22/12/09

IDÓLATRAS DA PAZ



O Governo de Israel está paralisado pelo terror. Todos sabemos o que suporia asinar um tratado de paz com Síria ou os palestinianos. Toda vez que a paz se tem convertido num mantra, e o tratado de paz no seu representante na Terra, todo o mundo aceita que a paz require sacrifícios. Nesta ocasião a oferenda a sacrificar ante o ídolo são a carne judia –das vítimas do processo de paz- e a terra de Israel.

Sem dúvida, Israel entregará os Altos do Golan. Para além das ameazas de anexioná-los, nenhum Primeiro Ministrto tem acreditado em sério que Síria estaria disposta a asinar um tratado de paz com Israel sem o Golan. Não é que os Altos tenham importância para Síria –só os possuiu entre 1929 e 1967. Ou, dito doutro modo, a paz é intrascendente neste caso. Contrariamente a Israel, Síria não contempla o tratado de paz como um fim em sim próprio. Para maiores concessões –o reconhecimento diplomático dum Estado judeu no que consideram terriotório da Grande Síria- os sírios querem um pago tangível, como mínimo os Altos do Golan e o Lago Kineret. Os sírios não cesarão nas suas exigências por uma simples razão: não necessitam um tratado de paz. Ao contrário que os exóticos judeus, que siguem suplicando paz tras ganhar três grandes guerras e infinidade de pequenas confrontações, os sírios não têm presa por alcanzar a paz. Israel está abarrotada de tarados que insistem em forzar ao Governo para asinar a paz com Síria, mas em Síria nenhum político reclama a paz. Assim as coisas, nada tem de raro que seja Israel quem acabe pagando o maior prezo.

É muito alto esse prezo? Não em excesso, em todo caso. Por suposto, não podemos acreditar em qualquer promesa síria de desmilitarizar os Altos do Golan. Nada impede que Síria câmbie de parecer tras asinar um tratado, e Israel pouco poderia fazer. A comunidade internacional não apoiaria que Israel rompesse o tratado de paz atacando Síria ou ré-militarizando os Altos –igual que permaneceu indiferente ante a r-emilitarização do Rhin, ou de Sinai em 1967. O pensamento racionalista é primitivo: queda-se com o acto final, passando da complexa cadeia de acontecimentos que levaram até aí. Atacando Síria tras a ré-militarização dos Altos do Golan, significaria que Israel fosse tachada de inimiga da paz, ao igual que se passou quando agimos de modo preventivo em 1967. Síria, como Egipto em 1967, apenas veria afeada a sua conduta por violar um tratado.


Doutra banda, a militarização síria dos Altos do Golan não supõe uma ameaza séria para Israel. Poderíamos identificar todas as suas instalações ali e seríamos capazes de destrui-las nos minutos iniciais de qualquer guerra. Os tiroteos terroristas seriam improváveis: Síria carece dum historial de atacar Israel desde o seu próprio território –apenas através de intermediários. A perda das estações de alarma temprana seria uma mágoa, mas os radar tipo American-X no Negev compensaria a perda.

A única razão para ter algo que objectar à devolução dos Altos do Golan e entregar a metade do Lago Kineret é de índole irracional, embora o facto de que seja irracional não a faz menos real. A perda seria extremadamente lamentável para a moral israeli. O Sinai pertenceu-nos por apenas doze anos, e opoucos são os israelis que se têm aventurado nele. Gaza, Judea e Samaria são importantes só para uma exígua minoria nacionalista. O caso dos Altos do Golan é completamente diferente: esse território tem-nos acompanhado durante mais de quatro décadas. É o lugar perfeito para os esquerdistas, onde inclusso os yónkis do pacifismo de Tel Aviv vam a esquiar e fazer trekking. É um território paradisíaco; não como as áridas dunas de areia em Gaza. Três gerações de israelis têm crecido com a íntima convinção de que os Altos são “nossos”. Abandoá-los suporia um insuflar um respiro ao nacionalismo israeli, que rasgaria a conciência tanto da esquerda como da direita. E a câmbio de nada! Bedgin, pelo menos, entregou o Sinai para evitar guerras maiores. Foi um crime, uma estupidez estratégica, um acto de traição. Não existe uma excusa equiparável no caso de Síria, que é incapaz de combater abertamente contra Israel, inclusso com o apoio de Iran.

Algo semelhante sucede respeito os palestinianos. Os seus dirigentes têm feito uma aposta muito arriscada exigindo Jerusalém, o Monte do Templo e o 100% de Judea e Samaria. Agás com um dirigente que goze dum apoio popular excepcional ou fortemente autoritário, nenhum político palestiniano poderá agora achicar-se na aposta. Os políticos israelis conheciam os termos desde os Acordos de Oslo, e só têm ido demorando a discussão. Agás que decidamos anexionar-nos os territórios e expulsar aos seus nativos, não existe base para um tratado de paz com os palestinianos, para além de ceder às suas demandas. Ao igual que os sírios, vivem a conta do seu status quo. Os palestinianos têm direitos soberanos sem obrigas soberanas. Não têm que procurar-se sustento, mas apenas viver como parásitos da ajuda internacional e o roubo massivo que perpetram do Estado de Israel. Não necessitam vigiar as suas fronteiras nem reprimir aos seus partidários –o seu inimigo israeli encarrega-se de fazê-lo por eles. Disfrutam dum controlo ilimitado sobre a maior parte de Judea, Samaria e o leste de Jerusalém, e possuem na prática o Monte do Templo. Simultaneamente, estám sempre em primeira página da atenção internacional grazas ao seu conflito com os ocupantes judeus. A vida sorri-lhes. De asinar um tratado de paz –e sumir-se na escuridade- este deverá oferecer-lhes benefícios muito tangíveis respeito à sua situação actual.

Primeiro, os palestinianos do West Bank querem evitar a toida costa ver-se invadidos pelos seus refugiados. O desagrado israeli face os palestinianos residentes nos campos de refugiados não é nada comparado com o ódio que o resto dos palestinianos sintem face eles. Quando Sharon tratou de dissolver a criminal empresa gazenha recolocando a alguns refugiados de Gaza no West Bank, os habitantes desta área expulsaram-nos de ali sem miramentos. Um milhão e meio de refugiados não podem ser absorbidos pela sociedade do West Bank. Inclusso se a UNRWA erigisse ex profeso novos campos de refugiados, não haveria postos de trabalho suficientes –é impossível que estejam dispostos a trabalhar tras ter vivido durante quatro gerações a costa da ajuda estrangeira. De modo que os palestinianos exigem recolocar aos seus próprios refugiados em “qualquer outro lugar”.


Os palestinianos também não podem aceitar compromiso algum sobre Jerusalém e o Monte do Templo. Por que haveriam de ceder no seu controlo efectivo sobre esses lugares? Se os judeus queremos um tratado de paz com uma não-nação de terroristas derrotados, pagar a câmbio com o nosso mais sagrado lugar é a única opção. Não é alñgo descabelado. Longe disso, é aceitado na intimidade por qualquer dos políticos israelis de primeira fila. Os demagogos escandalizam-se porque não querem passar à Hiustória como aqueles que abandoaram Jerusalém aos árabes palestinianos. É impossível que os judeus fagam entrega de tão sagrados lugares? Em absoluto. Israel já entregou Hebron com a sua Cova dos Patriarcas –um lugar mais sagrado que o Muro Occidental –uma simples estrutura de apoio. Sijém com a sua Tumba de José, e Belém, com a Tumba de Raquel. Todas essas cidades estám já em mãos dos palestinianos. O Sinai, com o seu Monte Horev, onde os judeus receberam a Lei, foi devolto a Egipto. A efectos práticos, ois pozos petrolíferos do Sinai e as reservas de gas de Gaza não são menos importantes que qualquer distrito de Jerusalém –e já foram entregados. A fim de contas, que é tão importante para os judeus dos distritos árabes de Jerusalém? É inquestionável que de não expulsar aos árabes, o melhor que podemos fazer é desfazer-nos das suas vilas e campos de refugiados, insensatamente próximos à municipalidade ded Jerusalém. Melhor tê-los tras um muro que na nossa capital; mais barato para nós, também.

Os reparos a dividir a Cidade Velha cheiram a aburrida classe de história da escola secundária. A Cidade Velha não é tão velha –é uma estrutura da época otomana. Os seus muros estám erigidos arbitrariamente, sem conexão alguma com os antigos limites da cidade. Se a antigüidade tem algum tipo de importância, daquela sim, Israel deve desalojar a totalidade dos bairros árabes –e os judeus também- e comezar a excavar na procura das estruturas primitivas do Primeiro Templo. Desgrazadamente, só acharíamos lá isso: as estruturas; não o Templo.

Em quanto ao Monte do Templo, melhor que o regalemos. Soará raro, mas é o melhor. É um pecado menor para um judeu entregá-lo que se negar a construir o Terceiro Templo nesse terreno. Os rabinos que agardam pela reconstrucção sobrenatural do templo, e proíbem aos judeus ascender o monte, suspirariam também com alívio uma vez que o lugar estivesse fóra do nosso alcanzo.

Israel não necessita tratados de paz com Síria ou os palestinianos. Esse tipo de tratados perjudicam aos judeus enormemente –na medida em que não oferecem nenhuma ventagem a câmbio. Se, sem embargo, a decisão de assiná-los está já tomada, o Governo não deveria ir acoitelando à nação judia trozeando-a pouco a pouco. Que o fagam de uma vez.



OBADIAH SHOHER

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