19/12/09

DESOBEDIÊNCIA


O recente debate sobre a desobediência no exército é surprendente. Recapitulando, em vários incidentes soldados das IDF despregaram cartazes chamando a rechazar as ordes de expulsar judeus dos assentamentos. Todos eles foram severamente castigados com penas de cárcere e expulsados das suas unidades de combate.

Longe dos seus dias de glória combatendo exércitos árabes, as IDF têm degenerado numa polícia ánti-guerrilhas, e agora tem-se convertido numa forza de choque a utilizar contra os cidadãos judeus de Israel. O exército realiza a diário muitos mais operativos contra os judeus que contra os árabe-palestinianos. Amiúde o exército é avondo mesquinho como para destruir casas judias prefabricadas em terrenos privados pertencentes aos judeus, apenas porque tecnicamente não foram autorizadas –inclusso a pesar de que os árabes têm edificado dúzias de miles de casas sem autorização no vizindário. Com semelhante freqüência, o exército participa em muito controvertidas demolições de casas não autorizadas que servem de sinagogas ou jardins de infância –ou inclusso de panteão, como o do Dr. Goldstein. Às vezes os desalojos transcorrem, como adequadamente os qualificou um destacado rabino, ao modo názi: entrada a noite o exército arrojou às crianzas judias pelas janelas e expulsou a golpe de excavadora às famílias com as suas exíguas pertenências. A terceira maior operação do exército em termos de orzamento e a maior em núymero de pessoal empregado nos últimos cinco anos não foi uma guerra, senão a expulsão de 8.000 judeus de Gaza. A evacuação deixou uma profunda cicatriz na conciência nacional judia. Se se agarda que o exército proceda humanamente com os inimigos, em maior medida se agarda que o faga com a sua própria gente. É curioso que os mesmos que cursam ordes para que os soldados não expulsem famílias árabes ou destruam as suas vivendas ilegais, mandam a esses mesmos soldados que expulsem sem piedade aos seus compatriotas judeus.

Outros países civilizados utilizam os seus exércitos contra os seus próprios cidadãos só em caso de lei marcial, e inclusso nesse caso só contra grupos insurgentes que suponham um perigo imediato para outros cidadãos. Um cenário típico no que o exército é utilizado contra um colectivo é quando uma secta religiosa ameaza com um suicídio colectivo.

Os soldados israelis não podem ser a garda pretoriana dos Judenrat. Não podem acometer contra os seus compatriotas quando rfecebem tamanhe orde. Aqueles que sugirem que a desobediência militar desmoraliza a um exército, deveriam considerar que machucar ao próprio povo aínda desmoraliza mais aos soldados. O assassinato e a opressão são altamente imorais. Só resultam toleráveis se o seu objectivo é defender ao próprio povo. Quando a tua família está em perigo é preferível matar que ser assassinado; a lógica é simples. As expulsões destruim a base moral de qualquer exéercito. Agir dum modo claramente imoral contra o próprio povo aliena ao exército respeito à sua sociedade, e prepara o terreeno para um putsch, ou quando menos para uma maior imoralidade ante o inimigo. Se se torna permisível expulsar aos nossos compatriotas judeus dos seus fogares, coisas muito piores deveriam ser permisíveis contra os nossos inimigos árabes. Doutra banda, os díscolos colonos amiúde são igualmente aprezados pelos judeus e os árabes; lembrade ao Dr. Baruj Goldstein, que arriscou a sua vida para evacuar a terroristas palestinianos feridos para que recebessem tratamento médico.


O conflito, na realidade, não radica na negativa à expulsão. Essa negativa tem ido em aumento nos últimos anos, tanto no que se refire aos soldados como aos seus mandos. Conforme os esquerdistas se têm ido escaqueando do servizo militar, as forzas de combate cada vez mais estám formadas por jóvenes procedentes dos assentamentos. Naturalmente, não estám pelo labor de expulsar aos seus convizinhos e familiares. Isto sabe-se no exército, e estes soldados soem ser excluídos dos operativos de expulsão. O problema aparece quando a desobediência tem lugar em público, por razões políticas mais que pessoais –especialmente se as razões políticas são de direitas. Os esquerdistas díscolos são castigados dum modo muito mais leve.

A desobediência aínda seria maior no tipo de exército que nós propugnamos, um exército de homens de mediana idade, mais que de rapazinhos. No exército actual, a fortaleza de carácter é mais importante que a fortaleza física. Enviar rapazes a combater em vez de enviar aos seus pais é tremendamente imoral, sobretudo tendo em conta que esses rapazes nem sequer têm gozado da possibilidade aínda de votar por um câmbio. Um exército de pessoas maduras estaria formado por gente com opiniões fundadas –que é precisamente a razão pela que todos os governos reclutam rapazes imberbes.

A obediência não é sempre positiva; às vezes, é equiparável à mais perigosa complacência. Quando o Governo e os seus mandos agem contra o país, é dever do soldado proteger os valores básicos antes que a disciplina. Este debate já se dera no exército alemão entre 1933 e 1938; os altos mandos, um grupo tradicionalmente aristocrático e independente, questionavam-se o que cumpria antepôr, se a lealdade ao seu país ou ao seu Führer. As dúvidas disiparam-se enseguida por meio das purgas. A obediência constitui um enorme perigo nos países muito militarizados, como Israel. O liderádego názi apenas necessitou reemprazar umas dúzias de mandos do exército e uns centenares na polícia para conquistar um controlo inquestionável sobre todas as forzas de seguridade. Em 1938, em questão de dias, o exéwrcito alemão sofreu uma transformação –igual que se passara com a polícia em 1932. Onde no seu dia houvera uma sólida base social, enormemente escéptica respeito os názis, agora tinham o primeiro ponto de apoio do régime. Um processo semelhante teve lugar em Áustria: meses antes da anexão, apenas umas dúzias de mandos policiais de alto rango colocados pelo Ministro názi de Interior garantiu a total liberdade de movimentos para os alborotadores názis. A polícia, que fora capaz de sofocar com fazilidade as primeiras revoltas názis, agora as apoiavam. É uma benção que os soldados israelis não sejam autómatas nas mãos dos seus oficiais, senão judeus responsáveis. A desobediência não é, na realidade, um assunto de disciplina militar. É ridículo afirmar que os soldados que se negam a expulsar judeus poderiam negar-se a acatar ordes no campo de combate. Os soldados que procedem dos assentamentos, que são os primeiros em rechazar as ordes de expulsão, são o melhor e mais altamente motivado pessoal de combate. Em todo caso, o seu rechazo a expulsar judeus delata a sua devoção pela causa sionista. Os soldados que padecem cárcere e injúrias pelo seu amor face o Povo Judeu, sem dúvida que saberiam afrontar os perigos da batalha com o mesmo ânimo inquebrantável.


Seria positivo para o nosso exército que os soldados puidessem processar as ordes antes que executá-las cegamente. Especialmente nestes tempos de batalhas virtuais e digitais, onde o chefe do regimento vê exactamenmte a mesma fotografia que qualquer subordinado.

A histórisa de Israel é testemunha das muitas ocasiões em que os mandos enviaram aos seus obedientes soldados ao matadeiro: os operativos de Rabin em Jerusalém, o de Sharon em Mitla, e a chapuza de Olmert no Líbano, por citar uns quantos. Considerando o facto de que nenhum dos generais israelis tem uma educação militar homologável, e que boa parte de eles nem sequer são profissionais, os soldados deveriam gozar do direito de vetar decisões que saibam suicidas para eles. Não há razão alguma para acreditar que os honestos, bravos, e altamente motivados soldados judeus poderiam utilizar o seu poder de veto para procurar uma escusa e não combater. Se o Estado é democrático, seria razoável que os soldados puidessem eligir os seus mandos e controlá-los. Se o alto staff acredita que esses mandos são profissionais e que gozam da suficiente autoridade, daquela não dedveria haver problema para que se ganhassem o apoio da tropa –de facto, os mandos de nível meio-alto nas IDF geralmente têm um alto nível profissional e são muito populares entre os seus subordinados.

Juristas do âmbito militar, e inclusso a Corte Suprema Israeli, têm reconhecido o “direito de desobediência”. Especificamente tras a massacre de Kfar Qassem, a Corte estabeleceu que os soldados têm o dever de desobedecer as ordes que vaiam em contra das suas conciências. É uma grande vergonha para a educação sionista que alguns dos seus soldados não visualizem a bandeira vermelha com o lema “Proibido!” cada vez que têm que expulsar outros judeus. Um exército cujo objectivo fundacional é defender aos judeus não se pode adicar à sua repressão.

Sionismo significa assentar-se em Sion, não desmantelar assentamentos. Para além de motivos nacionalistas, existem poderosas proibições de índole religioso contra a expulsão da Terra de outros judeus, destruíndo os nossos assentamentos, e abandoando a Nossa Terra.

Uma sociedade que vê normal que os seus soldados não se rebelem contra ordes imorais, também não se surprenderá de que se rebelem contra a fonte de toda moral, Hash’m.


OBADIAH SHOHER

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