12/02/10

OS KIBBUTZ ISRAELIS ABANDOAM O SOCIALISMO

As comunidades kibbutz israelis, uma mescla de socialismo e sionismo baseadas naagricultura, já não são o que eram. Nas últimas duas décadas a maioria têm deixado atrás a vida comunal e os seus princípios igualitaristas, privatizando a sua actividade e abraçando várias práticas capitalistas.

O Financial Times, num artigo sobre a transformação dos kibbutz em Israel (“O auge do kibbutz capitalista”), relata a experiência de Jane Ozeri e o kibbutz “Nachshon”, uma comunidade de granxas colectivas. Ozeri emigrouda sua nativa Inglaterra para unir-se a “Nachson”, atraída pela ideologia comunal do movimento.

Trabalhou ali onde a comunidade decidia: na cozinha, no campo ou na escola. Nenhum membro do colectivo recebia um salário. A comunidade proporcionava aloxamento, comida, educação, roupa, medicina, transporte e inclusso cigarrinhos. Estes bens eram propriedade de todos, não dos indivíduos. Se Ozeri ueria visitar à sua família em Inglaterra, a assembleia do kibbutz devia discutir a petição e votar a favor de pagar-lhe ou não o bilhete.

Hoje Ozeri leva uma tarxeta que a identifica como “coordinadora global de vendas” de “Aran Packaging”, uma empressa que produz packs de líquidos para a indústria alimentícia. Ubicado no kibbutz e propriedade dos seus membros, o negócio tem um volume de vendas de 28 milhões de euros anuais e serve a 35 países. Ozeri recebe um salário (uma parte do qual tem que comartir) que está à par com o que se paga noutras companhias do seitor.

A maioria de kibbutzs têm-se ido convertendo em empressas cooperativas privadas, deixando atrás várias práticas colectivistas e igualitaristas como a negativa a contratar gente de fóra, o pago do mesmo salário a cada trabalhador com independência do seu labor, ou a separação dos filhos dos seus pais porque deviam ser cuidados em comum.

Um total de 22 kibbutzs estám listados nas bolsas de Tel Aviv, New York e Londres, com vendas anuais por valor de 7.000 milhões de euros, um 10% da producção industrial israeli. A agricultura segue sendo importante em muitos kibbutzs, mas tem-se producido um importante giro face a indústria.

O artigo no Financial Times sinala que a transformação dos kibbutzs em cooperativas capitalistas é um reflexo do desenvolvimento da sociedade israeli nos anos oitenta. Muitos membros do kibbutz, aponta Shlomo Getz, professor especializado em kibbutz, começaram a querer o mesmo tipo de coisas que os demais israelis. Em palavras de Ozeri: “A gente queria mais controlo sobre a sua própria vida e economia. É muito dificil vivedr de forma tão estritamente comunal”.

Nos oitenta os kibbutzs entraram em crise e o Governo teve que os rescatar. A ineficácia do seu modelo forzou às comunidades a replantejar a sua filosofia económica. A onda de privatizações nos anos noventa foi uma resposta a esta crise. As privatizações afectaram sobretudo aos servizos.

A propriedade colectiva de residências, terra e fábricas frequentemente se manteve, embora se têm dado passos na direcção de permitir a propriedade individual dalguns activos como as casas onde vivem os membros e uma sorte de “acções” sobre os meios de prodcção. Podem enajenar ambos com certas limitações. Em total, 65 kibbutzs aínda operam ao modo tradicional.

Contrariamente que outros experimentos sociais, sinala o Financial Times, os kibbutzs israelis não têm uma filosofia dogmática ou muito teórica detrás, o que lhes permite estar abertos aocâmbio. Ebora os kibbutzs praticaram uma vida comunal, quase comunista, os partidos políticos que representavam ao movimento nunca têm pedido a abolição da propriedade privada. As comunidades kibbutz aceitaram o seu rol de empressas colectivas no marco dum livre mecado.


ALBERT ESPLUGUES

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