02/04/10

RENUNZIAREI AOS BAGELS

Moisés foi despreçado pelo Faraão, Netanyahu por Obama. Ambos dirigentes foram ninguneados para além da sua importância.

Queridos leitores, alguns de vós sabedes que padeço de opsomania, que consiste no gosto desmedido por um determinado tipo de comida. No meu caso, pelos bagels. Portanto, não posso negar que em pleno Pesaj lamento profundamente ver-me privada deste delicioso carboidrato e que o meu espírito se sinte esmagado como uma delgada torta de matzo.

Mas o Pesaj não consiste em eliminar o pão da ementa nem em fazer desaparecer até a mais minúscula migalha da nossa neveira, do nosso veículo, dos nossos caixões, ou de qualquer outro sítio no que poidam ter ficado alguns resíduos procedentes do forno. A um nível mais profundo, Pesaj é o momento no que devemos adicar uma olhada introspectiva a nós próprios, para limpar as nossas migalhas residuais no espírito, e comprometer-nos a fazer as coisas dum modo diferente no sucessivo.

A levadura que fai inflar o pão é semelhante ao orgulho das pessoas e ao boato com o que alimentamos o nosso ego nas nossas desorientadas vidas. As matzos apenas chamam nunca a nossa atenção, já seja a visual ou a olfativa. Tudo a quanto remitem desprende humildade. Mas, sinceramente, são um recordatório necessário para a gente que, embebida no seu próprio bem estar, esquece que em qualquer momento o curso das coisas se pode torzer. O destino dum judeu pode invertir-se apenas num instante.

A passada semana, mentres observávamos ao Presidente Barack Obama e o Primeiro Ministro Binyamin Netanyahu, vinha-se-me à cabeça este facto. E, arrepiantemente, nas vésperas do Pesaj, a história semelhava repetir-se.

Houvo uma vez um dirigente chamado Moisés, que chegou ante o Faraão e dixo: “Deixa marchar ao meu Povo!” Mas o coração do Faraão estava enchido de vanidade, ego e orgulho. Embora se lhe apresentara a oportunidade, uma e outra vez, de agir correctamente, desprezou a Moisés e a D’us. Era, figuradamente falando, um bagel repleto de levadura. Mas os egos são um pésimo andamiagem, e o império egípcio desmoronou-se. Netanyahu, à sua vez, chegou aos pátios de colunas de Washington DC com uma mensagem semelhante, na procura de alojamento para os judeus em Jerusalém, dizendo basicamente: “Deixa ao meu Povo crescer!”. O Primeiro Ministro foi recebido com a mesma actitude altiva e arrogante que o teria feito um genuíno inimigo do Povo Judeu, um desdém que ía para além de qualquer mínimo protocolo, decência e parecido com o que entendemos por amizade.

Queridos amigos, o momento é tão delicado como um matzo. Esta noite é em verdade diferente a todas as outras noites em tanto que a relação entre os EEUU e Israel chega aos seus níveis mais baixos, mentres Iran projecta a sua lóbrega sombra sobre o pequeno Estado Judeu. Rezemos pelo bem das nossas vidas que Obama aprenda algo do que representa o humilde matzo, e atenue a sua actitude face a mais acérrima aliada dos EEUU no Meio Leste. Como fixo Netanyahu, qual se se tratasse de Moisés, imploro-lhe que siga o curso, para além das pressões a que se veja submetido, para que D’us o ilumine e abençoe a Terra Prometida.. Se o Presidente dos EEUU tivesse passado menos tempo escuitando os discursos inzados de ódio do seu Reverendo e algo mais lendo as Escrituras, teria aprendido que o pão botado sobre as águas remata por refluir na tua contra. Mas, como queira que isto é assim, que Obama siga se o deseja doblegando-se e humilhando-se ante outros dirigentes estrangeiros como se for uma geisha. Não acredito que se vaia amosar muito surprendido quando o D’us que vela por Israel o reclame para que se postre ante Ele de xeonlhos.


ALIZA DAVIDOVIT

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