11/12/09

OBAMA, GUERRA E PAZ





O discurso de Obama, na cerimónia de entrega do Nobel da Paz, tem partes excelentes, e nele se descobre um homem que, forçado pela realidade, teve de descer da estratosfera moral onde todos gostamos de flanar.

Impossibilitado, porque tem responsabilidades políticas e a política é sempre a arte do possível, de olhar o mundo tal como gostaria que fosse, vê-se obrigado a enfrentá-lo tal como ele é.

É por isso que, não desistindo todavia de descrever as coisas como gostaria que fossem, tributo retórico que o vício tem sempre de pagar à virtude, estas ideias são as que verdadeiramente contam no terreno onde nos movemos e na realidade que é a do nosso tempo e das nossas vidas:

1-Não trago aqui hoje a solução definitiva para os problemas da guerra.

2-Temos de compreender a dura verdade de que não iremos erradicar os conflitos violentos no nosso tempo de vida. Haverá momentos em que as nações entenderão o uso da força, não apenas necessário, mas moralmente justificado.

3-Como chefe de estado obrigado a proteger e a defender a minha nação, não posso ser apenas guiado pelos seus exemplos (de Gandhi e de Luther King). Eu encaro o mundo como ele é.

4-Que não haja dúvidas: o Mal existe no mundo. Um movimento pacifista não seria capaz de travar os exércitos de Hitler. As negociações não podem convencer os lideres da Al-Qaeda a baixarem as armas. Dizer que a força é por vezes necessária não é cinismo- é o reconhecimento da história, das imperfeições do homem e dos limites da razão.

5-Sim, os instrumentos da guerra têm um papel a desempenhar na preservação da paz.

6-A guerra é por vezes necessária e é, de algum modo, uma expressão das emoções humanas.

7-Eu, como qualquer outro chefe de estado, reservo-me o direito de agir unilateralmente se tal for necessário para defender a minha nação.

8-A crença de que a paz é desejável, raramente é suficiente para a obter.


Isto é o que conta.

O resto também é importante, mas não é novidade.

De resto, o Pacto Kellog-Briand, que abolia a guerra, é de 1928, continha a habitual retórica estratosférica e foi assinado por todas as nações que, onze anos depois, travaram entre si a mais mortífera guerra da História


O TRUNFO DOS PORCOS



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