raramente estám no olho do furacão. O Ministro de Assuntos Estratégicos Moshe Ya’alon encabeça esse clube.

O labor de Ya’alon, tal e como ele próprio o descreve, consiste essencialmente em preparar as agendas de debate para as reuniões do Governo, especialmente nos vitais temas de índole diplomática e de seguridade. Labor que não o leva a estar, precisamente, demassiado diante das câmaras de TV; não soe haver cirimônias de curtar uma fita quando se apresenta um novo paquet de medidas políticas sobre Iran.
 
A voz de Ya’alon também não soe ser escuitada com freqüência na rádio. Sem dúvida, dos três Ministros que formam parte do “Septeto” do Primeiro Ministro Binyamin Netanyahu cujos labores não estám demassiado bem delimitados –Ya’alon, o Ministro de Agências de Inteligência Dan Meridor, e o Ministro sem Carteira Bennie Begin-, Ya’alon é provavelmente o Ministro do que menos se escuita falar.

O que não significa que não tenha um peso específico nem nada que dizer. Ya’alon tem muita influência, dada a sua posição no Septeto de Netanyahu, o reduzido foro onde as decisões supremas sobre os principais temas políticos são tomadas. Deste modo, como demonstra a seguinte entrevista, Ya’alon tem muito que dizer.

Antigo kibbutznik, alto mando da Inteligência Militar, membro do Comando Central Operativo, e chefe do Estado Maior, Ya’alon fala sobre as actuais perspectivas no relativo aos palestinianos, a Iran e à Administração dos EEUU desde a experiência.

Como cabeça da Inteligência Militar durante os primeiros dias de Oslo, Ya’alon seguiu o processo diplomático com os palestinianos desde primeira fila. E depois, como membro do Comando Central Operativo e Chefe do Estado Maior, esteve intimamente implicado no aplacamento do que ele considera o resultado do processo de Oslo: a Segunda Intifada.

Esse periplo levou à transformação de Ya’alon de ser um advogado da “paz por territórios” a converter-se num dos mais irreductíveis “falcões” do Likud. Na véspera do 62º Aniversário de Israel, o homem que alguma vez tem sido promovido como o possível sucessor de Netanyahu, afirma que Israel índa está livrando a sua Guerra de Independência contra um inimigo juramentado –não no regresso às linhas de 1967- senão com a própria existência do país como interesse fundamental. Se pelo menos, lamenta-se, os EEUU fossem conscentes de isto…

O que segue é a entrevista celebrada com Ya’alon no seu despcho de Jerusalém a semana passada.


JP: Não resulta claro que é o que os EEUU agardam de Israel. Quais são os seus requerimentos?

MY: Os EEUU são os aliados de Israel. A nossa é uma aliança profunda, estratégica, baseada em valores e interesses comuns. Mas entre os amigos dam-se desacordos que, às vezes, fazem-se públicos. Duma banda, há desacordos; doutra, um diálogo permanente.

Temos enfoques distintos derivados dum ponto de vista divergente dos desafios aos que nos enfrontamos. Cada uma das partes os contempla duma forma algo diferente.

Ouvimos que há quem na Administração dos EEUU acredita que a orige da inestablidade no Meio Leste  é o conflito israeli-palestiniano, e que, portanto, é fundamental ocupar-se de isso em rimeiro lugar, e levá-lo a uma conclusão tão rápido como seja possível. Há quem pensa que isso se pode solucionar em um par de anos, mais ou menos, baseando-se nos parámetros de Clinton.

A maioria dos que estamos no Governo temos seguido de perto o processo diplomático durante os últimos 17 anos. Temos uma visão distinta dos retos que se apresentam ante nós, e quais devem ser as prioridades no Meio Leste.

Nós não acreditamos que o conflito israeli-palestiniano seja a clave do assunto. Atrevo-me a dizer que se Israel, D’us não o queira, deixasse de existir, os EEUU e Occidente veriam-se abocados a enfrontar-se com uma oleada de yihadismo islâmico. Esse é o problema principal.

Quando temos reduzido este conflito a uma questão territorial, chame-se Líbano ou Gaza, temos que as nossas retiradas só serviram para afortalecer o yihadismo islâmico. Esse é apenas um exemplo nas divergências de perspectiva que mantemos com os EEUU.

Uma segunda diferença, obviamente, tem a ver com Iran. Nós contemplamos o tema iraniano como o mais importante.

Se devemos procurar o centro da inestabilidade, este não está no conflito israeli-palestiniano, senão no Governo de Iran. Ele é quem alimenta a oleada de yihadismo islâmico.


JP: Os EEUU não interpretam que a negativa do Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, a aceitar a generosa oferta de Ehud Olmert em 2008 foi uma falha de vontade pela banda palestiniana de alcançar um acordo?

MY: Aparentemente não. Desde os começos do Sionismo não tem existido uma dirigência palestiniana disposta a reconhecer o direito de Israel a existir como fogar nacional do Povo Judeu. Esta é a orige do problema, e não o que se denominam “os territórios ocupados desde 1967”. A oposição ao Sionismo já começara muito antes de que libertássemos Judea, Samaria e Gaza; antes inclusso de que nos estabelecéssemos como Estado.

A fim de poder estabelecer um pronóstico adequado, necessita-se um diagnóstico adequado. Nós debatimos –e não apenas com eles, senão com a esquerda israeli- sobre qual é a razão do problema. Parte da questão, que influi na postura dos EEUU e de Europa, é a nossa própria confussão interna.

Eu também cheguei a acreditar que a solução era territórios a câmbio de paz, até que formei parte da cúpula da inteligência militar, observei as coisasmais de perto, e o meu modo de pensar experimentou uma evolução.


JP: Mas como conjugar sermos judeus e democráticos? Existe uma maioria que acredita que neste ponto temos que marcar uma separação.

MY: Em primeiro lugar, nós figemos uma “desconexão” política em Judea e Samaria, e física em Gaza. A política do Governo Netanyahu consiste em que não queremos dirigir os seus destinos. Mas que não queramos dirigi-los não implica que tenhamos que retirar-nos às fronteiras de 1967 –que são umas fronteiras indefendíveis; ou que tenhamos que dividir Jerusalém para dar acomodo nesta cidade aos francotiradores de Hamas.


JP: O Primeiro Ministro manifestou que ele está preparado para os dois Estados. E você?

MY: O que ele dixo é que não queremos dirigir os seus destinos. E, como afirmou na Universidade de Bar-Ilan, se ao final do dia desejam reconhecer o direito a um fogar nacional dos judeus, que os refugiados nunca regressarão a Israel, que a sua entidde política debe ser desmilitarizada, e oferecem garantias internacionais em tal sentido, e que o acordo significaria o remate do conflito, daquela você pode denominá-lo como queira: Estado, ou inclusso Império.

Estamos ansiosos de avançar em Judea e Samaria com o Governo de Abu Mazen e Salam Fayyad. Mas com tal motivo não temos por que repegar-nos às fronteiras de 1967 ou dividir Jerusalém. Não temos por que colocar-nos numa situação de perigo novamente.

Existe uma negativa geral –incluíndo a Fayyad- a reconhecer o vínculo entre o Povo Judeu e a Terra de Israel. Ele dou uma charla numa conferência interconfissional em New York dois anos atrás sobre a santidade de Jerusalém, e nela falou de como Jerusalém era sagrada para a Cristandade e o Islám. Como é possível negar o vínculo entre o Povo Judeu e Jerusalém? Como?

JP: Tem observado você algum câmbio nessa actitude recentemente?

MY: Não, não há câmbio algum. Existe um câmbio táctico. Têm-se decatado que o terrorismo não leva a nenhuma parte –especialmente depois do 11-S. É preferível caracterizar isto como oposição à ocupação, algo mais convincente no mundo postcolonial, porque aqueles que desconhecem os detalhes do que se passa aqui acreditam que somos uns colonialistas, e negam que este fosse o nosso fogar 3.000 anos atrás.

Aqueles que querem continuar com o processo de Oslo, os que querem que sigamos entregando, entregando e entregando, sem um compromiso por parte dos palestinianos a reconhecer o nosso direito a um fogar nacional, estám cooperando com o projecto planificado de destruir a Israel.

Antes de Annapolis, não há pois demassiado tempo, Abu Mazen –a cabeça visível desse Governo considerado moderado- recebeu uma proposta de Olmert para que ao final dessa Conferência assinassem uma Declaração que proclamasse os “dois Estados para dois Povos”. Abu Mazen não quixo.

Saeb Erekat foi perguntado por essa negativa em “Al Jazeera”, e a sua resposta foi: o Povo Judeu não existe; o Judaísmo é uma religião; por que uma religião haveria de ter um Estado?


JP: Os críticos com Israel afirmam que expandir os assentamentos favorece aos extremistas palestinianos e arruina qualquer esforço de que os palestinianos reconheçam o nosso direito a estar aqui.

MY: O Primeiro Ministro dixo antes das eleições que pretendia asumir os compromisos do anterior Governo, entre eles o acordo entre Bush e Sharon de que nenhum novo assentamento seria construído em Judea e Samaria, e que a construcção nos assentamentos seria autorizada para fazilitar o desenvolvimento duma vida normal, não exactamente o crescimento natural. Essa foi a interpretação, e a construcção continuou durante os Governos de Olmert e Sharon.

Aínda mais, Netanyahu dixo que manteríamos o nosso compromiso de desmantelar 23 postos avançados que foram qualificados pelo Governo de Sharon como ilegais. Ele aceitou tudo isso, até que ficou claro que a Administração dos EEUU não quer saber nada dos compromisos da sua Administração anterior.

Em segundo lugar, rechaçamos frontalmente o argumento de que os assentamentos são a razão de que no haja paz. Acredito que Arafat estava ansioso de acudira Oslo devido aos assentamentos. Quando contemplara a massiva aliya dos russos aos assentamentos, pensara que o ía perder tudo.

Mas se estamos falando de coexistência e paz, por que essa insistência em que o território que recebam deverá ser limpado etnicamente de judeus? Por que essas áreas têm que ser Judenrein? Acaso não vivem árabes aqui, no Negev e na Galilea? Por que isso não forma parte do nosso debate público? Por que isso não clama aos céus?


JP: Realmente quer você que haja judeus vivendo sob a autoridade dos palestinianos? Isso é realista?

MY: Em primeiro lugar, estamos muito longe disso. Não mo plantejo. Eu refiro-me a que haja judeus que vivam em Judea e Samaria baixo soberania e cidadania israeli. Por que haveria de ser impossível essa solução se estivermos verdadeiramente dispostos a alcançar a paz e a coexistência?


JP: Acredita você seriamente que se permitiria aos judeus viver ali sob soberania israeli numa futura entidade palestiniana?

MY: Em Judea e Samaria, se estamos falando de paz, existe sítio mais que suficiente para judeus e árabes. Se estamos falando de guerra, é mais complicado. Quanto espaço aberto temos em Judea e Samaria? Não pouco. Que percentagemd esse território controlam os judeus? O 5%. Vai depender tudo de isso?


JP: Desde o seu ponto de vista, não haverá necessidade num futuro de evacuar nenhum assentamento?

MY: Nenhum. Nem sequer quero ouvir falar de retiradas territoriais numa época na que a retirada do Líbano fortaleceu a Hezbolá, e a retirada de Gaza fortaleceu a Hamas até o ponto de termos aí ao lado a segunda República Islâmica do Meio Leste –a primeira em Iran, e a segunda em Gaza: Hamastan. Isso opõe-se aos nossos interesses estratégicos, e aos interesses estratégicos de Occidente.


JP: Assim as coisas, achamo-nos completamente isolados, e os palestinianos não têm mais que sentar-se a esperar que os EEUU movam ficha e nos imponham algo.

MY: Primeiro, não estamos completamente isolados. A questão neste momento é se existe um sócio disposto a reconhecer o nosso direito a um fogar nacional aqui. Essa é a clave. Aí é onde cumpre situar a discussão; não na construcção nos assentamentos ou em Jerusalém Leste.


JP: Mas isso não está acontecendo.

MY: Dacordo, mas nós como Governo temos que pôr tudo da nossa parte para lograr que esse seja o tema de debate com o EEUU e com os europeus. Para os estadounidenses pode que isto seja um assunto mais entre outros muitos dos que existem no mundo. Para nós, é uma questão existencial. Temos que enfrontar-nos a isto e sermos insistentes neste ponto.

Tratamos de evitar um conflito com a Administração dos EEUU. A moratória dos assentamentos foi uma aposta unilateral sem renunciar –pois não se trata dum congelamento indefinido- mas também para evitar um conflito. Mas agora estamos observando que não serviu de muito.

Mas também existe uma questão de falha de confiança entre nós e os EEUU. Ouvimos dizer à Secretári de Estado, tras a nossa declaração da moratória, que era um passo sem precedentes, e que a pelota passava a estar no campo dos palestinianos.

Que passos têm dado desde então os palestinianos para avançar na negociação? Que têm feito? Durante todo um ano não têm feito nada por avançar no processo e, de súpeto, a pelota está de volta no nosso campo com a excusa de 1.600 apartamentos que seguiam o seu curso burocrático em Jerusalém?


JP: Isso não reflicte uma profunda distância com a Administração dos EEUU?

MY: Não pretendo ocultar as distâncias conceituais, existem diferenças.


JP: E a direcção da Administração norteamericana não é a de nos impôr algo a nós?

MY: Se alguém acredita que nos pode impôr a paz dessa maneira, é que estám totalmente desvinculados da realidade. Espero que isso não suceda. Esta é uma questão existencial na que temos que insistir. Necessitamos falar, continuar com o diálogo, mas existem diferenças significativas em como vemos as coisas.


JP: Que se passará se Obama se ergue em Setembro e diz: este é o nosso plano? Como têm vocês pensado reagir?

MY: Têm existido muitos planos no passado, muitas propostas, e nenhuma de elas chegou ser implementada. Espero que não cheguemos a isso.

Se o mundo árabe percibe que os EEUU volvem a espalda a Israel, daquela a provabilidade dum estourido de violência será maior. Portanto, necessitamos seguir falando, compartir os nossos pontos de vista, e evitar o tipo de situações sobre os que temos estado lendo nos jornais nestes últimos dias.


JP: Fala você da possibilidade dum renovado estourido de violência. Contamos com a suficiente coesão interna, quando há gente dizendo que a política do Governo nos assentamentos conduzem a problemas com os EEUU e, talvez, à guerra?

MY: O questionamento interno é sem dúvida um reto. Quando a gente me pregunta qual é o maior reto a nível interno, sempre respondo com a mesma palavra: a confusão. Temos comprovado que quando existe unidade interna e consenso, não se dá a pressão exterior. Vimo-lo tras o discurso de Bar-Ilan. No tema dos assentamentos não há consenso e, portanto, não é uma coincidência que os EEUU se tenham aproveitado dessa questão.


JP: Sobre Jerusalém existe consenso, mas assim e tudo os norteamericanos estám exercendo pressão.

MY: Escuitam-se distintas vozes dentro do Partido Laborista e isso causa-nos um grave dano.

Muitos dos nosos desacordos internos rematam com us botando-se a culpa aos outros. Muitos dizem que Oslo fracassou pela nossa culpa, porque não entregámos o suficiente…Este é um fenômeno occidental, especialmente judeu. E é perigoso.


JP: A maioria da gente no país não acredita que Oslo fracassasse pela nossa culpa. Mas há muitos que acreditam que não deter os assentametos é complicar mais a nossa situação.

MY: Esse é a função do liderádego, e o labor da educação. Necessitamos explicar os retos aos que nos enfrontamos, contra o que nos situamos, e aquilo pelo que queremos lutar e conseguir.

Esta é uma luta existencial –a Guerra de Independência não tem rematado. Desde uma perspectiva histórica, todas as guerras nas que combatímos, desde 1948, e aínda antes do estabelecimento do Estado, até agora, são parte da Guerra de Independência pela existência dum fogar nacional para o Povo Judeu tras 2.000 anos de exílio.

Não podemos ceder em Jerusalém. Que é Jerusalém? É Sion. Por que veu aqui a mnha mãe tras o Holocausto, por que os meus avós vinheram aqui em 1925? Vinheram a Sion. Pela banda da minha dona, os seus avós abandoaram Marrocos e vinheram aqui em 1897 tras caminhar durante mais de doi anos. Outros antepassados de meu vinheram no século XVII. Por que aqui?


JP: Mas há quem diz que Sion não é necessariamente Isawiya ou Abu Dis.

MY: Ninguém é quem de dar-me lições de compromisos territoriais, porque eu era um abandeirado até Oslo.

Crescim num entorno preparado para as concessões territoriais. Estava listo para o compromiso territorial que estabeleciam as linhas de Oslo. Mas depois ficou claro que não tinhamos um sócio, inclusso entre aqueles considerados moderados.


JP: Mas como vai propiciar uma situação que os ajude a cambiar de enfoque e que reconheçam o direito dos judeus a estar aquí? Acrescentar os assentamentos não ajudará a que cambiem de enfoque.

MY: Por que lhes haveria de molestar que se construa mais dentro de Gush Etzion ou em Ariel? Nenhum novo assentamento está sendo desenvolvido, nenhum outro território está sendo ocupado. Qual é o problema? Não tinham essa preocupação nos dias de Olmert ou Sharon. Por que agora de súpeto?

Não estamos expandindo o território, ou construíndo novos assentamentos. Mas eludem essa realidade. E eu sei o por que.
Porque é mjuito cômodo para Abu Mazen seguir assim indefinidamente sem alcançar uma solução. Porque seele quigesse alcançar uma solução já o poderia ter feito com Olmert. Mas quando Jackson Diehl lhe perguntou no “The Washington Post” pela oferta de Olmert, manifestou que as diferenças eram insalváveis. Não perdamos a perspectiva do que estamos a falar.


JP: Pode que seja porque prefire uma solução imposta?

MY: Bem, mas isso é contra o que nós temos que combater, politicamente –em termos de hasbará [diplomacia]- tanto em casa como de portas a fóra.


JP: Pois não estamos tendo éxito.

MY: Mas que não tenhas éxito não implica que tires a toalha. Cumpre não nos render. Acredito que se cedemos neste ponto entraremos numa esbaradiza pendente. O islamismo yihadista fortalece-se com as nossas retiradas. Isso é o que se passou com Hezbolá e Hamas. E também não será de ajuda para os soldados estadounidenses em Afeganistão e Irak.


JP: Está muito preocupado pelo argumento que se vem escuitando cada vez mais nos EEUU de que estamos pondo em perigo as vidas dos soldados estadounidenses?

MY: Isso é antetudo e essencialmente uma manipulação, para além duma mentira. A verdade é precisamente tudo o contrário. Se nos vem resistir firme contra o yihadismo, contra Hamas e Hezbolá, isso beneficia os interesses dos EEUU. Se nos vem débeis, seja em Líbano, Gaza ou em Judea e Samaria ,isso perjudica os interesses dos EEUU.

Temos claro que a autêntica ameaça hoje em dia, e o que deve constituir a mais alta prioridade para todo o mundo, não é o assunto palestiniano-israeli, senão o de Iran. Inclusso antes de que Iran poida ter capazidade nuclear, tem alimentado o terrorismo, tem-lhe dado apoio e sustento. Outro tanto está a fazer no pátio traseio dos EEUU, em Sul América. O vínculo entre o chavismo e o yihadismo avança devagar, mas já se tem extendido a cinco países.

Quando falamos da ameaça nuclear iraniana, o que é evidente é que necessitamos firmeza em Occidente. Não se trata de Israel contra Iran, como desafortunadamente vejo nos titulares da CNN. É os EEUU, a civilização occidental contra Iran.

Acreditamos que o Governo iraniano deveria ter afrontado há tempo o seguinte dilema: a bomba ou a vossa supervivência. Esse é o dilema, e deveríades plantejar-vo-lo antes de desenvolver a opção militar. Mas isso tem que ir sustentado na determinação de Occidente, na unidade de Occidente, no isolamento diplomático, nas sanções económicas e, de fundo, numa opção militar acreditável.


JP: Quais são actualmente os dirigentes mais decididos no que respeita a Iran?

MY: Pensamos que França actualmente está na política correcta, e a Grande Bretanha. São concentes da imensidade do desafio.


JP: E Obama?

MY: Tem sucedido algo que nunca víramos no passado. Antes os EEUU encabeçavam a linha agressiva. Hoje, como dixem o Presidente de França e o Primeiro Ministro da Grande Bretanha têm uma linha mais agressiva que o Presidente dos EEUU. E depois temos a lmanha e Itália, que estám alinhados com a posição dos EEUU.

Não acredito que nenhuma potença mundial queira ver um Iran nuclearizado.


JP: Daquela por que não fazem mais?

MY: Existem interesses muito complexos. No caso de Rússia e China tem a ver em parte com a sua política nacional face os EEUU; o jogo das superpotenças.

Em parte tem a ver com uma interpretação não escrita, com o modus vivendi, que penso que se dá entre Rússia e Iran: “Nós ajudamos-vos neste tema, e ós não nos causades problemas nas repúblicas islâmicas” -algo que semelha que agora sim que estám fazendo os iranianos. Olhemos a Kirguizstan, e também não me surprenderia que o renovado terrorismo em Chechênia tenha algo a ver.

No caso dos chineses existe uma consideração de índole energética, pois dependem do subministro petrolífero. E neste tema temos boas novas. A começos deste ano, segundo as estatísticas, a demanda de petróleo em China procedente de Iran caiu um 40%. Arábia Saudi e os países do Golfo Pérsico estám proporcionando alternativas a China.


JP: Você não acredita que uma nova rolda de sanções económicas da ONU vaiam lograr que Iran detenha o seu programa nulear. Que o poderia lograr?

MY: Antetudo, agardo que este não seja o passo prévio a colocar ao Governo iraniano ante  dilema de bomba ou supervivência. Agardo que o mundo livre siga emprendendo este tipo de passos face Iran. E, como dixem, uma opção militar acreditável sempre tem que figurar na recâmara…Aqueles que pretendem evitar o uso dessa opção devem esforçar-se no isolamento diplomático e nas sanções económicas.

Para além disso, estám tendo lugar acontecimentos dentro de Iran. A economia iraniana está numa situação muito problemática. O Governo já está tendo que afrontar a questão de recurtar subsídios, o que por sim próprio pode dar pê à inestabilidade.

E, depois, está a oposição…É uma oposição desorganizada, mas muito autêntica e enérgica, e à que não lhe gosta o Governo dos ayatolás.

Segundo a nossa interpretação, a maioria dos iranianos não quer um Governo islâmico yihdista. Portanto, desde uma perspectiva histórica, este Governo não sobrvivirá pr sempre. Mas o vínculo entre o armamento não convencional e um regime não convencional é muito perigoso e velenhoso.

Olhemos o Encongtro Nuclear de Washington… Donde procederá o material nuclear que utilize o terrorismo, se não é deste tipo de regimes? Esta é a grande questão –que um regime deste tipo, messiânico/apocalíptico, e que tem como objectivo estratégico a imposição do Islam sobre o planeta- poida utilizar aliados com bombas deste tipo contra os EEUU, Europa e Israel.


JP: Daquela não acredita você que nos vaiam atacar directamente, mas que existe um perigo de que poidam dotar de capazidade nuclear a um actor não-estatal?

MY: Essa é, sem dúvida, a sua primeira opção.


JP: Preocupa-lhe muito que os EEUU sejam tíbios ante a ideia dum Iran nuclear?

MY: Tem que preocupar-nos.


JP: Há gente pensando em como deter a Iran no caso de que consigam a bomba?

MY: Dum modo ou outro, o projecto nuclear iraniano tem que ser abortado. E não nos plantejamos qualquer outra possibilidade.


JP: Deveria ser abortado, mas pode que não o seja, e então daquela que?

MY: Deveria ser abortado.


JP: E se outros não o fazem, teremo-lo que fazer nós?

MY: Sempre digo que não deveríamos liderar o tema de Iran, porque na realidade não é só um desafio para Israel, senão para todo o mundo livre. Portanto temos que agir, preferentemente, como aqueles cujo trabalho tem que ser desenvolvido por outros. Doutra banda, também necessitamos estar preparados para agir dacordo com a máxima: “Se não miro por mim, quem o há fazer?”.


JP: Descreve você uma situação, tanto no que atinge aos palestinianos como aos iranianos, na que pensamos que os EEUU acreditam que sabem melhor que nós quais são os nossos interesses, e na que, porém, estamos tratando de convencer aos EEUU de que é o que lhes convém.

MY: Fixe-se, nós vivemos no Meio Leste. Posso dar testemunha, como alguém familiarizado nas relações com os EEUU durante muitos anos, que houvo muitas vezes nas que sim, nas que tivemos que explicar aos EEUU oque realmente estava sucedendo, e qual era a forma adequada de fazer as coisas Olhe, se não, todos os erros que os EEUU têm cometido nos últimos anos.


JP: Por não nos fazer caso?

MY: Sim, porque não ns escuitaram. Em Irak, ao começo, não quigeram assessoramento. O mesmo que em outras questões, como o tema israeli-palestiniano.

O antigo enviado dos EEUU, Anthony Zinni, veu aquí em 2002 e dixo que o terrorismo era devido aos controlos nas estradas…Nós vivemos aquí e experimentamos em primeira pessoa os problemas. Se não ives aquí, se vs de visita, daquela rematas dizendo: “Oh, o problema são os controlos nas estradas. Eliminemo-los a não haverá mais terrorismo”. Mas antes do 2000, não havia controlos entre Jenin e Hebron, apenas no perímetro…Portanto, ninguém pode vir e dizer-me que o terrorismo é devido aos controlos nas estradas. Os controlos nas estradas estám aí devido ao terrorismo. Se não houver terrorismo, não haveria controlos ns estradas.


JP: A Administração dos EEUU está disposta a escuitar?

MY: Alguns sim; com outros não me vejo capaz.


JP: Agardam os EEUU da nossa parte uma resposta por escrito às suas exigências sobre Jerusalém Leste e as convrsas de aproximação?

MY: As tensões têm remitido…Na minha opinião necessitamos…desprender-nos dos paradigmas de Oslo que têm enraizado durante 17 anos.

Mas gente como Olmert e Sharon fortaleceram a impressão de que éramos capazes de mover as fronteiras unilateralmente. A reacção dos EEUU agora é parcialmente o resultado a política dos anteriores Governos.

Não existe ma só pessoa no Septeto que acredite que é possível alcançar um acordo permanente segundo essa fórmula no futuro próximo. Nem uma só.

A dificuldade vem dada porque, para além do fracaso, seguimos ancorados nesse paradigma, que é o dominante nos mass media, no seitor acadêmico, e na areia internacional. Israel, conforme aos resultados eleitorais, tem sentado a cabeça. Mas esse paradigma aínda segue activado, e é o dominante. Isso explica a pressão exercida sobre o Primeiros Ministros.


JP: Opõe-se você a uma extensão na moratória de construcção de 10 meses nos assentamentos?

MY: O Primeiro Ministro opõe-se. Dixo-o claramente. A decisão foi por 10 meses, e expira o 27 de Setembro. Tras ela voltaremos imediatamente à fórmula de construcção que foi acordada entre Bush e Sharon, em base à qual Sharon aceitara a Folha de Ruta. E Jerusalém está fóra de iscussão.


JP: Te vocêambições políticas mais elevadas?

MY: Gosta-me centrar-me no trabalho diário. Quando era o chefe dum comando, gostava-me ser o melhor chefe de comando. Quando comandei uma companhia, queria ser o melhor comandante de companhia. Quando entrei no Exército não acreditava que remataria sendo Chefe de Estado Maior, nem sequer um oficial. A vida tem-me levado até onde estou. E na actualidade sigo igual. Não fago declarações nem me preocupo por esses temas. Trato de fazer o trabalho que tenho encomendado da melhor forma possível.


JP: Esta conversa tem sido um tanto deprimente. Onde está o rao de luz?

MY: Naturalmente, quando falas de desafios e ameaças, falas sobre a metade do vaso que está vazia. Mas quando observamos tudo o que temos logrado até aquí, inclusso como aínda estamos lutando pela nossa independência, não é nenhuma insignificância.

Seja na esfera económica, ou na da ciência, a tecnologia, a cultura ou o espírito, a copa está cheia. Temos tremendos logros; às vezes semelha miragroso que em 62 anos tenhamos criado tudo isso numa terra onde temos leite e mel, mas não petróleo, oiro, ou nem sequer água, que temos que desalinizar ou reciclar para a agricultura.

E esses logros devem-se a duas coisas: o cerebro e o coração, o conhecimento e o espírito. Isso é o que possuímos. Isso é o que os judeus possuíram durante miles de anos, e isso é o que temos aquí.

Se algo temos que fortalecer neste 62º Yom Ha’atzmaut é o espírito. Que tem sido erosionado, numa época na que as dimensões físicas são tã fortes.

Desgraçadamente, ouvimos manifestações –já desde o Governo anterior- de que o tempo não está do nosso lado. Ouvimo-lo inclusso hoje em dia. A minha resposta é que os pais do Sionismo soiam dizer que o tempo está do lado dos que tomamventagem respeito a ele. Igual que nós tomámos ventagem no passado, também devemos tomar ventagem no futuro, para construir, para crescer, para desenvolver-nos em todas as esferas. Estou convencido de que podemos fazê-lo, orque já fumos quem de fazê-lo no passado. Apenas necessitamos continuar.