24/02/10

O DIA QUE ALEXANDER HAIG SALVOU ISRAEL


Tenho estado escuitando ao longo de todo o dia as principais canles de notícias fazendo elógios do General Alexander Haig, que faleceu hoje aos 85 anos. Para o meu ponto de vista, esqueceu-se algo ao que se deveria ter feito menção. Não escuitei falar de como o General Haig salvou Israel.

Em 1973, durante a Guerra do Yom Kippur, Israel foi objecto dum ataque secreto planificado por Síria e Egípcio –entre outras nações da região. Os servizos de inteligência dos EEUU sabiam que a guerra era iminente mas não avisaram a Israel até duas horas antes de que o ataque surpresa dera começo –a pesar de que sabiam que Israel necessitaria um mínimo de 16 horas para movilizar ao seu exército na reserva.

Nixon e Kissinger ameaçaram à Primeira Ministro israeli Golda Meir com não mobilizar-se –e que os EEUU não re-abasteceriam a Israel- se a iminente guerra se prolongava no tempo mais que a Guerra dos Seis Dias, caso no qual Israel teria que apanhar-se por sim só.

Para além disso, Israel não estava adequadamente preparada porque aqueles que planificaram a defesa israeli estavam convencidos de que nenhum dos países acima mencionados se atreveria a atacar a Israel, dadas as perdas que sofreram nas guerras precedentes.

Os estrategas e os encarregados da inteligência israeli que desse modo pensavam estavam produndamente equivocados. O ataque do 6 de Outubro de 1973 coincidiu com o Yom Kippur, o dia mais sagrado do calendário judeu. O ataque surpresa foi altamente efectivo.

Israel teve que utilizar a técnica soviética da chuva permanente de artilharia para mitigar os avanços do exército egípcio pelosul e do sírio pelo norde.

Apenas transcorrida uma semana, comearam a escasear as armas e as munições no bando israeli. Solicitaram ao Presidente Richard Nixon e ao Secretário de Estado, Henry Kissinger, que re-abasteceram urgentemente mas, a ajuda tardaria em chegar. Lembro um informe no que citando (ou parafraseando) a Henry Kissinger se dizia: “Deixade-os (aos israelis) que se desangrem um pouco” (com o que, presumivelmente, seriam mais receptivos ao render-se ao mantra dos “territórios a câmbio de paz”).

Mas houvo um homem que não esteve dacordo com deixar que os judeus “se desangrassem um pouco”: o General Alexander Haig, o Chefe do Estado Maior do Presidente Nixon, que comezou a despachar urgentemente munições desde os armazéns dos EEUU no continente americano e Alemanha. Enviou palets e palets de munição de artilharia, mísseis e todo tipo de armamento que foi enviado mediante uma ponte aérea urgente a bordo de aeronaves Galaxy. Lembro que aterricei no aeroporto Ben Gurion simultaneamente com a chegada dos aviões Galaxy, que foram vaziados a toda velozidade.

John Loftus, autor de “Guerras secretas contra os judeus: como a espionagem ocidental traicionou ao Povo Judeu, 1920-1992”, foi testigo presencial o 6 de Outubro de cómo o General Alexander Haig ordeou na Escola de Trainamento de Oficiais de Infantaria de Fort Benning (Georgia) que e aleccionasse a 40 comandos israelis no uso do sistema de mísseis guiados TOW. A rátio de efectividade dos TOW era um 97% superior à dos mísseis daquela convencionais. Al Haig encarregou-se de reunir todos os mísseis TOW disponhíveis no teatro de operações do ocêano Pacífico e na Alemanha e que fossem enviados imediatamente a Israel. Os comandos israelis estavam de volta no país o 14 de Outubro, justo a tempo para repeler o ataque massivo de Egipto no Sinai com os mísseis TOW. Foi o ponto de inflexão da guerra. Haig salvara a reputação de Henry Kissinger fazendo chegar a Israel todo o seu arsenal de TOWs.

Transcorridos uns dias, encontrei-me no deserto do Sinai com o General Arik Sharon, no que ele denominava “os campos da morte”: tanques carbonizados e camiões do exército destroçados cobriam a paisagem, com uma floresta de cadavres emergendo entre a areia. Uma vez que tens cheirado um corpo morto, cozinhado ao sol, nunca se esquece.

De não ser pelo subministro propiciado pelo General Haig, e pola valentia do combatentes israelis, aquele cenário teria-se repetido de maneira continuada até a mesma Tel Aviv.

Embora os mass media dos EEUU e de Europa não tenham feito menção disto nos seus noticiários ao fazer-se eco do deceso, sem dúvida terá estado presente nas notícias de Israel. O General Alexander Haig deveria ser elogiado em Israel, por ter sido o homem que salvou o país, tanto no sul como nos Altos do Golan.

O actual Primeiro Ministro de Israel, Binyiamin Netanyahu, tem a suficiente sensibilidade como para reconhecer na história de Haig a dum justo gentil que foi fiel amigo do Estado Judeu num dos momentos em que estrategicamente a sua existência mais perigou -1973.

Um tipo de herói dos que hoje Israel está tão necessitada.

Que D’us te acolha, querido amigo, e que o teu nome seja lembrado e bendito.


EMANUEL A. WINSTON



* [Militar de carreira, e especialista em relações internacionais, Alexander haig faleceu o passado 20 de Fevereiro em Baltimore (Maryland).
Haig foi representante de alto rango em três administrações republicanas, durante as presidências de Richard Nixon, Gerald Ford e Ronald Reagan –com quem desempenhou o cárrego de Secretário de Estado].

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