02/01/10

ENTREVISTA COM MICHAEL BEN-ARI

“NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS NÃO TEMOS FEITO MAIS QUE RETROCEDER”



Um recente estudo elaborado pela organização Mattot Arim situou ao Dr. Michael Ben-Ari (União Nacional) no segundo lugar como o membro da Knesset “mais leal ao programa nacional de Israel” na primeira etapa da actual Knesset (o membro do Likud Danny Danon logrou o primeiro posto).

Pouco depois de ser eligido para a Knesset a comezos de ano, Ben-Ari fixo uma declaração de intenções ao encabezar a marcha atravês de Umm al-Fahm no meio da revolta dos árabes israelis. Em resposta à exigência da Casa Branca de que Israel detivesse a “construcção nas áreas ocupadas”, anunciava a apertura do seu despacho ao lado do campo de refugiados de Shuafat, e foi arrestado em Shonron, para além da sua imunidade como membro da Knesset, tras intervir em apoio dos jóvenes manifestantes que foram encadeados pela polícia de fronteiras israelis.

Defensor do assentamento na totalidade de Eretz Israel, e estudante e seguidor do Rav Meir Kahane –tem sido descrito como o primeiro discípulo confeso de Kahane em ser eligido para a Knesset- Ben-Ari, de 45 anos de idade, estudou na yeshiva Mercaz HaRav e foi professor de Talmud e doutor em Estudos da Terra de Israel e Arqueologia pela Universidade de Bar Ilan.

Ben-Ari sentou-se recentemente com The Jewish Press para falar sobre a política israeli, a sua relação com Meir Kahane, a pressão exercida sobre Israel para deter a construcção de assentamentos e a ameaça nuclear iraniana.


A que atribui você a sua forte vinculação com o campo nacional na política israeli?

A procura para definir a minha identidade nacional comezou, na realidade, na minha infância. Durante a Guerra do Yom Kippur, quando tinha 10 anos, vim-me comnpletamente comocionado. Até esse momento a maioria dos israelis confiavam na comprensão e na direcção com que o Governo encarava as situações. Um montão de gente comezou a espertar e perceber que o Governo semelhava não entender o que se passava. Como rapaz isto causou-me uma enorme impresão. Tras a guerra, a maioria da gente regressou à sua rutina. Mas para mim tudo estava já posto em dúvida. Em vez de preocupar-me pelos desportos, punha-me lêr cada jornal que caia nas minhas mãos e vim-me totalmente imerso no pensamento sobre a identidade nacional.

Como se sentiu atraído pelo discurso do Rabbi Meir Kahane?

Tinha 16 anos quando conhecim ao Rabbi Kahane e lembro que me sentim atraído pelas suas ideias dado o seu enfoque do problema árabe israeli. A sua solução da separação –não de expulsar aos judeus, senão de promover que os árabes marchassem viver aos seus 22 Estados- ía encaminhada a evitar mortes, porque do contrário, ao final eles nos matarão ou teremos que o fazer nós. Kahane afirmava que se nãqo optávamos pela sua solução de separar-nos dos árabes, remataríamos escolhendo a solução de Arafat. Inclusso nisto foi um profeta. Três ou quatro anos depois de que Kahane fosse assassinado, Arafat ganhava o Prémio Nobel da Paz mentres os judeus eram assassinados.


O que também me imporessionou altamente foi o facto de que o Rabbi Kahane não se veia como um indivíduo isolado. Sentia-se vinculado a todos os judeus, para além de quem ou onde estivessem. A gente em Israel tende a dizer de Jonathan Pollard, “Sim, nasceu ali, é um norteamericano, e não tenho porque me preocupar por ele”. Isto é terrível. Uma das lições do Holocausto, que o Rabbi Kahane difundia, é a unidade judia. Quando sabemos do sofrimento doutro judeu temos que o sentir como parte da nossa própria família.

Durante a sua primeira intervenção na Knesset, os parlamentares árabes abandoaram o auditório, e você respondeu que esta for a sua “primeira grande vitória”. Como seguidor do Rabbi Kahane, sinte-se alienado na Knesset?

Quando accedim à Knesset, alguns dos membros mais veteranos lembraram como conseguiram isolar ao Rabbi Kahane, e acreditaram que poderiam fazeer outro tanto comigo. Sim, há gente que não fala comigo. Mas a maioria, inclusso alguns do Meretz, mantêm uma boa relação. Uma das principais razões pela que lhes resulta duro atacar-me, contrariamente ao que se passava com Kahane, é que eu sou israeli e nascim aqui.


Como interpreta a recente adesão de Netanyahu à “solução dos dois Estados”?

Netanyahu demonstrou que carece da capazidade de ser um líder. A sua capitulação nessa matéria de estabelecer um Estado palestiniano, ilustra que estamos tratando com um tipo perigoso que cede ante a pressão. Já o víramos no passado quando regalou aos árabes Hebron.

Acredita que o actual malestar entre os membros do Likud opostos à adesão ded Netanyahu à solução dos dois Estados poderá influir na sua toma de decisão final?

Os membros do Likud não o derrocarão. Desgraçadamente, a maioria deles ostentam posições dirigentes, e não têm intenção de opôr-se ao seu chefe. Alguns, de facto, são os seus principais defensores. Isto demonstra que há dois tipos de nacionalistas. Uns são como uma massa, moldeáveis segundo a situação. Os outros, os chamados extremistas, não cedem, para além do que fagam com eles. Eu pertenço ao segundo tipo.

Nós [União Nacional] oferecemos-lhe a Netanyahu o nosso apoio sem exigências monetárias ou de orzamento de nenhum tipo. Só pugemos três condições: não admitir a debate a entrega de parte alguma de Jerusalém, deixar fóra de toda discusão os assentamentos, e continuar desenvolvendo assentamentos.

O motivo da falha de seguridade que padecemos se deve a que nos últimos dez anos não temos feito mais que retroceder. A Direita está num processo permanente de retirada das suas posições, e tendo que se defender constantemente. Am Yisrael tem que avanzar. Deveríamos regressar a Chomesh e seguir edificando. Não deveria haver retiradas, nem procurar que “nos aceitem”, nem soluções de dois Estados.

Como residente em Shomron, nos denominados “territórios ocupados”, em que mnedida o congelamento dos assentamentos –embora fosse temporal- afecta à sua vida e impacta noutras partes de Israel?

A restricção do desenvolvimento dos assentamentos –e já se tem dado um congelamento durante os últimos sete anos- tem-se traduzido numa paulatina expulsão dos judeus de Yehuda e Shomron. Os nossos filhos, que casaram aquí, não têm onde viver e, de facto, já estám expulsados. Nem sequer podem alugar uma estância, e rematam por ter que marchar. Sem este processo de expulsão encoberto, não seríamos 350.000, senão 700.000 os judeus vivendo nos assentamentos.

Há uma grande demanda de lugares onde viver em todo Shomron. Os jaredim vivem numa extrema penúria. Foram expulsados mediante uma política de elevação de alugueres de Bnei Brak, e agora não têm onde ir. Assentar-se nas colinas é algo mais que isso, representa o nosso irrenunciável direito a toda Eretz Yisrael, e não apenas onde outros nos digam que podemos viver. Este congelamento é uma forma de sofocar os assentamentos, e a capitulação nesta questão cruzial demonstra a debilidade e a concorrência com o que exigem os inimigos de Israel.


Como professor, e à vista do adoutrinamento post-sioinista da juventude israeli actual, que fazeria você para implementar um câmbio?

O Rabbi Kahen dizia que em Israel edificáramos o maior movimento judeu juvenil para nada. A juventude actual não aposta pelo post-sionismo. Não apostam por nada, nem poelo passado nem pelo futuro. Isto é lamentável. A noite das eleições, quando escuitei que Kadima lograra 28 postos, chorei. Kadima é um partido que não aposta por nada. Como é possível que um de cada quatro eleitores neste país votasse por nada? Um dos maiores problemas hoje é a inexistência de estrutura familiar. A rátio do divórcio está incrementando velozmente, e o público secular já não acredita na santidade do matrimônio. Actualmente estou trabalhando num programa na Knesset para a melhora dos valoires familiares, algo que não é singelo hoje em dia.

Qual é a sua opinião sobre a ameaça iraniana?

Não tenho tanto temor da ameaça iraniana como da ameaça de evacuar Eretz Yisrael. Sim, Ahmadineyah está tolo, e a possibilidade de que faga algo imprevisto e perigoso está aí. É um problema que empiorará se não o afrontamos. Mas é um problema que temos a capazidade de ressolver. Aínda mais, a ameaça iraniana não é apenas contra nós, senão contra toda a humanidade. Se nos atacam, isso afectará a todo o Meio Leste, aos europeus e toda a zona ao nosso redor. E Ahmadineyad não é o poder supremo. Iran está dirigida por um Governo que não quererá sofrer as conseqüências.

Vejo que aos EEUU e à União Europeia lhes convém que Iran nos esteja ameaçando. Mas acredito que o problema iraniano está sacado da sua justa proporção. Estou muito mais preocupado pelas conseqüências de entregar os nossos territórios. Para mim esta é uma ameaça muito maior e real. A ameaça iraniana é mais uma ameaça de papel, mentres que entregar os assentamentos é uma espada real que pende sobre as nossas cabeças.


Por que não há protestas massivas em Israel contra a pressão actual da Administração Obama?

Porque a gente não o vê como uma ameaça iminente. Há lugares em Israel onde a gente protesta se sube o preço do pão dez agurot, mas não se movilizam se o que está em jogo é o orgulho nacional. Nalguns países, os cidadãos têm um sentido tão forte do orgulho nacional que queimam objectos e revoltam-se nas ruas se a sua equipa nacional perde. A questão é: se Medinat Yisrael tem que ir à guerra, o país vai-na respaldar? Respalda a gente a Eretz Yisrael o suficiente como para combater por ela?

Existe um ponto de ebulhição para cada nação, e o povo israeli aínda não tem chegado a ele. Temos a obriga de lutar pelos genuínos valores morais judeus, e não podemos claudicar no reconhecimento do nosso destino como nação judia.


Entrevistado por SARA LEHMANN

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