15/01/10

UM SENTIMENTO DE DÉJÀ VU



Recentemente, a notícia de portada em quase todos os meios de comunicação israelis foi a possível implicação dum adolescente familiar do Rav Meir Kahane no ataque contra uma mesquita, o mes passado, na vila palestiniana de Yasuf. Com o nome da saga familiar maldita convintemente colocado na portada da maioria dos jornais, não é surprendente que a história incitasse grande interesse e reacções.

Mentres ía rastreando todos os meios, tanto em inglês como em hebreu, não saia do meu assombro ante algumas das reacções que eram dificilmente diferenciáveis do simples e puro ódio. Pouco importava o facto de que o rapaz negasse toda ligação com o incidente, que assegurasse ter uma sólida coartada no momento em que acaeceu o ataque, que dacordo com o seu advogado tivesse um historial imaculado, ou que fosse interrogado sem a presença de nenhum mebro da sua família –a pesar de ser um menor. O seu apelido foi suficiente para que muitos o considerassem culpável.

Onde está a empatia, a compassião, por um adolescente cuja mãe e pai foram assassinados num ataque terrorista dez anos atrás? Como é possível que o ódio que o nome da sua família evoca seja maior que a capazidade de compassião, supostamente uma das características definitórias do Povo Judeu?

Em muitos dou-se um enfermizo sentimento quando a história saltou às rotativas, um sentimento de déjà vu. À luz da recente congelação dos assentamentos em Judea e Samaria e os preparativos –semelhantes aos despregados em tempos de guerra- para forzar essa congelação, diria-se que se tratava doutro intento bem planificado de incitar contra um grupo em particular. Esquecendo a carência de provas ou a simples compassião humana ante um rapaz orfo –o seu apelido e o poderoso antagonismo que suscita semelhava ser demassiado forte como para resistir.

Embora ninguém saiba de certo qual é o futuro que agarda aos judeus que vivem em Judea e Samaria, o sentimento calado de muitos é que será algo semelhante ao que agardou aos judeus que viviam em Gaza. Por suposto que, tras a Guerra do Líbano, a Guerra de Gaza, e o permanednte trato horrendo que se tem dado aos judeus que viviam em Gaza, expulsar aos judeus dos seus fogares de Judea e Samaria não será algo fázil de vender ao público israeli. Por esta razão, semelha lógico pensar que a carta da incitação está sendo utilizada novamente.

Quanto em maior medida sejam apresentados como uns extremistas, mais fázil será vender a moto ao público israeli.

Embora tamanhe estrategia é horrível por sim própria –pois supõe enfrontar judeus contra judeus- está muito para além do admisível arrastrar com ela a um rapaz apelidado Kahane pelo facto de que o nome da sua família seja útil a escuros propósitos.

Como depois soubemos, foi posto em liberdade tras sete horas de interrogatórios a pesar de carecer de qualquer evidência na sua contra e de ter uma coartada, sucesão de irregularidades que vinheram a reforzar a crença entre muitos de que se tratava de facto dum descarado caso de incitação. Em todo caso, os responsáveis do arresto e os que se adicaram a promover sentimentos de ódio face ele deveriam fazer exame de conciência e brindar ao rapaz e a sua família públicas desculpas.

Quando cairemos na conta de que esse tipo de ódios atávicos só supõem para todos nós mais e mais calamidades?


YOEL MELTZER

Sem comentários:

Enviar um comentário