30/12/09

PONZONHAS: O LIBELO DE SANGUE CONTRA ISRAEL


1. Epidêmia no West Bank

No amanhecer do 21 de Março de 1983, uma semana antes de Pesaj, num instituto da localidade de Arrabeh (Jenin), umas rapazas palestinianas com idades comprendidas entre os 15 e os 17 anos estavam sentadas nas suas aulas onde, de súpeto, começaram a desmaiar-se, uma tras outra. Conduzidas ao hospital e, tras um reconhecimento, não se achou razão alguma para os seus desmaios. Mas o caso e que perderam o conhecimento, e iniciou-se uma investigação a fim de dar com os motivos.

Pouco depois, outras rapazas de idade semelhante começaram sofrer desmaios noutras vilas do West Bank, em Bethlehem, e posteriormente em Hebron e Hallhul, Tulkarem e Nablus. Num período de poucos dias aproximadamente 1.000 rapazas foram parar ao hospital –aparentemente vítimas duma epidêmia.

Dado que tudo isto acaeceu pouco antes de Pesaj, o pretexto para o libelo de sangue e o envelenhamento massivo estava servido. Disparando-se os rumores de que os israelis envelenharam às rapazas.

2. A tradição árabe da literatura miragreira

O afamado director de cinema japonês, Akira Kurosawa, dirigiu um filme clássico em 1950, “Rashomon”, baseado num conto popular nipão do século XII. Contava a história da família dum samurai que fora atacada por uns bandoleiros. A partir daí, há quatro relatos distintos sobre o incidente. O espírito do samurai morto conta o nque se passou desde o seu ponto de vista. Também estám os relatos da sua dona, um dos seus criados e um lenhador que presenciara o ataque. O filme é a descripção fascinante dum mesmo evento desde quatro pontos de vista, e a mensagem de Kurosawa é que a verdade objectiva não existe. A verdade é susceptível de distintas interpretações, e cada um interpreta a verdade desde um ângulo particular.

Na Idade Meia existia um gênero na literatura árabe conhecido como literatura das miragres. O autor narrava as suas aventuras no caminho à Índia ou China. Relatava histórias fantásticas sobre lugares onde havia todo tipo de coisas maravilhosas, diamantes, prata e oiro, águias sobre as que podia voar, e tudo isso dou lugar à colecção que conhecemos como “As mil e uma noites”.

A narração palestiniano-árabe-muçulmã do que se passou neste caso, lembra um desses relatos de literatura miragreira. As histórias nascem nda imaginação e vam-se desenvolvendo sobre novas invenções. Isso é o que interessa à gente, e se sucedeu ou não carece de importância. Na esfera política, o relato inventado é asumido pela conciência palestiniano-árabe-muçulmã como a verdade.

3. Acusando aos israelis

Tras a epidêmia de desmaios massiva de 1983, as rapazas proclamaram que foram envelenhadas, embora os doutores que as atenderam não acharam evidência alguma disto. Então, os árabes começaram fazer acusações noi sentido de que era provável –e depois de que não cabia dúvida- que tivessem sido os israelis quem envelenhasse às rapazas. Acto seguido inventaram a justificação: a fantástica história de que os judeus tinham interesse em contrarrestar a elevada taxa de natalidade palestiniana, e portanto estabeleceram como objectivo específico o das jóvenes rapazas próximas à idade de contrair matrimônio. O envelenhamento foi levado a cabo para diezmar a este grupo de idade mais fértil com a intenção de limitar o crescimento demográfico árabe. Inclusso chegaram afirmar que contavam com provas clínicas, argumentando que os tests de ourinhos amosavam um alto nível de proteína, o que apontaria a que algo funciona anormalmente no sistema de fertilidade.

Começaram especular com todo tipo de teorias e documentos de doutores árabes. Nesse momento, de modo surprendente, os próprios jornais israelis começaram a questionar-se como os judeus, que foram exterminados nas câmaras de gas, poderiam ter feito algo assim, e produziram-se chamamentos à investigação das acções do Governo Likud de Menajem Begin. Os árabes acharam-se com os próprios israelis acusando o seu próprio Governo e elevando cada vez mais o tom dessas acusações.

Baruj Modan, director geral do Ministério de Sanidade e um dos mais destacados epidemiólogos de Israel, dirigiu uma equipa de investigação e, por suosto, não concluiu nada. Numa rolda de imprensa anunciou que não havia evidências de envelenhamento e que não se tratava mais que dum caso de histéria colectiva. Mas os jornalistas estrangeiros negaram-se a admitir a opinião profissional do reputado doutor.

Os palestinianos cresceram-se e ofereceram mais provas. Um pó amarelo foi achado nas persianas das janelas. O Dr. Modan e a sua equipa analisaram o pó e acharam que oprocedia duns pinheiros próximos, mas isto não convenceu aos jornalistas estrangeiros que seguiram dizendo que os israelis eram culpáveis.

Sem embargo, os mass media israelis começaram retroceder porque o Dr. Modan é sem lugar a dúvidas uma respeitada autoridade. De súpeto uma série de artigos deram em sair à luz sobre a história dos libelos de sangue e pondo de manifesto que aquí, também, na véspera de Pesaj, estavam agindo respeito a nós como figeram na Idade Meia, com as acusações de envelenhamento dos pozos. Foi curioso. Em apenas dez dias os mass media israelis passaram da auto-inculpação a uma auto-defesa massiva. Essa é a versão israeli de Rashomon.


4. A trama cresce

Pela banda palestiniana, os doutores insistiam em que havia signos que indicavam um envelenhamento massivo. As acusações acrescentaram e foram adoptadas pela dirigência da OLP, que em 1983 fora deportada do Líbano a Tunísia.

Os palestinianos optaram por jogar a sua baza secreta. Observando o dano tremendo que esta publicidade negativa estava causando a Israel, e que contavam com o apoio internacional, começaram enviar rapazas que fingiam desvanecer. Prepararam uma estratégia, de modo que quando as rapazas chegavam às escolas eram subidas a camionetas e acompanhadas por fotógrafos e jornalistas ao hospital. Tão cedo como os jornalistas estrangeiros se retiravam, segundo aqueles que eram israelis, as rapazas incorporavam-se dos seus leitos. Os árabes eram conscientes de quanto podiam obter mantendo este bulo e remataram convertendo-o numa história verdadeira que promoviam veementemente.


5. A perspectiva internacional

A terceira ponla desta históiria de Rashomon é o interesse das organizações e mass media internacionais. Os jornais franceses “Liberation” e “Le Monde” intitulavam que existiam evidências de que Israel envelenhara às rapazas. O informe do Dr. Modan foi apresentado como um débil intento dos israelis de ocultar o seu crime. Na ONU, o Conselho de Seguridade fixo público uma duríssima resolução contra Israel –como podia tolerar Israel que sucedesse algo assim? A história no seu conjunto foi considerada com uma base real e o assunto engrandeceu-se, implicando à Liga Árabe e a Conferência Islâmica.

Finalmente, Israel solicitou de modo formal à Cruz Vermelha Internacional e a OMS que acudissem a investigar. O representante da Cruz Vermelha Internacional veu e publucou uma descafeinada nota reconhecendo que não fora quem de achar evidências. Ao ser perguntado pelo motivo de não emitir um informe mais contundente, e rematar assim com o bulo, replicou que esse não era o cometido da Cruz Vermelha Internacional.. Se os palestinianos padeceram, tinha que existir um motivo real, e se não padeceram envelenhamento, daquela o sofrimento era devido, sem dúvida, ao “velenho da ocupação”. Tras isto, solicitou-se à Cruz Vermelha que figesse públicos os seus achádegos. Contestaram dizendo que não era o seu costume fazer públicas as suas conclusões –embora de ter-se tratado de conclusões contrárias a Israel, teriam-nas feito públicas de imediato.

Casualmente, o mundialmente famoso Centro de Controlo de Enfermidades de Atlanta informou dos resultados da sua invertigação. Os expertos estadounidenses concluíram que, sem dúvida, se tratara dum caso de histéria colectiva, um fenômeno semelhante a quando as rapazas desmaiam num concerto de rock.

Para além do “The New York Times”, que camuflou a rectificação das suas acusações contra Israel nas páginas finais do periódico, nenhum outro jornal se dignou sequer a fazer outro tanto. Os embaixadores israelis em grande número de países solicitaram aos jornais locais que publicitaram as retractações –mas foram ignorados. Assim que um caso de histéria colectiva foi convertido pelos palestinianos num assunto de máximo interesse internacional. E com grande éxito.

6. A política dos direitos humanos

Pouco depois deste acontecimento, o representante palestiniano ante a Comissão de Direitos Humanos de Genebra declarou ante a Comissão que Israel inoculara o vírus da SIDA entre 300 rapazas palestinianas a fim de destruir a toda uma geração, como parte do plano israeli de genocídio. O mesmo que no episódio do envelenhamento. Por suposto que nenhum membro da Comissão, agás o representante israeli, protestou ou dixo nada. Acto seguido o representante israeli perguntou ao presidente da Comissão, que era checo, como tolerava que o órgao que dirigia permanecesse calado ante tamanhe difamação, que passaria a formar parte das actas da ONU. O presidente então redactou uma carta aos membros da Comissão sinalando que a acusação não puidera ser provada e que deveriam evitar no futuro fazer alusões infundadas.

Essa mesma tarde, cinco membros pertencentes a países famosos pela sua observância dos direitos humanos, como Irak e Sudám, exigiram que o presidente retirasse a sua carta, argumentando que carecia de autoridade para anular o que os representantes afirmaram, e advertindo-lhe que seria removido do posto se não accedia. Assim que redactou uma nova carta cancelando o dito na anterior.



7. A goma de mascar esterilizante

Em 1997 os palestinianos publicitaram outro “complot israeli encaminhado a suprimir o crescimento da população árabe”. Asseguravam ter analisado paquetes de chicle de fresa infectados com hormonas sexuais que eram vendidos a preço barato perto das escolas do West Bank e da faixa de Gaza. Afirmavam que esses chicles provocavam um irresistível apetito sexual nas mulheres, e que depois provocavam esterilidade. Segundo o Ministro de Abastecimentos palestiniano, Abdel Aziz Shaheen, eram capazes de “destruir totalmente o sistema genético dos rapazes jóvenes” também.

Neste caso, alegavam os palestinianos, Israel distribuira goma de mascar injectada de progesterona, uma das hormonas femininas. Essa hormona, sustentavam absurdamente, encende um selvagem desejo nas mulheres e serve assimesmo de contraceptivo –corrompendo às mulheres árabes, ao impedir que sejam capazes de reproducir. O libelo era uma reminiscência doutro extendido no ano anterior em Egipto a partir doutra goma de mascar israeli. Apenas eram os flecos da sua onda expansiva. Shaheen insistia em que os chicles eram vendidos apenas “nas portas das escolas de primária e nas gardarias”, porque os israelis “querem destruir o nosso sistema genético” dando hormonas de sexo às crianças antes de que os seus organismos podam metabolizá-las. Quando a patranha chegou a Hebron, no West Bank, o oficial local de saúde, Mahmoud Batarna, afirmou ter interceptado 200 toineladas do devandito chicle.

O “The Washington Post” encarregou um test da suposta goma contaminada proporcionada pelas autoridades palestinianas. Até o próprio Dan Gibson, professor de química parafarmacéutica na Universidade Hebrea e membro do lobby esquerdista Paz Agora, dixo que, utilizando um espectrómeto de massas capaz de detectar um microgramo de progesterona, fora incapaz de detectar nada no chicle.

8. Mais velenho

O patrão da literatura miuragreira repete-se uma e outra vez no mundo árabe sem fim. Existem duas equipas israelis em Egipto que têm estado fazendo um trabalho excepcional no desenvolvimento da agricultura naquele desértico país, e que têm obtido extraordinários resultados. Pois bem, os mass media egípcios têm acusado aos israelis de envelenhar a terra e destruir a agricultura egípcia.

Em Junho de 1997, o jornal palestiniano “Al Quds” informava da acusação do director da Divisão Criminal da Polícia palestiniana de Nablus, segundo a qual os servizos de seguridade israelis mandaram um grupo de prostitutas israelis infectadas pela SIDA a propagá-la entre a população palestiniana.

Estes são apenas uns quantos dos bulos que têm sido utilizados como armas de propaganda contra Israel. Mais de vinte casos semelhantes estám detalhados e pormenorizados em “Velenho: manifestações modernas do libelo de sangue”, um livro que vem de ser editado por Lexington Books. Nele documenta-se a história do libelo de sangue contemporâneo contra os judeus e Israel, no que estám involucrados não apenas árabes e muçulmãos, senão também os mass media europeus e várias organizações internacionais.

9. O libelo de sangue como arma de guerra

Durante a ofensiva palestiniana, Yasser Arafat acusou ao longo de vários meses a Israel de utilizar armamento enriquecido com urânio contra os palestinianos, e dixo numa entrevista no jornal francês “L’Humanité” (21 de Fevereiro de 2002) que essa informaçao estava corroborada pelos EEUU –embora os EEUU não ter nunca admitido tamanhes extremos. Num discurso emitido por Al Jazeera TV o 27 de Março de 2002, Arafat acusou ao exército israeli de usar gases com urânio enriquecido e resíduos tóxicos. Israel foi acusada também de distribuir caramelos envelenhados no West Bank para exterminar às crianças.

Os chamamentos internacionais para investigar a conduta israeli em Jenin, durante a sua ofensiva de resposta aos atentados islamikazes palestinianos nas cidades de Israel, seguiram muito de perto o patrão de apoio internacional às invenções palestinianas descritas acima.

Desgraçadamente, somos uma vez mais testemunhas doutra onda de libelos de sangue como parte da incesante guerra árabe contra Israel.



RAPHAEL ISRAELI

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