18/03/10

ISRAEL E A CRISE COM OBAMA


O primeiro mandato de Binyamin Netanyahu como Primeiro Ministro de Israel colapsou em 1999, em parte devido à sua tormentosa relação com o Presidente Bill Clinton. É incomprensível, portanto, que o actual Governo do Sr. Netanyahu, até a semana passada, perseverasse em manter-se próximo ao Presidente Barack Obama.

Esse tipo de estratégia teria sentido se o Sr. Obama fosse um Presidente na linha clássica que vai desde Franklin Roosevelt, que defendeu vigorosamente os interesses nacionais dos EEUU, protegeu aos nossos amigos (especialmente àqueles ameaçados), e manteve robustas as alianças. Mas o Sr. Obama é diferente. É o nosso primeiro Presidente post-americano. Situa-se para além da excepcionalidade estadounidense, e acredita que o nosso papel no cenário mundial debe ser de simples comparsas. A estratégia de Netanyahu, portanto, está desfasada e equivocada.

Israel tem tratado de acomodar-se a Obama em dois temas capitais: as negociações com os palestinianos e as armas nucleares de Iran. Ambos esforzos têm ignorado os desacordos bilaterais por demassiado tempo. Mas agora esses conflitos latentes têm saído à luz e devem ser resolvidos ou rematarão provocando uma grave colisão entre Israel e os EEUU.

No tema palestiniano, o Governo do Sr. Netanyahu tem tolerado 14 meses de inútil deriva diplomática que para nada têm alterado positivamente a realidade geopolítica entre Israel e os palestinianos.

O annúncio a semana passada da construcção de novas vivendas em Jerusalém Leste mentres o vicepresidente Joe Biden visitava Israel foi um passo inecessário. Mas o dom da oportunidade não é o autêntico problema. A resposta do Sr. Biden (“Condeio esta decisão”), aprovada previamente por Obama, e depois enfatizada pela Secratária de Estado, Hillary Clinton numa desaforad chamada telefônica o venres ao Sr. Netanyahu, apenas deixava ver o que subjaz detrás. E não é nada agradável.

Os esforços de Netanyahu por evitar uma desputa aberta com Washington não lhe têm granjeado o reconhecimento da Casa Branca. É praticamente seguro que Obama acredita que o autêntico obstáculo para a paz não são as novas vivendas ou eligir um momento pouco adequado para anunciá-las, senão a denominada “intransigência israeli”.

No que respeita a Iran, o Sr. Netanyahu tem respaldado fielmente a diplomacia de Obama, tratando de ganhar credibilidade aos olhos do Presidente de cara ao dia em que Israel deva atacar preventivamente o programa de armas nucleares iraniano Jerusalém, por exemplo, apoia os esforços dos EEUU de acrescentar as sanções contra o program nuclear de Iran, embora saibam que estám destinadas a fracassar. Conforme passa o tempo, a opção militar israeli vê como aumentam as dificuldades e como decrecem as possibilidades de éxito, mentres Iran se fai com novos sistemas de defesa ánti-aérea e aperfeiçoa os seus silos e instalações nucleares.

O erro do Sr. Netanyahu tem sido assumir que o Sr. Obama etá dacordo em que devemos evitar que Iran consiga armas nucleares. A Casa Branca acredita que um Iran nuclearizado, ainda não sendo o desejável, pode ser controlado e, portanto, não apoiará o uso da força militar para frear as ambições nucleares de Teerão.

Aínda mais, Obama não quere que ninguém –e menos que ninguém, Israel- actue pela sua conta. Isso significa que se Israel bombardea as instalações nucleares de Ira, o Presidente provavelmente vetará o subministro para os aviões israelis danados, assim como os repotos para outros sistemas armamentísticos.

Movemo-nos inexoravelmente e quizá já tenhamos chegado- face uma crise de Israel com o Sr. Obama. Os estadounidenses devem reparar em que permitindo que Iran obtenha armamento nuclear estamos fortalezendo uma ameaça existencial contra o Estado de Israel, contra os governos árabes da zona que são partidários dos EEUU, e, a longo prazo, a paz e a seguridade globais.

Netanyahu deve entender que não tem estado acumulando bons créditos de conduta com o Sr. Obama, senão simplesmente pospondo a confrontação. O Primeiro Ministro deveria reconsiderar a sua actitude, e fazê-lo rápido. A deferência israeli com o tema palestiniano servirá de pouco com Obama uma vez que Israel lanze um ataque preventivo contra o programa nuclear iraniano. Seria um erro pensar que uma maior dilação nesse ataque vai cambiar a resposta ária que Israel vai colheitar da Casa Branca. O apoio a Israel virá do Congresso e do povo norteamericano, como amosam todas as enquisas; não do Presidente.

Obama não é que seja indiferente à posição de domínio global dos EEUU. Ele sinte autêntica vergonha de não saber como fazer que esta disminua drasticamente. De facto, a nossa preeminência não só nos tem serido para alimentar o nosso próprio ego, senão para defnder os nossos interesses e os dos nossos aliados.

Ceder no papel que os EEUU têm desenvolvido nos assuntos internacionais, não é um signo de modéstia, senão um perigoso sinal de debilidade, tanto para os nossos amigos como para os nossos adversários.

E Israel poderia ser o primeiro aliado em sofrer as conseqüências.


JOHN BOLTON

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