18/04/10

AS SANÇÕES NÃO SÃO ETERNAS


Regressemos a 1995. Israel tratava de eliminar a Fathi Shkaki, o fundador da Yihad Islâmica Palestiniana (PIJ). A opção mais singela, assassiná-lo em Damasco, foi rechaçada porque poderia afectar às conversas de paz sírio-israelis que estavam tendo lugar. Síria, sem embargo, não tinha problema algum em hospedar à PIJ, que nesses momentos levava todo tipo de ataques terroristas em Israel.

Este exemplo ilustra a diferença entre a actitude israeli e a árabe ante a paz: Israel estaria disposta ao que for por lograr uma sinatura num acordo, mentres os árabes, como muito, o contemplariam com benevolência sem mover nem um dedo.

Egito emprendeu três guerras contra Israel, e instigou inumeráveis confrontações, mas Sadat negou-se a fazer nem o mais anecdótico gesto de ceder a Israel apenas uma ridícula faixa de terreno no Sinai com assentamentosjudeus para evitar a Begin a vergonha de ter que evacuar a todos os judeus. Israel entregou duas terceiras partes do seu território, os seus únicos poços de petróleo e depósitos de urânio, a profundidade estratégica, importantes instalações militares e assentamentos politicamente muito significativos, sem que Egito nem sequer prometesse não voltar a emprender uma guerra terrorista contra ela. Desde os Acordos de Camp David, Egito tem continuado a sua estreita cooperação com Hamas e Fatah. A sua população, dirigentes e mass media seguem sendo igual de hostis face Israel como sempre.

É certo que não tem havido guerra entre Israel e Egito durante três décadas, mas não cumpre atribui-lo ao acordo de paz. Egito subverte exitosamente a Israel atravês do terrorismo palestiniano, como tem feito desde 1948. E o que é aínda mais importante, a população egípcia tem-se ido fazendo mais consumista, e portanto menos belicosa. Nasser incitava a revolta incrementando o preço regulado do açúcar; com Mubarak, incrementos de preço muito mais drásticos não têm provocado distúrbios. Doutra banda, um agressivo Governo egípcio sob a dirigência dos Irmãos Muçulmães levaria à população a enfrontar-se abertamente a Israel em questãode meses, e utilizaria todas as armas que o regime moderado de Mubarak tem adquirido com a ajuda dos EEUU.

Derrotada em três guerras, Síria exige um alto preço por um tratado de paz: os Altos do Golan e o Kineret. O Golan formou parte de Síria entre 1929 e 1967 –menos tempo do que tem estado sob soberania israeli. Historicamente, a reclamação síria sobre o Golan é equivalente às suas pretensões sobre o Líbano ou a Galilea: todos eles foram territórios sírios na noite dos tempos. Num rasgo de arrogância, Síria exige também a metade do Lago Kineret porque ocupava uma pequena porção da sua beira em 1948 antes de que em 1967 os expulsássemos dali. Síria está tão segura de que Israel quer a paz, inclusso a esse preço, que se permite dar asilo a todo tipo de grupos terroristas ánti-israelis. E não se trata de que Síriua seja demassiado débil como para expulsá-los: em várias oportunidades clausurou os campos de trainamento iranianos de Hezbolá, expulsou a Moughniye do Líbano com destino Iran, e combateu e expulsou à OLP. Há algumas décadas, Israel bombardeou Egito como resposta aos ataques terroristas que se produziam desde o seu território; e a ninguém mais, nem sequer a Síria. Os orgulhosos iranianos suspenderam uma cooperação encoberta com Israel –que, na realidade, não necessitavam para ter subministro de armas- em base a um incidente trivial relacionado com a entrega de fotografias tomadas desde satélite a Irak das infraestruturas militares iranianas. Israel continua as negociações de paz com Síria, a pesar da aberta violação síria do acordo de alto o fogo, com o seu apoio ao terrorismo contra Israel; presumivelmente, não haveriam de ter problema em violar também um tratado firme de paz. De modo humilhante, Israel implora aos sírios que modifiquem os termos dum acordo. Nem toda a mediação internacional do mundo logrará que Síria permita a Israel lavar a sua image mediante um acordo de “leasing” dos Altos do Golan a Síria, em vez de ter que lhos devolver.

Os palestinianos são o epítome da luta árabe contra Israel, e não estám dispostos a aceitar menos que sírios ou egípcios. Daí a sua exigência duma solução que inclua o 100% do “seu” território, que implicaria a retirada de Israel às fronteiras de 1948. Desde essa perspectiva, Olmert teve o acerto de oferecer aos palestinianos o 100% do West Bank mais Jerusalém: eles nunca aceitarão uma oferta inferior a essa. Nunca saberemos se foi sinceiro: obviamente, os palestinianos manifestaram o seu desacordo com essa oferta do 100% do território, que incluia um intercâmbio territorial no que Israel retinha alguns blocos de assentamento e os palestinianos eram compensados com outras áreas adicionais. Nesse desenho, a fronteira teria absorvido algumas aldeias palestinianas dentro de Israel, algo ao que os palestinianos não estám dispostos. Doutra banda, qualquer Governo israeli no que não esteja Sharon “O Bulldozer” teria graves problemas para evacuar aos judeus dos assentamentos –e ainda mais nas grandes vilas do West Bank.

Os palestinianos também não podiam aceitar outra das propostas de Olmert: internacionalizar Jerusalém, em vez de deixá-la sob jurisdicção árabe. Ao contrário que os judeus, os árabes acreditam firmemente que Jerusalém lhes pertence, e não estám dispostos a comparti-la com infideis. Com as mordidas adequadas aos partidos religiosos, a Knesset aprovaria sem problema o abandono da Cidade Velha de Jerusalém aos árabes ou a ONU.

Qualquer acordo de paz com os palestinianos deixaria a Israel sem Judea, Samaria e Jerusalém. Qual é o aspeto positivo? As nossas relações com os países muçulmães provavelmente melhorariam; as relações de Arábia Saudi com Israel já não se limitariam ao Mossad, nem as de Aman à diplomacia das embaixadas. Mas esse mero formalismo em nada modificaria a hostilidade inata: igual que o mundo cristão nos tem odiado durante séculos –a pesar de não nos ter apoderado nem dum ápice do su território- o mundo muçulmão seguirá odiando-nos sem necessidade de razão alguma. Para além de que sim que contarão com uma boa razão: a continuidade da presença de Israel no que vinha sendo território muçulmão. Por se isso não for suficiente, Hezbolá já está acusando a Israel de ter arrebatado aldeias chiítas na Galilea. Os árabe-israelis sempre se sentirão perseguidos ou insuficientemente recompensados pela sua “lealdade”; sob o pretexto da democracia, exigirão um Estado etnicamente cego, privado inclusso de qualquer simbologia judia. Com muçulmãos e judeus em permanente roze, sempre viviremos no mio dum campo de electrticidade estática. Iran, Sudan, Afeganistão, Somália, poderiam em qualquer momento proporcionar refúgio seguro às guerrilhas ánti-israelis. E de não serem capazes de achar refúgio, o terrorismo de base retroalimentaria-se.

Mas, doutra banda, é impossível para Israel permanecer desafiante à pressão internacional de rematar com o conflito palestiniano. Com a UE afastando-se gradualmente de Israel, as sanções tipo Sudáfrica estám à volta da esquina.


Contudo, existe uma solução. Não é agradável, mas podemos consolar-nos sabendo que está prescrita na Torá: limpar a Nossa Terra de adversários. Contrariamente às nossas iniciativas semelhantes de sesenta anos atrás, uma actitude tal poderia conlevar sanções. “Poderia”, porque Rússia poderia ser induzida a vetar as resoluções do Conselho de Seguridade da ONU ao preço de que Israel se aliasse no sucessivo com eles em vez de com os EEUU –no caso de que os EEUU não exercesse o veto. Mas já for a nível da ONU ou de alguns países a título individual, caberia agardar sanções significativas. Tamanhe desenlaze não é que seja inevitável –alguns países occidentais têm perpetrado atrozidades muito maiores impunemente em épocas bem recentes; mas é uma possibilidade e, portanto, cumpre estarmos preparados. A provabilidade das sanções seria menor se Israel agir velozmente, fazendo os seus deveres em poucos dias, antes de que osmass media internacionais começassem com as suas indignadas protestas.

O melhor das sanções é que sempre são algo temporal. A mobilidade social entre os palestinianos é maior do que era há quatro gerações. Os novos exilados não teriam por que permanecer nos campos de refugiados de Síria ou Líbano, senão que poderiam marchar e ré-assentar-se noutros sítios. Nuns poucos anos, o mundo teria-se acostumado a esses novos refugiados, igual que fixo com os seus avós. Assim, em pouco tempo as sanções iriam rematando, na medida em que Israel fosse achando espitas para o bloqueo económico. Numa década –ao sumo- as sanções teriam sido revocadas de facto. Aos governos árabes e occidentais importa-lhes uma figa os palestinianos. Um acordo de paz ou a deportação rematariam com a pataca quente de modo igualmente efectivo.

Qualquer outra solução despojaria a Israel das suas áreas fundamentais e seguiríamos com os mesmos problemas que hoje padecemos.


OBADIAH SHOHER

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