“E porei os teus termos desde o Mar Vermelho até ao mar dos filisteus, e desde o deserto até ao rio; porque darei nas tuas mãos os moradores da terra, para que os lances fora de diante de ti. Não fazerás aliança alguma com eles, ou com os seus deuses. Na tua terra não habitarão” (Éxodo, 23)
Dois Estados para dois povos é um bonito eslogam, mas um conceito viciado.
Não existem dois povos: os árabes palestinianos são lingüística e culturalmente idênticos aos seus irmãos sírios e jordanos. Como muito, os árabes palestinianos conformam um grupo cuja história diferencia-se da dos seus vizinhos de seis décadas para acá. Doutra banda, os judeus são a nação mais antiga da Terra, com uma cultura única, uma língua, uma hist´roia e uma religião. Colocar aos judeus ao mesmo nível que os árabes palestinianos é um acto denigrante.
Não existe nada semelhante a dois Estados. Os árabes gozam de 22 Estados, muitos deles denominados “árabes”; em todos eles está poibida a venda de terras aos não-árabes; todos são oficialmente muçulmãos; todos hostis aos judeus. “Árabe” não é uma geralização: eles referem-se a sim próprios como uma só comunidade –Liga Árabe, Emiratos Árabes Unidos, e um abortado intento de República Árabe Unida. A diferença entre os árabes saudis e os árabes sírios é muito menor que a existente entre um judeu askenazi e outro sefardi –deixando aparte ao subconjunto eslavo. Se saudis e sírios são nações separadas merecedoras de Estados separados, daquela os judeus também necessitam uns quantos Estados: para os sefardis, os askenazis occidentais, os askenazis do Leste europeu, os sémi-eslavos, os etíopes, e os atéus.
Mentres que o Estado do povo árabe deve ser só árabe e oficialmente “limpo” de judeus, o Estado judeu deve ser etnicamente cego. Aínda mais, deve aceitar uma decisiva minoria árabe (que constitui o 34% entre a juventude). De nenhum outro Estado se agarda que acomode tamanhe “minoria” –especialmente quando é abertamente hostil e proclama que todo o país lhe pertence. Inclusso o inocente plano de Lieberman para redesenhar as fronteiras, deixando mais árabe-israelis no Estado palestiniano levantou uma imensa oposição. Por que? Em 1947, a ONU trazou umas fronteiras específicas para criar enclaves etnicamente homogêneos. Se o “povo” palestiniano deseja tanto um Estado próprio, o lógico seria que a parte desse “povo” que vive em Israel preferisse viver num Estado palestiniano. Se os “palestinianos” israelis não querem formar parte de Palestina, senão seguir vivendo onde vivem, talvez esse “povo” não queira um Estado.
A solução dos dois Estados inclina-se contra os judeus. A construcção árabe ilegal, tanto em Israel como em Palestina –centos de milheiros de unidades habitacionais- devem ser legalizadas, mentres que os assentamentos judeus são desmantelados. Os refugiados palestinianos devem regressar tras terem vivido no exílio durante mais de 60 anos, mentres que os judeus devem marchar tras viver nesta terra durante mais de 40 anos –quatro gerações têm vivido nos assentamentos. A maioria dos refugiados palestinianos viveram em Jerusalém, Haifa e Jaffo durante menos de uma geração, mas os seus descendentes de quarta geração devem ser autorizados a regressar. Os jjdeus –incluíndo 11.000 crianças- que viveram em Judea e Samaria durante quatro gerações devem ser expulsados.
Dos dois Estados, o judeu é o que se deve render e entregar a sua soberania. Os seus judeus devem converter-se em etnicamente cegos, mentres que os seus árabes têm direito a permanecer sendo etnicamente conscentes. O Estado judeu não pode proteger-se dos seus vizinhos para evitar oleadas migratórias de trabalhadores e de terroristas. O Estado palestiniano está autorizado a partir o judeu em dois mediante a estrada West Bank-Gaza e a receber a bolsa de gasíferos de Ashkelon para serem economicamente viáveis, mentres os judeus haverão de importar o seu gas.
Dá-se um problema reiterativo: Israel primeiro dividiu o Mar Morto pela metade com Jordânia, e Jordânia iniciou um bomeio extractivo predatório. Agora agarda-se que os judeus entreguem 3/5 partes do seu território aos palestinianos. De modo que os judeus ficam com o 20%. Por que não tomam os palestinianos a sua parte de Jordânia?
A solução dos dois Estados surgiu num contexto avondo distinto, que há tempo que desapareceu. Em 1947, a ONU via o dos dois Estados como uma solução para o problema dos superviventes judeus: centos de milheiros de superviventes do Holocausto permaneciam em campos alemães para desprazados, sem sítio algum onde ir. Os árabes palestinianos rechazaram uma federação bi-nacional, deixando aos europeus ante uma única opção para os seus odiados judeus: criar dois Estados em Palestina. Os países árabes rechazaram a opção dos dois Estados: os três enclaves palestinianos eram reclamados por Egipto, Jordânia e Síria, respectivamente. Duas décadas atrás, os esquerdistas israelis resuscitaram a noção dos dois Estados, mas com uma significação muito diferente: os árabes recebiriam as suas áreas de assentamentos em Judea, Samaria e Gaza, mentres os judeus reteriam os seus blocos de assentamentos e Jerusalém. O ponto crítico era a asumpção de que a câmbio de receber um Estado, os árabes garantiriam seguridade –algo que daquela era aínda factível sob o autoritário mandato de Arafat. A partir das reformas “democráticas” na Autoridade Palestiniana –impulsadas pelos EEUU- nenhum dirigente palestiniano será capaz de forzar a paz impondo-se a todos os grupúsculos terroristas. Portanto, a solução dos dois Estados mantinha o seu nome mas trocara totalmente no seu conteúdo: a divisão em dois Estados deixa a Israel uma indefendível faixa de oito milhas de ancho e não garante seguridade ante o terrorismo palestiniano. De facto, um Estado palestiniano convertiria-se imediatamente num ninho terrorista controlado por Iran. As potenças occidentais fecham os olhos ante esta óbvia debacle da seguridade quando forzam a Israel a fazer a paz com os árabes.
A solução dos dois Estados estava chamada originariamente a “rematar com todas as guerras” –como se recolhe na iniciativa de paz saudi. Iran, sem embargo, não asinará um tratado de paz com Israel para além de que se asine a paz com os árabes palestinianos. E dado que lhes oferecer um Estado não vai pacificar ao mais implacável inimigo de Israel, a solução dos dois Estados é objectivamente uma inutilidade.
Nem sequer viria promovida pelo império da justiza. Se a justiza lhe importasse a Occidente, teríamos escuitado alguma vez uma denúncia da monarquia jordana –que arrebatou aos palestinianos todos os seus direitos democráticos; ou de Líbano e Síria, que proíbem que os palestinianos ali refugiados desempenhem dúzias de profissões nas que seriam competitivos com os nativos; ou de Kuwait, por expulsar à sua imensa comunidade palestiniana; ou de Egipto, por bombardear aos gazenhos com artilharia quando controlavam a zona.
Os árabes do West Bank opõem-se à solução dos dois Estados porque se veriam inundados de refugiados retornados do Líbano e Síria. Sentimentos de irmandade aparte, aos habitantes do West Bank não lhes agradaria ver a sua terra convertida num vertedoiro de criminais e de massas degradadas volvndo ao fogar. Quando Sharon tratou de recolocar a alguns gazenhos no West Bank, os árabes que viviam ali expulsaram-nos. Conforme passa o tempo e a população dos campos de refugiados vai cebando-se com as comidas (e as ceias) gratuítas que recebem da UNRWA, qualquer solução é cada vez mais dificil: a onda de retornados destruiria ipso facto a já de por si frágil estrutura de relações sócio-económicas do West Bank. Por se não tivessem avondo com Hamas, os odiosos e criminais retornados incrementariam o agir terrorista contra os judeus.
Demassiados árabes estám insatisfeitos com a solução dos dois Estados como para garantir a persistência dos ataques terroristas. Agora mesmo, os Batalhões Galileos de Libertação dos Árabes de Israel exigem a “libertação” de Haifa, e Hezbolá demanda a independência das antigas vilas chiítas da Galilea. Os beduínos –equivocadamente urbanizados pelas autoridades israelis- já não são os nossos amigos e têm-se convertido em árabes normais e correntes: o Negev vai ficando tão fóra do nosso controlo como a Galilea. O pesadelo de Ben Gurion, o Pequeno Triângulo arredor de Lod, no centro de Israel, tem-se convertido num refúgio de imigrantes ilegais árabes, e a polícia há tempo que já não patrulha por ali por ser demassiado perigoso. Só um judeu com um irrefreável desejo de morrer assassinado entraria numa cidade árabe-israeli como Umm al-Fahm.
Podemos postular uma solução ilógica, injusta, penosa, mas que seja uma solução. A opção dos dois Estados não soluciona nada. Agás que o que se pretenda seja a desaparição do Estado Judeu.
OBADIAH SHOHER
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