13/04/10

O ROUBO DA IDENTIDADE NACIONAL


Durante dois anos Rahim (nome falso), um agente do M-16, esteve infiltrado numa célula de Al Qaeda na fronteira entre o Pakistão e Afeganistão. Embora só operou como especialista em explossivos líquidos, as condições próprias duma lata de sardinhas nas que viviam, apinhados nas covas de Zahra Zahra, permitiram-lhe intimar com alguns dirigentes da organização, e enviar valiosas informações aos seus superiores utilizando piolhos mensageiros.

A capazidade de codificar e miniaturizar informação propiciou que o famoso Serviço de Seguridade Britânico retira-se há cinco anos as célebres pombas mensageiras, reempraçando-as por piolhos mensageiros que transportam os minúsculoschips baixo as suas patas, e que podem saltar desde as barbas no mesmo momento em que escuitam a contrasenha secreta, “Algo que declarar?”, pronunciada com acento londinense.


Inclusso depois de que os seus superiores em Londres lhe deram instrucções de assassinar a Al-Hindawi, lugartenente fashion de Bin Laden, utilizando uma sobredose de fish burgers (“bolachas de peixe”, na jerga da organização), ninguém suspeitou de ele. Um dia, sem embargo, quando ía muit calor no búnquer, Rahim foi pilhado usando o seu passaporte britânico como abanico. O disfraz ficou feito anhicos e o Agente Jones foi torturado e executado. Na Grande Bretanha optaram por ater-se ao seu hábito de não proporcionar nenhuma informação sobre a vida e morte dos seus agentes. As gloriosas acções do Agente Jones ficaram para os círculos íntimos. A sua família, numa cirimônia restringida, recebeu a mais alta condecoração à excelência outorgada pela Reina, e o chefe da organização foi quem de evitar a engorrosa pergunta de por que o agente levava acima o seu passaporte original. Não agardaríades, dixo o alto mando, que o nosso agente fosse andar por aí sob identidade israeli com um passaporte azul roubado, não sim?


Sem dúvida, ninguém entre os veteranos das mais famosas organizações de espionagem, reunidas em Baden-Baden, poderia lembrar a nenhum dos mais famosos espias da história caíndo tão baixo como para portar uma identidade roubada! Mata Hari nunca se fazia chamar Malka Harry, inclusso quando a sua vida estava em perigo. Sir Thomas Edward Lawrence (“Lawrence de Arabia”) nunca tratou de ocultar-se tras a identidade dum tal Tommy, do sindicato de juristas. E 007, inclusso entre as mais comprometedoras sábanas satinadas, nunca se ocultou tras a relativa seguridade que a sua identidade roubada de John Jones lhe poderia ter proporcionado. Nunca se reprimiu de contestar simplesmente, “Meu nome é Bond, James Bond”.

Tendo isto em conta, é fázil comprender a fúria, a ira com a que os dirigentes britânicos agiram no momento em que chegaram ao convencimento –baseado em fontes estrangeiras- de que os agentes israelis do Mossad utilizaram passaportes de fabricação britânica quando remataram a sua missão em XXXXXX. O facto de que os agentes mentiram ao registrar-se no Hotel YYYYYY, especificando “Instituto” como a sua ocupação, só fez que a indignação e a ira aumentassem.

”Inclusso neste mundo de sombras no que vivemos, existem linhas vermelhas que não se devem cruzar”, afrmou um agente de seguridade retirado. “Cumpre manter as foras”, dixo um dos dirigentes do BND alemão, que preferiu identificar-se como “Wolfgang, só Wolfgang”.


“Inclusso quando bombardeamos por equivocação uma voda em Afeganistão, inclusso quando destruímos desafortunadamente uma mesquita sunita em vez duma mesquita chiíta em Basra, nunca nos avergonhamos do nosso passaporte”, dixo o Secretário de Estado britânico de Assuntos Exteriores e Commonwealth, que nunca tem ocultado a sua identidade judia.

O que se passou a continuação já foi inevitável. O representante do Mossad em Londres recebeu uma carta inacreditavelmente cortês, dando-lhe instrucções para abandoar o Reino Unido no momentoi em que tivesse finalizado as suas compras em Harrod’s.

Israel aprendeu a lição. E a partir de agoraos seus agentes realizarão as suas missiões levando acima os seus passaportes israelis originais, assim como a sua placa de identificação do Exército, e um medalhão com a Estrela de David ao pescozo.


ARYEH ELDAD*


[Aryeh Eldad é parlamentário de União Nacional na Knesset]

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