18/04/10

QUANDO ARMAGEDON É O TEU VIZINHO

Eu tomo-o como algo pessoal: o Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadineyad, quere assassinar-me, à minha família e ao meu povo. Dia sim, dia não, anuncia a iminente desaparição do “regime sionista”, como ele denomina a Israel. Dia sim, dia não, os seus científicos e engenheiros avançam um passo mais face o armamento atômico que propiciará que faga aquilo realidade.

Os judeus de Europa (e os polacos, russos, checos, franceses, etc.) deveriam ter-se tomado como algo pessoal as ameaças de Adolf Hitler e o seu desafio em série à comunidade internacional de 1933 a 1939. Mas se lhe permitiu, por parte das grandes potenças e da Liga das Nações, exercitar os seus músculos, rearmar-se, remilitarizar o Rhineland e, finalmente, engolir aos países vizinhos. De ter sido freado antes da invasão de Polônia e o começo da 2ª Guerra Mundial, as vidas de muitos milhões, judeus e gentis, teriam sido salvadas. Mas não o foi.

Nem semelha que o vaia ser Ahmadineyad. Não pelos EEUU e a comunidade internacional, em todo caso. O Presidente Obama, obsessionado na sua fê nos sempiternos agraviados palestinianos do West Bank e Gaza, propõe deter o programa nuclear de Ahmadineyad mediante sanções internacionais. Mas velqi o paradoxo: quanto mais trata de extender Obama a sua rede para mobilizar aos actores internacionais, mais débeis são as sanções e mais remota a sua posta em prática. China, segundo semelha, só subscreverá uma resolução do Conselho de Seguridade da ONU se as sanções se reduzem a um nível insignificante (e pode que nem sequer assim). Outro tanto sepode dizer dos russos. Mentres, Iran avança imparável face a consecução da bomba. A maior parte das agências de inteligência internacionais acreditam que está de um a três anos de distância.

Quiçá Obama (e talvez Europa) pretende implementar unilateralmente umas sanções mais severas. Mas se Rússia e China (e alguns membros da União Europeia) não movem ficha, as sanções não serão eficazes. E Iran continuará a sua mortífera carreira.

A finais de 2007, os serviços de inteligência dos EEUU, levados pelos bons desejos, o oportunismo e a incompetência, anunciaram que os iranianos detiveram em 2003 a pate estritamente militar do seu programa nuclear. A semana passada, Obama contradiizeu explicitamente esta afirmação. Quando menos, agora a Administração norteamericana reconhece publicamente aonde se encaminha Iran, embora aínda não admita o que persegue –primordialmente, a destrucção de Israel.

Dacordo, Obama tem tratado de mobilizar à comunidade internacional a prol das sanções. Mas tem sido uma tarefa inútil, dado o egoísmo e a miopia de Governos e povos. As sanções eram esperadas para o outono de 2009; depois para Dezembro; agora semelha que neste ano será dificil. E Obama segue empurrando a roca face o cume –e Ahmadineyad, comprensivelmente, tem passado à fase de fazer bulra de Occidente e das suas “sanções”.

Isto fai-no porque sabe que as sanções, no caso de chegar a aprovar-se, serão inofensivas, e porque a opção militar, por parte dos EEUU, tem sido retirada do tabuleiro de jogo. Obama e o Secretário de Defesa, Robert M. Gates –levados por um staff militar que se sinte superado em Afeganistão, Pakistão e Irak, e uma opinião pública cujo estómago não está para mais guerras- tem deixado este último aspecto cristalinamente claro.

Mas ao mesmo tempo, Obama insiste em que Israel não pode lançar um ataque preventivo pela su conta. Demos-lhe uma oportunidade às sanções, afirma. O ano passado manifestar que cumpria dar uma oportunidade à diplomácia e o “compromiso” com Teheran. Teheran fixo como que não escuitava, e segue sem escuitar. O problemático é que, incusso se umas sanções severas chegassem a ser impostas, provavelmente não o sejam com o tempo suficiente como para ter um efecto sério antes de que Iran construa a bomba.

Obama está, sem nenhum género de dúvidas, ao tanto deste problema de calendário. O que faz que a sua proibição a Israel de que emprenda um ataque preventivo seja aínda mais imoral. Ele é consciente de que quaisquer sanções que trate de implementar não vam deter aos iranianos. De facto, Ahmadineyad dio a semana passada que as sanções apenas fortalezeriam a determinação de Iran de consolidar a sua destreça tecnológica. Obama está negando a Israel o direito de auto-defesa quando não se trata da sua vida, nem da dos EEUU, o que está em jogo.

Quiçá Obama se tenha resignado ante as ambições nucleares de Iran e acredite, ou agarde, que a disuasão evitará que Teheran desenvolva o seu arsenal nuclear. Mas que se passará se a disuasão não logra esse objectivo? Que sucederá se os mulás, acreditando que estám realizando a vontade de Alá e que disfrutam da protecção divina, nem se imutam?

O veto dos EEUU pode, chegado o caso, condear a milhões de israelis, nos que me incluo junto com a minha família, a uma morte prematura e a Israel ao politicídio. Seria algo semelhante ao veto que a Grande Bretanha e França impugeram no outono de 1938 aos checos que pretendam defender a sua integridade trritorial contra os seus carronheiros vizinhos názis. Em apenas seis meses, Checoslováquia era devorada por Alemanha.

Mas seguirá o Primeiro Ministro israeli, Binyamin Netanyahu, os passos do Presidente Checo Edvard Benes? Consentirá um veto dos EEUU a costa dos interesses existenciais de Israel? E poderá Israel fazer o trabalho em solitário, sem a luz verde (ou, quando menos, amarela) dos EEUU, sem o respaldo político norteamericano, os permisos para sobrevoar terceiros países e o equipamento adicional dos EEUU? Muito dependerá na fê que os serviços de inteligência e o staff militar israelis tenham no que as suas próprias forças –aéreas, navais, comandos,…- poidam lograr. Uma destrucção absoluta do projecto nuclear iraniano? Demorá-lo a um longo praço? E qual será a reacção de Iran e os seus sócios, Hezbolá, Hamas e Síria?

Um ataque israeli poderia danar os interesses dos EEUU e perturbar os abastecimentos internacionais de petróleo (embora eu duvide que fosse provocar ataques directos contra as instalações dos EEUU, as suas tropas ou cidadãos). Mas, desde a perspectiva israeli, tudo isso são necessariamente considerações marginais se comparadas com o dano mortal que Israel e os israelis sofreriam no caso dum ataque nuclear iraniano. Os cálculos de Netanyahu devem responder, em último caso, à sua percepção de quais sejam os imperativos existenciais de Israel. E o relógio avança inexorável.



BENNY MORRIS

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