22/04/10

A CARTA SECRETA DE BIBI A OBAMA


Querido Presidente Obama,

entristece-me ter que ser tão franco com você, franco e descortês, mas o nosso último encontro não rematou prazenteiramente. É duro admitir o contraste: você inclina-se ante um obsceno tirano, você bromea com os corruptos caudilhos latinoamericanos, mas depois vai e insulta-me –ao Primeiro Ministro do melhor amigo dos EEUU, Israel.

Devo concluir que o seu amigo, Rashid Khalidi, não esteve falando em váu com você durante todas aquelas ceias e festas que compartiram?

Alguns problemas geopolíticos são complicados na superfície, mas indo um pouco mais ao fundo soe jazer uma verdade simples que os esquerdistas educados entre a elite, como você, não são capazes de reconhecer. A verdade do nosso conflito com os árabes não ocupa mais que um par de dúzias de palavras:

O muçulmães não estám dispostos a aceitar que os infieis controlem um troço de terra que eles considerem território sagrado do Islám até o fim dos tempos.

Rashid Khalidi nunca tem sido sincero com você neste ponto. Ele explicou-lhe que os judeus de Israel eram odiados pelo trato que dam aos muçulmães palestinianos. Ele nunca explicou a você como tratam aos árabes palestinianos no Líbano, ou como são tratados outros muçulmães pelos seus irmãos de fê. Observe a matança massiva que os muçulmães perpetram os uns contra os outros em Irak, ou no Yemen.

Ou pode que Khalidi sim falasse de isso –e que explicasse a você que os muçulmães se decapitam uns aos outros e mandam a reventar-se a mulheres e crianças devido ao terrivelmente humilhados que se sintem pelos judeus israelis.

Na longa lista dos mais violentos conflitos, em termos de contabilidade de cadavres, desde a 2ª Guerra Mundial, o conflito árabe-israeli figura no posto nº 49. Isto supõe o 0’06% do total de vítimas desde então.

Não é algo do que devamos estar orgulhosos –é atroz figurar nessa lista. O nosso conflito com os árabes, desde 1948, tem suposto um custe em vidas humanas de 50.000 pessoas, incluíndo os soldados de ambas partes.

A guerra civil em Algéria custou a vida a umas 200.000 pessoas –tão valiosas como aqueles que caíram nas nossas guerras e confrontações com os muçulmães. Essas perdas apenas são nunca mencionadas pelos mass media norteamericanos, nem formam parte da narrativa de Rashid Khalidhi, que soe ser, mais bem, deste teor:

Os árabes estám ofendidos pelo trato que os palestinianos recebem dos judeus israelis, aos que você respalda, e quando os árabes palestinianos tenham o seu próprio Estado no West Bank e Gaza, os árabes serão um grupo de indivíduos felizes, começarão a querer aos EEUU, e Osama bin Laden passará o resto dos seus dias cuidando as vermelhas barbas dos seus colegas talibães em Kandahar.

Você está sincera e profundamente impressionado por Khalidi. Você falou na sua festa de despedida em Chicago, depois de que Khalidi fosse nomeado Professor de Estudos Árabes Modernos na Universidade de Columbia.

Existem vídeos da sua asistência, mas “Los Angeles Times”, que obtiveram uma cópia, segue negando-se a fazer público esse documento.

Nós também obtivemos uma cópia desse vídeo –possuímos bons contactos, já sabe, aquí e alá. Não é um espectáculo edificante, certamente, o de ver a você falando nesse evento. Comprendo que você não queira que os seus amigos israelis o vejam, e os donos de “Los Angeles Times” sintem-se a gosto ocultando-o aos norteamericanos. Não se preocupe, meus lábios estám selados. Mas está claro que não posso considerar a você um amigo de Israel.

Sr. Presidente: imaginemos que o ano que vem constitui-se um Estado Palestiniano. Ou dois, que mais dá. Um Estado de Hamas e outro Estado no West Bank. Nunca mais presença militar israeli entre Tel Aviv e o Rio Jordão. Que Jerusalém Leste é a capital do Estado do West Bank, sem muros de separação, aberta à parte occidental. Gaza é a capital do Estadio Palestiniano occidental. E que uma autoestrada conecta estes dois Estados -por que não?-, acrescente-o também à cesta. Pido-lhe que imagine que isto chega a suceder. E pido-lhe que você se faga absoluto responsável do que suceda.

Porque eu não posso.

Eu apenas estou interessado numa só coisa: a seguridade. Nós, os judeus, temos uma certa obsesão com a seguridade. Algumas coisas desagradáveis têm-nos acontecido recentemente na nossa história e nos dois mil anos precedentes. Como resultado de isso, somos um pouco alérgicos às situações de perigo e temos a mania de tomar-nos as ameaças em sério. Hamas estabelece na sua Carta Fundacional que tem como objectivo destruir aos judeus, dado que os judeus são os inimigos eternos do Islám. São respaldados nisto pelos seus amigos do Líbano e Teheran, que recentemente foram anfitriões duma denominada Conferência sobre o Holocausto na que se questionava que o Holocausto tivesse acontecido realmente.

O seu amigo Rashid Khalidhi tem convencido a você de que tudo cambiará no mundo islâmico uma vez que os palestinianos tenham o seu próprio micro-Estado ao oeste do Rio Jordão e ao leste de Tel Aviv (a apenas três milhas da nossa cidade mais populosa). E você tem acreditado.

Você acredita, certamente, que os muçulmães serão membros leais e satisfeitos das suas sociedades a partir do momento em que você inaugure uma Embaixada em Jerusalém Leste, não sim? Você acredita realmente que os terroristas suicidas potenciais começarão a estudar a língua escandinava, em vez de adicar-se a destruir famílias inteiras? Acredita, em verdade, que os palestinianos deixarão imediatamente de lançar mísseis contra Israel no momento em que a bandeira palestiniana ondee no cúmio do Monte do Templo? Não mais artefactos explossivos dezmando os seus heróis militares no Afeganistão, não mais “estudantes” talibães arrojando ácido nos rostos das rapazas nas escolas. Tudo cambiará a partir do momento em que Palestina nasça. Você, certamente, acredita nisso, não sim?

Você, realmente, acredita que os muçulmães o venerarão a partir do momento em que logre que os judeus israelis se axeonlhem.

Você pretende que eu corra o risco de comprovar se você está equivocado. Mas não o penso fazer.

Não posso aceitar o seu experimento. Porque estou absolutamente convencido de que a violência continuará, que se incrementará. Os seus homens seguirão sendo aniquilados em Irak e Afeganistão pelos mesmos inimigos. Nós não somos o problema, neste conflito erroneamente denominado “palestiniano-israeli”. O problema são os valores fundamentais do mundo islâmico.

Os nossos problemas com os muçulmães não são devidos ao trato que proporcionamos aos palestinianos. As injustiças no nosso país –que as temos, e tratamos de combatê-las- e nos territórios que controlamos militarmente são muito menos gravosas que as injustiças no mundo muçulmão. E, por suposto, menos crueis.

O nosso conflito radica no enorme escândalo de que um insignificante país como Israel possa patentar mais inventos e achádegos científicos, ano tras ano, que todos os países muçulmães juntos. Contamos com mais pessoas galardonadas com o Prémio Nobel que todo o mundo islâmico junto. Um mais alto nível de vida, mais liberdades, uma justiça independente. Pacíficas transmisões de poderes entre os políticos eleitos.

Acredita você, de verdade, que estes grandes logros israelis têm-se producido a costa dos árabes?

Temos nós roubado as suas liberdades, a sua independência judicial, a sua criatividade, os seus Nobel?

Nós construímos a nossa Terra sobre areia seca e estéril, sem dinheiro procedente do petróleo. Os príncipes saudis escolheram edificar um Estado medieval de pervertidos e hipócritas com toda a riqueza do seu petróleo.

Não se trata de nós. Trata-se do espírito que alimenta o Islám. Trata-se da sua falha de curiosiade, da sua carência de debates e de crítica. A ausência duma arte livre, de discurso livre, de investigação científica livre, uma revolução de espíritos livres, de direitos para as mulheres, de cosmopolitismo urbano –a ausência de respeito por tudo aquilo que se desvie dos medievais conceitos do Islám.

É delirante acreditar que você pode resolver os nossos problemas ou criar da nada um meio onde os palestinianos possam transformar a sua sociedade à modernidade, num Estado aberto com plena divisão de poderes.

Em Gaza, os palestinianos eligiram para governar o seu destino um partido islamo-fascista. De producir-se eleições livres no West Bank, fazeriam o mesmo. As famílias tribais dos territórios palestinianos ódiam-se entre elas mais aínda do que nos ódiam a nós.

Você não tem nem ideia. Nem ideia do que se passa no Meio Leste e no mundo árabe. Não é o que Khalidhi lhe tem contado –um conflito baseado num punhado de judeus que pleiteam por uma faixa de terra que ocupa a metade do tamanho do jardim de Bill Gates. Trata-se do declive duma velha civilização, o Islám, tras o colapso do Império Otomano. Trata-se de grandes acontecimentos, grandes sucessos históricos –com grandes conseqüências.

Quiçá os nossos Pais Fundadores cometeram um erro –teria sido mais seguro estabelecer o novo fogar nacional judeu na Florida. Mas temos uma história que nos vincula aquí, que se remonta a mais de três milênios, e que pesou decisivamente na nossa determinação. Não está você dacordo?

Você contempla o mapa do nosso exíguo país e as suas zonas fronteirizas, e acredita que é possível achar a solução desde onde está você. Mas está equivocado. Trata-se da cultura. Das tradições tribais. De contos dum Profeta que marchou voando aos Céus aos lombos dum cavalo, utilizando Jerusalém como rampa lançadeira. Árabes e muçulmães estám tão obsessionados com os seus delírios de grandeça medievais –legitimados pela sua mitologia religiosa- que são incapazes de viver no presente e têm medo do futuro. Esse é o motivo de que não tenham gente galardonada com o Prémio Nobel, nem inventos apassionantes, nem indústrias ponteiras.

Não se trata de nós, Sr. Trata-se de eles. Por favor, pense ao respeito a próxima vez que se incline ante um pervertido jeque saudi, ou me deixe só num quartucho mentres você marcha a cear.

O seu amigo,

Bibi.



LEON DE WINTER

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