02/03/10

A FAVOR DA TORTURA EM CUBA

Foi numa mesa redonda organizada ontem no Círculo de Belas Artes de Madrid, e na que participavam um punhado de artistas da esquerda –desculpade o pleonasmo- perorando sesudos sobre a questão do Sáhara. Uma rata chekista, que soe ir com a servilheta a quadros dos matarifes palestinianos, e responde ao nome de Guillermo Toledo, afirmou todo cheio que o disidente vítima do regime comunista cubano, Orlando Zapata, era um delinqüente comum (um “gusano”, já sabedes) e que “a imensa maioria da disidência cubana são uns terroristas”. Que Cuba é uma democracia quase perfeita, se não for pelo “bloqueo” e bla bla bla.

Pouco lhe importam a Guillermo Toledo os mais de 30.000 fuzilados desde 1959, as mulheres e crianças assassinadas no remolcador “13 de Março”, os centos de balseiros que têm morto na travesia das 90 milhas, os torturados em Villa Maristas, os desquartizados pelo criminal em série Ernesto Guevara, ou os três milhões de exilados desperdigados por todo o mundo. Bah!

Que digna representação do mundo do cinema hispânico. Que asco.

Porque, ainda por riba, esse baboso diz-se “actor”.

Desde bem pequena amo o cinema porque amo a literatura. Jamais despreço, condeio ou desdenho um autor ou um artista pela sua filiação política, senão pela qualidade da sua obra. Os anaqueis da minha biblioteca enriquecem-se, e enoblecem-se, com centos de livros e de filmes cujos autores têm ideias políticas diametralmente opostas às minhas; respeito-os com admiração por tudo o que me têm ensinado e pelo que me têm feito disfrutar, à marge das bandeiras que abraçaram.

Não há no quadro contável das minhas dévedas culturais e intelectuais, porém, nem um cêntimo de gratidão para a cuchipanda pseudoprogressista do cinema espanhol que pastoream Pilar Bardém, Luis Tosar ou o tal Guillermo Toledo. Não é porque sejam uns intelectuais fracassados e uns cobardes –que o são, por não se colocar a pegatina contra a ETA que no seu dia lhes tendeu a mão mutilada pela ausência e a dor da Associação de Vítimas do Terrorismo. Não, não é por isso. Não lhes devo da minha formação nem o mais mínimo porque sejam uns lambões –que o são- aos que a coluna vertebral da alma se lhes curva ante o mostrador onde repartem as subvenções; também o Dante e Quevedo procuraram sustento a costa das arcas do Estado e da mão do Poder. Não lhes devo nem um ápice de gratidão intelectual, mas não porque sejam uma réqua de delatores –que o são-, que têm estado anos susurrando à orelha do comissário político de turno os nomes dos seus colegas que não comungavam com o progressismo de esquerdas politicamente correto, para que lhes quitassem o pão e o trabalho (isso também o fez um misserável genial chamado Elia Kazan, e não por isso o seu cinema deixa de ser imortal).

Não lhes devo um cêntimo da minha formação cultural, singelamente porque me gostaria morrer sendo minimamente mais inteligente que a minha vagina. Por isso nunca passo por taquiha para ver nada que vaia asinado por esta piara progressista de cobardes, de lambões e de chivatos que, para além disso, fazem um deplorável excremento ao que etiquetam como cinema. Pésimo. Não lhes devo nada. Mas eles a nós sim nos devem tudo, porque dos nossos impostos cobram astronômicas subvenções com as que rodar uns filmes que ofendem à inteligência mais elementar: quer dizer, à minha.

Move a vómito ver como retroalimentam a sua vaidade de mediocres gilipolhas, apoiando quanta causa perversa há no mundo, desde a de Hamas e Ahmadineyad, até a dos irmãos Castro. Causas que abraçam com entusasmo. O mesmo entusasmo que derrocharam a mãos cheias e gorjas voziferantes contra a guerra de Irak e contra o “Prestige”. Nunca mais, diziam. Tão cobardes fronte a ETA, tão lambecús com o Poder –seja o que for, mentres pague. E tão desdenhosos ante os crimes duma das mais veteranas e sanguinárias ditaduras do planeta: a do idolatrado Comandante.

Por que?


SOPHIA L. FREIRE


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