01/10/09

HASBARÁ VARIANTE GOLDSTONE


Nos começos do movimento sionista, Herzl entendeu que o assentamento judeu na Terra de Israel teria lugar com o apoio internacional. Um dos presupostos do sionismo tem sido sempre que mediante a constituição dum Estado judeu, o ánti-semitismo desapareceria e os judeus viviriam no seu legítimo lugar entre a família das nações. Portanto, a opinião pública sempre tem jogado um papel muito destacado no projecto sionista. Desde a política de havlagá [contenção] de Ben Gurion, em resposta aos ataques e provocações árabes, até os esforzos actuais de hasbará [esclarecimento], Israel sempre tem intentado ganhar o favor da comunidade internacional.

Com a publicação do tendencioso e factualmente incorrecto Informe Goldstone, que qualifica a Israel de agressora por responder aos mais de 10.000 projectis disparados desde Gaza, e que a acha culpável de “crimes de guerra”, os israelis têm reagido tratando de expôr com claridade o seu caso ante o mundo. Pretendemos que a gente comprenda o sofrimento e penúrias dos habitantes de Sderot, uma cidade onde a prática totalidade da sua população padece Desorde de Stress Post-Traumático, que entendam o que é contar com 15 segundos para correr da tua casa a um refúgio antes de que um missil Grad estale no teu fogar ou posto de trabalho. Respondendo às críticas internacionais pelas acções das IDF em Gaza, os israelis têm aparecido ante as câmaras dos informativos comentando ao mundo quais eram as suas opções, perguntando se algum outro país teria tolerado tão reiterados ataques contra a sua soberania e cidadãos, e se teriam agardado pacientemente. “Que opção nos ficava? Teriam consentido os EEUU que México disparasse 10.000 projectis sobre California antes de responder?”, perguntavam, apenados pela severidade internacional. Para o mundo, a sentência está ditada: os judeus foram os promotores, e disparar mísseis contra objectivos civis é a reacção legítima à ocupação israeli de Gaza rematada três anos atrás. O júri internacional tem ditaminado que Israel não tinha direito a defender-se e posiciona-se com os bravos lutadores pela liberdade de Gaza que esconderam armas nas mesquitas e hospitais e utilizaram à suas próprias donas e crianças como escudos humanos. Temo-nos esforzado enormemente em dar o nosso relato ao mundo, e só para sermos abofeteados no rosto com o informe-farsa da UNHRC. E outra vez, como num disco raiado, seguimos tratando de explicar-nos ao mundo e de justificar por que os nossos filhos não são merescedores de serem destrozados nas suas escolas e pátios de jogo.

Eu já estou farto de desculpas, explicações e justificações. É hora de que os judeus deixemos de avergonhar-nos e de que alzemos a cabeza. Como implorando que se absolva a Israel do seu crime existencial, os apologistas do perdão israelis repitem como um catecismo que Israel é a única democracia do Meio Leste e que os árabes em Israel disfrutam de mais direitos e liberdades que em qualquer outro país árabe. Para contrarrestar as mentiras envelenhadas e as difamações contra o nosso bravo exército, repetimos ad nauseam que Israel conta com o exército mais moral do mundo, e acto seguido relatamos –como se for uma insígnia de virtude em vez duma absoluta insensatez- como Israel põe em perigo aos seus próprios soldados antes que ferir a algum civil inimigo.


Os amigos de Israel fazeriam bem em lembrar as palavras de Jabotinsky, escritas em 1911 mas aínda válidas hoje em dia. No seu clássico ensaio “Em vez de desculpas excessivas”, explica que o mundo judeu não debe aos seus inimigos diatriba moral ou desculpa pelo seu direito a existir. “Desculpamo-nos em voz alta constantemente…Em vez de voltar o dedo contra os nossos acusadores, pois de nada nos temos que desculpar, e ante ninguém apresentar excusas. Repetimos uma e outra vez que não é culpa nossa…A hora é chegada de responder a todas essas e as futuras acusações, reproches, suspeitas, difamações e denúncias colhendo-nos das mãos e emitindoo bem alto, clara e tranquilamente, o único argumento accesível e comprensível por estes energúmenos: ‘Ide-vos ao Inferno!’. Desculpam-se os nossos vizinhos pelas atrozidades cristãs em Kishinyov quando fenderam as suas unhas nos olhos dos judeus recém nascidos? Em absoluto. Caminham com a cabeza erguida e miram a todo o mundo por riba do hombro; e fazem o que é correcto, e o que se debe fazer, porque aqueles que não são responsáveis não têm porque se desculpar…Nós não temos porque pedir perdão a ninguém, nem nos submeter ao exame de ninguém, e ninguém é o suficientemente superior como para pedir-nos explicações. Somos anteriores a todos eles e seguiremos quando eles não existam. Somos o que somos, somos bons para nós próprios, não cambiaremos e não queremos cambiar”.

Quantas vezes se têm desculpado os árabes por assassinar e mutilar a judeus que estavam sentados numa cafetaria ou restaurante? Têm-se sonrojado pelos terroristas que dispararam contra o rapaz de 10 meses de idade Shalhevet Pas, sentado no porche da sua casa em Hebron, ou por tirotear a sangue frio a oito adolescentes que estudiavam a Torá na yeshiva de Jerusalém? Aínda agardo a ver uma só condeia internacional da incitação diária contra os judeus nos mass média árabes, ou o discurso institucionalizado do ódio nas escolas palestinianas.

A Operação Liderádego Sólido foi a mais exacta definição do que é uma guerra justa. Desde a retirada de Gaza, a vida no sul de Israel convertera-se nalgo virtualmente impossível. A sireia de alerta e os 15 segundos para correr e pôr-se a coberto converteram-se numa rutina em Sderot. Aqueles que calavam mentres os Kassams caiam sobre as casas, escolas, sinagogas e centros de trabalho de Sderot não têm nenhum direito a exprimir a sua opinião sobre a resposta de Israel. A hipocresia dos manifestantes “pela paz” internacionais, escandalizados pelas “atrozidades” israelis não conhece limites. Israel tem uma obriga, sim: proteger ao seu povo. Fim do conto. A responsabilidade por cada civil morto recai exclussivamente sobre aqueles que utilizaram as casas de estes e as suas mesquitas como armazéns militares, e os que aceitaram sem rubor algum utilizar mulheres e crianças como escudos humanos. Como dissemos então, e desde então uma e outra vez, se te deitas com mísseis na tua casa não te extranhes se não acordas pela manhã.

Nego-me a explicar e justificar mais o direito de Israel a existir. Israel existe por direito próprio, como qualquer outro país do planeta. Só Israel é permanentemente questionada e deslegitimizada. Em vez de comparecer ante o mundo para dar o nosso relato e convencê-lo do justificado do nosso proceder, devemos responder do único modo que a comunidade internacional entende: “Querido mundo, ide-vos ao Inferno!”.


BAR KOCHBA

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