Dentro dum par de meses –em Abril, para sermos exactos- Amnesty International organizará um “Festival Artístico pro-Direitos Humanos” em Silver Spring, Maryland. Primeiro evento desta índole, o seu propósito é “reunir artistas, gentes de negócios e políticos para que promovam manifestações de arte socialmente transformadoras e implicadas na defesa dos direitos humanos e a justiça, assim como o importante labor desenvolvido por Amnesty International” (sic).
Direitos humanos? Justiça? Semelha um bom marco para apresentar a chamada de auxílio dos não-albaneses que sobrevivem precariamente no “Estado Independente de Kosovo”, não sim? Quando menos, isso é o que os amigos da RAS acreditaram, quando optaram por recomendar o documental de Boris Malagurski, “Kosovo, pode-lo imaginar?” como uma das fitas a exibir no Festival.
Nada que fazer, foi a resposta de Amnesty International. O filme “não encaixa com a atmosfera” que pretendem criar, e que descrevem como de “advogar por causas sem advogar contra outros povos”. O filme, argumenta AI, “semelha claramente ánti-albanês”.
Zvezdana Scott do RAS, contestou à sua negativa com a seguinte nota, que nos autorizou a fazer pública:
Os direitos humanos não são violados se não há um perpetrador que os viole, e resulta-me incomprensível que só vejades neste documental um filme “ánti-albanês”. Os documentais que retraram o Holocausto são ánti-alemães, acaso. Ou este filme é pretedidamente ánti-albanês apenas porque não fala de crimes cometidos contra os albaneses durante os anos noventa –algo que tem estimulado muito mais a atenção dos mass media que todos os crimes cometidos contra os sérbios durante o passado século?
Este não é um filme ánti-albanês, e gostaria-me escuitar algum argumento razoável de por que o qualificades como tal. O filme situa-se em contra do que se está a passar com os sérbios em Kosovo, e os únicos responsáveis actuais desse Estado são os representantes do grupo étnico albanês que tem o poder para cambiar o curso das coisas –assim como a comunidade internacional, que bem pouco está fazendo para ajudar.
Sei que muita gente reage freqüentemente como vocês –porque os sérbios foram sistematicamente demonizados durante a década dos noventa, até o ponto de chegar a ser irrelevante se goçam dos mesmos direitos humanos que os albaneses ou não. E qualquer que levante a sua opinião a prol dos sérbios, tem que ser um “ánti-albanês” por definição. Sugiro-vos que visionedes o filme outra vez e o reconsideredes –pois sei que não é singelo fogir da corrente quando vem tão intencionadamente imposta. E a fim de contas à gentes gosta-lhe ver um ponto de vista distinto do que se lhe tem oferecido durante a última década.
Não, obrigados!, foi a contestação oficial de AI. Não estamos interessados.
Assim que velaí o tendes, amigos. Os “direitos humanos” são maravilhosos quando podem ser utilizados como excusa para promover uma guerra de agressão, ocupar o território que sempre pertenceu a alguém, perdoar uma limpeça étnica (excusando-a como “ataques de vingança”), e olhar deliberadamente para outra parte quando a totalidade dum povo e a sua herdança cultural estám sendo sistematicamente aniquilados –sobretudo se esse povo são os sérbios.
Qualquer intento por protestar ante este tipo de tratamento será etiquetado de “islamofóbico”, ou “ánti-albanês”, ou “ánti-croata”, ou qualquer outro dislate. Se temos sido etiquetados como inumanos, como vamos reclamar direitos humanos!? Que povo mais pesado! Por que não se extinguem de vez?!
Muitos grupos “pro-direitos humanos” têm apoiado descaradamente a demonização do povo sérbio. Amnesty International pensávamos que seria uma excepção, dado que acusaram tenuemente à OTAN de crimes de guerra durante o assalto a Sérbia em 1999. Bem, pois semelha não eram tão diferentes a fim de contas.
Vós tendes a opção de acreditar na palavra de AI e considerar que criticar o que o Exército de Libertação do Kosovo fixo no Kosovo ocupado é ser “ánti-albanês”, ou ver o documental de Boris Malagurski e julgar por vós próprios.
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