22/01/10

UM FILME SOBRE A DESTRUCÇÃO



No 25 aniversário de “Shoah”, Claude Lanzmann vem de aterrizar em Madrid para a retrospectiva integral sobre a sua obra que organizam o Círculo de Bellas Artes e a Casa Sefarad. “Shoah”, documental cvlave sobre a memória do extermínio dos judeus pelo nazismo e de nove horas de duração, projectou-se ontem no Cinema Estudio da entidade cultural madrilenha sem interrupções, com motivo, para além disso, do Dia Internacional em memória das vítimas do Holocausto. “Não é um filme sobre superviventes, senão sobre a morte”, sinalou Lanzmann.

“Em ‘Shoah’ não aparece nenhum cadavre porque é um filme sobre a destrucção. Sobre o crime perfeito. Sobre a destrucçãoi do crime mesmo. Nos campos de extermínio de Polônia, onde se matava aos judeus, não deixaram pegadas do seu crime.

As fotos que existem de cadavres em campos pertencem a campoois de concentração dentro de Alemanha, como Dachau. Trata-se de mortos a causa duma má gestão do campo, já a finais da 2ª Guerra Mundial, ou às epidémias que apareceram, como o tífus”.


Falar de vigência na sua obra é inevitável. Lanzmann tem lembrado coimo faz apenas umas semanas, jum grupo ultradireitista em Hamburgo conseguiu que não se projectasse “Shoah” num dos cinemas da cidade. “O ántisemitismo não é algo simples de explicar”, laiou-se. “Não acredito que ‘Shoah’ deva ver –se como um fracasso sobre a possibilidade de criar um relato do Holocausto”, tem respondido. “O filme é uma investigação policial, um western, um filme épico”, acrescentou, para rematar confissando que filmou a quase todos os soldados alemães que aparecem na fita “sem o seu consentimento”.

O cineasta francês, cuja família judia provinha da Europa do Leste, tem lembrado o muito que segue comovendo o filme, e tem posto como exemplo as muitas misivas que recebeu em 2003 quando a obra se projectou na TV francesa. Lembrou o remate duma delas que dizia, “Sr. Lanzmann, não sabe que experiência supõe amanhecer vendo o final do seu filme”. Ao respeito, e sobre a lembranza do Holocausto convertida em espectáculo, Lanzmann não quixo avaliar se o cinema que se faz sobre tal catástrofe é ou não válido. Simplesmente, tem dito sobre Spielberg, que “não reflexionou o suficiente”.

Definido pelo Director do Círuclo de ellas Artes, Juan Barja, como um “comnbatente e um resistente”, Lanzmann passou parte da sua juventude na Resistência contra os názis, e já em 1970 abandoou o seu trabalho como jornalista para adicar-se por inteiro ao cinema. Entre 1972 e 2001 tem dirigido cinco documentais, 'Pourqoui Israël' (1972), 'Shoah' (1985), 'Tsahal' (1994), 'Un vivant qui passe' (1997) e 'Sobibór' (2001), todos presentes nesta retrospectiva.


FACTUAL

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