18/04/10

A INTOLERÂNCIA É POSITIVA


A bondade é algo natural. E o que é natural, habitualmente, é bom. Mediante a prova e o erro, as sociedades desenvolvem pactos mutuamente beneficiosos –bons. Agir contra a sociedade, geralmente, implica agir contra a bondade desenvolvida dum modo natural. A gente é educada na aversão de opôr-se à sua própria sociedade, e não combate a maldade, acreditando que esta é apenas uma aberração passageira.

A bondade não precisa combater a impureça, sob pena de converter-se ela própria em perversa Inquisição. Mais bem, ao igual que D’us separou o dia da noite e a Israel dos demais povos, a gente boa debe ser capaz de afastar-se da maldade do mundo. Vivendo isolados, servirão de faro para todas as nações: um faro brila e alumea a ruta, mas não é quem governa os barcos. Assim Israel é um lugar só para gente boa, onde praticar a bondade divina.

A gente boa é indulgente. A pureça, em palavras de Umberto Eco, implica uma urgência perigosa, e não é o mesmo que a bondade. A gente boa não é militantemente purista. A gente boa não é capaz de combater o mal –e este soe rematar submetendo-a. O seu único modo de preservar a bondade é afastar-se dos perversos, já seja constituíndo ghettos ou assentando-se em Judea.

Fóra de isso, a bondade sempre requere do punho, como nos ensina diafanamente a Torá. Os bons judeus exterminaram a Amalek e executavam a quem transgredia o Shabat. Invadiram Canaan, arrebataram a terra doutros povos, e aniquilavam aos agressores com pretextos triviais.

A tolerância e a observância da Lei condicionam a bondade afastando-a da disuasão e da resposta desproporcionada. A Torá  prescrevia sabiamente respostas desproporcionadas como a multa doble por roubo, presumindo que alguns crimes resultam impunes e que o seu castigo poderia fazer que a actividade criminal não merecesse em absoluto a pena. Não sucede o mesmo hoje. Quando um árabe insulta a um judeu, este último não pode responder fisicamente, ou corre o risco de ser arrestado. Qual é a alternativa?, insultá-lo à sua vez? Quando os árabes arrasam Israel com mísseis Qassam, não podemos represaliá-los de modo que não fique um árabe a cem quilómetros à redonda para encender-nos o cigarrinho. Qual é a resposta proporcionada para um árabe de dez anos lançando pedras contras os automóveis israelis? Qual é a resposta proporcionada para um parlamentário árabe da Knesset exigindo a soberania muçulmã sobre o Monte do Templo? Egito começou quatro guerras contra nós; em todas saiu derrotado, mas não perdeu nem um ápice do seu território. Síria tem propiciado outras tantas guerras, e agora exige os Altos do Golan a câmbio da “paz”; foram eles quem atacaram, e perderam –mas, na realidade, não perderam nada.

A gente perversa sempre está atacando, mas aos bons só se lhes permite estritamente a defesa proporcional, e isso inclusso tendo a obriga de perdoar –como no caso dos jóvenes árabes que lançam pedras ou os terroristas encarcerados que fracassaram no seu intento de converter-se em assassinos. Quando as ofensas não são castigadas, o crime converte-se em algo sumamente proveitoso. Uma defesa tolerante supõe a mera restauração do status quo ante: quando alguém trata de dar um punhetaço ao teu nariz, só estás autorizado a esquivar o golpe; aínda pior, segundo a regulação das IDF, tes que apartar o teu nariz e saír correndo dos que te arrojam pedras. A simples restauração do status quo ante brinda seguridade a quem ofende: no pior dos casos para ele, fracassará no seu intento. O castigo é improvável, e qualquer forma de sofrimento, por suposto, inconcevível.

A tolerância sempre é uma táctica perdedora. Numa série continuada de actos beligerantes, alguns ficarão sem resposta –sobretudo se são de pouca entidade. A posição da parte tolerante deteriora-se constantemente, na medida em que o agressor se crece. Se o status quo ante não é restituído ao menos no 10% dos casos, a tolerância traduze-se numa perda maior tras centos de miles de incidentes. Israel sabe-o pelo roubo de terras por parte dos árabes, os crimes e a evasão fiscal.

A restauração estrita da situação prévia tem sentido quando o Governo se enfronta a criminais desorganizados. Cada um de eles tem os seus próprios interesses, e nenhum grupo estatisticamnte significativo é responsável pelo seu crime. Nesse suposto não é aplicável uma política a grande escala. Mas a situação israeli respeito dos árabes é distinta. Quatro milhões de árabes em Israel e os seus arredores, socavam cotidianamente as leis e os interesses dos judeus. Os árabes movem-se segundo uma estratégia implícita e explicitamente concertada. A polícia não é quem de perseguir fisicamente a cada agressor e de arrestar a cada um dos miles de participantes numa algarada. Ou a cada um dos evasores de impostos (todos eles árabes). A empressa que gestiona a água não pode denunciar ou curtar o subministro, sendo realistas, a cada árabe que não faz fronte aos seus recibos. A única alternativa apresenta-se entre entregar o nosso país aos árabes ou aplicar um castigo eficaz, colectivo e desproporcionado.

A tolerância significa apenas isso: tolerar a agressão permanente.


OBADIAH SHOHER

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