05/10/09

ASSASSINAR E MATAR SEGUNDO O JUDAÍSMO




Entre os Dez Mandamentos, dois cumprem ser analisados claramente aparte. Todos os demais vam referidos exclussivamente aos judeus: não codiciar a mulher doutro judeu, ou dar falsa testemunha contra ele, etc. Mas dois dos mandamentos são aplicáveis aparentemente a todo o mundo. Não assassinarás e não roubarás.

Os rabinos sugirem que o roubo em questão refere-se ao que actualmente entendemos por seqüestro. A sua lógica, embora não necessariamente certa, é coerente: pressumivelmente, a violação de qualquer dos Dez Mandamentos constitui um crime capital, mas o roubo habitualmente não é castigado com a morte, e portanto esse mandamento debe ir referido mais bem a um tipo específico de roubo, o único penável com a morte –o seqüestro. Poderia-se argumentar, deste modo, que contrariamente ao hurto, o roubo põe em perigo a vida do que o perpetra. Poderia ser morto legalmente se entra numa casa pela noite ou a sua vítima percebe uma ameaça de morte. Mas trate-se de seqüestro ou de roubo, o mandamento só é aplicável aos congêneres judeus: explicitamente no primeiro caso, implicitamente no segundo. Sem dúvida, só é factível roubar aos vizinhos, e não aos que vivem em nações distantes –e a Torá concebe uma sociedade na que os únicos vizinhos arredor sejam judeus. Roubar às nações distantes só é imaginável como parte duma guerra (uma guerra pela que se opta, mais que uma guerra obrigatória), e a Torá não só o sanciona senão que o recomenda.

No relativo ao assassinato, a Torá escolhe cuidadosamente uma palabra distinta a “matar”. Só o assassinato está proibido, não matar genericamente. A palabra hebrea para “assassinar” é uma desinência raíz relacionada com “procurar, desejar”. Assassinar é um acto apassionado, mentres que matar é algo de necessidade ou justiza. Estamos autorizados a matar animais para comer, mas não a assassiná-los na prática da caza recreativa. Não existem restricções à hora de matar inimigos e criminais. Como o resto dos Dez Mandamentos, a proibição do assassinato (passional) só é aplicável entre judeus, porque as passiões só se dam a nível individual, como fenômeno intra-grupal; hoje em dia, não odiamos já aos alemães. Em nenhuma parte da Bíblia aplica-se a palabra “assassinar” referida a outras nações; semepre denota um acto acaecido no entorno do mundo judeu.

A Torá não regula o trato a dar às nações inimigas. A piedade está permitida num só caso: à mulher capturada a uma nação inimiga deve-se-lhe permitir o luto durante um mes pela sua família antes de ser submetida ao homem que a tenha capturado. O caso é eloqüente: é digna de piedade porque vai casar com um judeu e, portanto, converter-se em judia. Não entro a valorar se é bom matar civis inimigos; do que se trata é de que a Torá não põe objecção alguma a fazê-lo. Logicamente, não tudo está pormenorizado na Torá: limpar os dentes é bom, mas não o põe em sítio algum da Bíblia. Ora bem, agardamos que as proibições morais mais significativas si que figurem no Livro. Aínda mais, a Torá ordea aos judeus muito especificamente que matem a todos os varões adultos inimigos. Isto não implica a presumpção de que todos os varões da população inimiga vaiam lutar contra nós: as mulheres freqüentemente ajudam na defesa, mas não são matadas, mentres que os ancianos, que carecem claramente da fortaleza física para participar na defesa, sim que são mortos sem problema algum. O critério clave é, portanto, se os supervivintes podem ser assimilados ou não pela nação judia.


Nisto, como em tudo, a Torá está no certo. A proibição actual de matar civis inimigos é absurda –para além de que nunca tem sido observada. Seria muito singelo apelar ao exemplo do bombardeo massivo sobre Dresde, onde justiza e vinganza mesclaram-se intimamente, embora com lamentável insuficiência. Consideremos um exemplo muito mais contundente: os israelis matando mulheres e rapazes árabes, como temos feito em muitos episódios. Não como dano colateral dos raids aéreos, senão como objectivo primordial e dum modo do que alguns preferiredes não ter que lêr. E o que é mais interessante: os judeus que o figeram –ao igual que os que têm fusilado prisioneiros de guerra- seguem levando vidas absolutamente normais. Igual que imagino que os ántisemitas europeus quando regressavam dos seus criminais progromos chegavam a casa e se comportavam como decentes pais de família. Porém, se observades aos assassinos e os criminais comuns, geralmente, são pessoas com caracteres degenerados.

Isto é precisamente o que a Torá nos diz: os seres humanos estám submetidos à proibição intrínseca de assassinar aos seus vizinhos. Pode que seja uma proibição endével, mas está aí desde sempre. É um rasgo evolutivo: nenhuma sociedade pode tolerar que haja assassinos no seu seio. Sem embargo não sucede o mesmo com o facto de matar pessoas alheias: não existe nenhuma razão evolutiva para reprimir-se nesse sentido. Na competição inter-grupal, eliminar estrangeiros é um patrão de conduta beneficioso. Quanto mais fazilmente a gente se despoja da sua falsa moralidade e mata estrangeiros a instâncias do seu Governo, mais em evidência fica o ánti-natural da proibição de matar. A sua volta à normalidade em apenas uns dias –às vezes em poucas horas- depois de matar, confirma a ausência de qualquer conflito moral.

Moisês –não D’us- mandou aos judeus matar aos seus familiares que adouraram o becerro de oiro. Ostensivelmente, é dificil cair mais baixo que matando aos próprios familiares. Sem embargo, Moisês dixo-lhes que contavam com a sua benção. Matar por uma boa causa não fica imune de condeia, mas pode ser um rotundo logro moral.

Não é possível reemprazar a Torá com as Convenções de Genebra.


OBADIAH SHOHER

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