27/01/10

SINTO-O POR NAOMI CHAZAN, DE VERDADE


Quando vim o titular na revista da fim de semana do The Jerusalem Post “Silenciando a dissidência, fortalecendo um movimento”, sentim-me momentaneamente confuso, e pensei que surprendentemente a reportagem trataria sobre as intimidações, e as diversas violações dos direitos humanos e civis que habitualmente se producem contra os que residem nos assentamentos e os denominados “direitistas”.

Ao fim e ao cabo, apenas a semana passada o jornal referia a história duma rapaza judia arrestada no seu dia de voda por pretender fazer uma pregária no Monte do Templo. E ao longo do ano passado as novas relataram como o Governo expulsara a patadas aos judeus residentes na Beit HaShalom legalmente adquirida em Hebron. Ou como a casa de Noam Federman fora destruída de madrugada, e as suas crianças arrojadas à rua num estado de shock emocional pelo brutais soldados e polícias israelis. Ou da bestialidade policial contra os pacíficos (e legais) manifestantes nacionalistas aquí e alá.

Ou do maior crime contra os direitos humanos na última década em Israel, quando 8.000 judeus foram expulsados dos seus fogares, os seus negócios destruídos, e depois de vários anos, a sua situação sem resolver –tudo em nome, uso e abuso da democracia.

Pensei que trataria, quizá, de como for a arrestada Susie Dym por repartir panfletos contra a última visita de Bush.

Mas, ai, estava equivocado.

A minúscula relação anterior de exemplos de “silenciamento da dissidência” no Estado de Israel ao longo dos últimos anos não foram captados pelo radar de Naomi Chazan.

Naomi Chazan é uma ultraesquerdista, e não é razoável pensar que uma ultraesquerdista vaia exigir respeito pelas liberdades ou os direitos civis e humanos dos seus concidadãos, com os que ela discrepa.

E suponho que essa é a diferência entre Naomi e eu.

Porque, depois de lêr o seu artigo (coisa que não acostumo fazer porque a sua planhideira forma de escrever provoca-me náuseas) sentim empatia por ela.

Suponho que como membro da elite que é, o que experimentou é uma experiência nova e insólita para ela. E as novas experiências podem provocar pânico, e comover todos os teus pontos de vista prévios.

Mas, aínda mais: empatizei com ela porque o Estado –e particularmente a polícia- em Israel não respeita os direitos civis e humanos dos cidadãos deste Estado –e isso é um sério problema. Um problema muito sério.

É um problema que afecta a todos os cidadãos e que se não afrontamos entre todos, exigindo que cesem esse tipo de actuações contra nós e contra os demais concidadãos, remataremos pagando-o caro.

À marge disso, o facto de que os esquerdistas que se estavam manifestando estivessem exigindo que se ignorassem os direitos legais dos seus condidadãos judeus de Sheikh Jarrah, é algo irrelevante (e típico da esquerda em Israel). Mas na medida em que os seus métodos de protesta estavam dentro dos limites da lei, não tiveram por que ser tratados dessa selvagem maneira.

Nenhum cidadão ded Israel deveria ser tratado assim –nem sequer nós, os “colonos” ou os simpatizantes da “direita”.



JOE SETTLER

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