05/10/09

ESQUERDA E IDIOTAS ÚTEIS


Já por várias vezes tenho defendido a tese de que a mal disfarçada simpatia da esquerda ocidental com o islamismo e os fenómenos ditatoriais do nosso tempo, desde Castro a Chavez, a par do cada vez mais gritante anti-semitismo, disfarçado de “anti-sionismo”, busca raízes no próprio âmago das ideologias que brotaram do marxismo, nomeadamente no ódio visceral ao capitalismo e à cultura e civilização que lhe estão associadas. A nível filosófico não é difícil demonstrar esta tácita aliança.


Mas também é verdade que a generalidade das pessoas de esquerda conhece tão bem as “teologias” socialistas e comunistas, como a generalidade dos católicos conhece os meandros da doutrina em que acredita. Ou seja, mal.

É aliás por isso que tanta gente vota no Bloco de Esquerda. Pura e simplesmente não sabem o que é o trotskismo, nunca ouviram falar da 4ª Internacional e votam por simpatia, porque o “Louçã fala bem” e “diz as verdades”.

Assim sendo, não é por fanatismo ideológico que as pessoas de esquerda, de um modo geral, tomam partido pelos islamistas, pelos palestinianos, pelos imigrantes, por Chavez, etc, contra os “poderosos”, os judeus, os americanos, etc.

A razão fundamental é aquilo que Lenine identificou como a psicologia do “idiota útil”, aquela pessoa que é basicamente um "emo", que está sempre do lado daqueles que percebe como mais fracos, seja qual for a solidez ética e moral da sua posição.

Para esta gente, os que se apresentam como fracos têm sempre razão. A fraqueza é sinónimo de virtude. Falta-lhes portanto uma bússola moral.


Não são cínicos…é gente geralmente bem intencionada, que quer fazer o bem, cujo coração sangra genuinamente. O problema é que, numa dada situação, não são capazes de identificar correctamente onde está o bem e o mal.
Daí o recurso imediato à grelha marxista das dicotomias maniqueístas: o fraco é o bom, o palestiniano é o bom, o pobre é o bom, o africano é o bom, o proletário é o bom. Os maus são automaticamente os ricos, os fortes, os brancos, os burgueses, os ocidentais, os capitalistas, os judeus, etc.

É esta confusão moral que os leva a estar do lado dos ditadores, desde que estes sejam contra o Ocidente. Se são contra o Ocidente, então são “bons” e nas suas cabeças não entra facilmente a consequente dicotomia entre os tais “bons” e o seu próprio povo oprimido. Por isso ignoram-na.

O conflito israelo-árabe, ilustra bem esta tese. No início Israel era a parte fraca, atacada por milhões de árabes façanhudos. O povo de esquerda estava com Israel, porque quem tinha os carros de combate eram os árabes e, por isso, não podiam ser os “bons” nem ter razão.

Hoje são os israelitas que têm F-16, ao passo que os árabes da Palestina têm “só” Kassans e Katiushas. Isso basta para demonstrar que os “culpados” são os israelitas e que nenhuma razão lhes assiste.

Não é que esta gente de esquerda seja ideologicamente anti-semita. Eles próprios o negam e fazem-no com sinceridade. São simplesmente naives e falhos de capacidade de julgamento moral. Também não são ideologicamente totalitários, e negam sinceramente que tenham alguma agenda similar a Fidel Castro, a Chavez, etc.

Acabam por ser objectivamente anti-semitas e apoiantes do totalitarismo, apenas porque são “idiotas”, no sentido que Lenine dava ao termo.




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