17/12/09

VAIAMOS POR SÍRIA


Obama tem perdido várias confrontações: com Irak, Iran, Afeganistão, Rússia,… Praticamente com todo o mundo. Mas o seu fracasso com Síria ergue-se como um colosal monumento à ineptitude.

Era praticamente impossível fracassar com Síria. O país está dirigido por um férreo ditador que não haveria de ter problema em implementar qualquer tipo de acordo. O regime alawita sírio está totalmente isolado da população e necessita apoio estrangeiro. Assad é secular e cínico: poderia ter aceitado pragmaticamente uma alianza com os EEUU ignorando as suas conotações ánti-islamistas. Síria é nauseabundamente pobre, sem ninguém que a patrocine –teriam-se conformado com umas migalhas.

Em parte alguma tinha a situação mais ao seu favor Obama que em Síria. Mubarak, um forte dirigente secular, depende em grande medida da sua opinião pública porque Egipto é formalmente uma democracia. Mubarak, em conseqüência, não pode pressionar demassiado a Hamas ou à Autoridade Palestiniana. Os monarcas saudis, fortes dirigentes de tipo autoritário, têm que manter as suas credenciais islamistas, especialmente ante a expansão chiíta. O Governo de Irak é demassiado débil como para implementar nada.

Assad quere apenas duas menudências: o Líbano e dinheiro. Respeito o Líbano está no certo e é coerente. O Líbano não é um Estado viável, e debe ser repartido entre Israel, Síria e os cristãos. Em todo caso, os EEUU não têm interesse no que se passe no Líbano. Os EEUU delegaram no conflito em França, uma antiga potença imperial no Líbano. Imaginar que o Líbano algum dia estará livre da influência síria é irreal, e o Estadoi resultante não seria muito melhor que o actual. Longe estám os dias em que o Líbano eram uma mescla de Las Vegas e a Suíza do Meio Leste; agora é, como muito, um distrito em permanente alerta vermelha. A produtiva classe meia cristã abandoou o país, sumido hoje em dia em lutas sectárias. As únicas opções para o Líbano são um Estado chiíta alinhado com Iran, uma zona estilo Afeganistão sumida em permanentes conflitos tribais, ou um Estado secular sob controlo sírio. Líbano foi historicamente parte de Síria. Síria exerce o seu domínio controlando o fluxo de armas e comercial através da fronteira norte do pequeno país. É impossível que Síria desapareza do Líbano.


Em quanto ao assunto do dinheiro, Assad cederia a câmbio de bem pouco. São tão pobres que apenas se podem permitir quatro MiG 31-E –dois de eles avariados. A pobreza tem convertido a Síria num ente muito rendável: em vez de librar a sua própria guerra no Líbano, preferiu deixar que Iran figesse o trabalho, e exerce a sua parcela de influência curtando periodicamente o fluxo de armas iranianas com destino a Hezbolá. Assad empregou tácticas semelhantes com Irak: obteve parcelas de influência simplesmente permitindo acceso livre pela sua fronteira de vez em quando aos de Al Qaeda. Mil milhões de dólares ao ano em ajuda norfteamericana, unida ao acceso aos mercados occidentais, teria levado a Assad a abandoar a Iran. Como alawita, despreza aos extrovertidos tarugos chiítas.

O porezo do fracasso com Síria poderia chegar a ser astronômico. Assad, o pai, estava no certo quando dizia que não pode haver guerra no Meio Leste sem Egipto, nem paz sem Síria. Síria pode desestabilizar a todos os países vizinhos pelo simples procedimento de abrir as suas fronteiras ao terrorismo. Assad filho carece do prestígio político do seu pai, mas é muito mais inteligente; uma espécie de Michael Corleone respeito o seu pai Vito. Sabe que apenas necessita armamento: os judeus têm uma baixíssima tolerância às perdas humanas e inclusso temem os seus arsenais químicos, que se têm amosado alarmantemente inúteis nas ofensivas militares. Assim que Assad se concentra no que poderíamos denominar “arsenais nominais”: um enorme número de mísseis caducados e aqlgumas armas químicas e biológicas. O seu programa nuclear não podia produzir mais que um punhado de bombas; e aínda não está claro se o programa era realmente sírio ou se Síria apenas hospedava uma parte do programa nuclear iraniano. O perigo de Assad radica na sua racionalidade: acha-se igual de a gosto colaborando com os norteamericanos que com os iranianos, e faz um gasto muito frugal sem implicar-se a fundo na carreira armamentística. Prefire uma aliança com os russos, que lhe proporcionam escasa ajuda, mas não se entrometem, que não uma implicação a fundo com os EEUU.

Israel não pode asinar a paz com Síria: Assad está mais interessado em Occidente que nos Altos do Golan. Qualquer acordo com Síria ficaria em papel molhado e não suporia a normalização –igual que nunca se tem dado a normalização com Egipto. O facto de que não haja normalização não é culpa de Assad: ele só tem levantado acertadamente acta de que a hostilidade da população árabe contra Israel cerra a porta a qualquer intento de relações normais.

Dado que Síria é um dos nossos maiores inimigos, e fazer a paz com ela é impossível, Israel deveria acudir à represália e a desmilitarização forzosa mediante implacáveis raids aéreos como resposta a ajuda síria a Hamas e Hezbolá. Assad não apreza a esses grupúsculos terroristas o suficiente como para pôr em risco os seus palacetes, e a comunidade internacional permaneceria relativamente em calma mentres Israel bombardeasse este rapinhento Estado.


OBADIAH SHOHER

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