17/01/10

MELHOR SER O PORCO DE HERODES QUE O SEU FILHO


O Emperador romano Augusto bromeava dizendo que era melhor ser o porco de Herodes que o seu filho. Herodes não comia porcos –e, portanto, estavam a salvo-, mas matou aos seus filhos.

O Estado palestiniano rematará por estabelecer-se. Israel deverá então desmantelar os assentamentos ou permitir que os seus judeus sigam vivendo em Palestina, se o desejam. A partir de então, os matarifes palestinianos e os terroristas fazerão o trabalho da polícia israeli, e expulsarão aos colonos. Dadas as dificuldades tácticas de expulsar pela forza a um quarto de milhão de pertrechados judeus dos seus assentamentos e pagar compensações pelo seu alojamento, o Governo israeli poderia decantar-se por um cenário tipo “ficade se queredes”, deixando aos nacionalistas judeus, mal vistos em Israel, tras as linhas inimigas. Palestina apenas necessitaria adoptar uma lei que proibisse a propriedade estrangeira no seu território ou limitar a duração dos visados extendidos aos israelis para expulsar aos colonos de Palestina.

Renunciar à cidadania israeli e aceitar temporalmente o estatuto de refugiados em Palestina, antes de promover a formação de Judea, é a única opção que têm os judeus de continuar nos territórios.


Israel só proibe aos seus cidadãos que continuem nos assentamentos, nom aos árabes ou aos estrangeiros. Os colonos israelis poderiam converter-se em refugiados judeus sem Estado e solicitar a protecção dalgo parescido à UNRWA, a agência que mantém os campos de refugiados palestinianos. Os campos de refugiados palestinianos têm existido durante décadas, e outro tanto poderia-se passar com os judeus. Israel não poderia expulsar aos refugiados judeus sem Estado dos assentamentos, porque estes se negariam a marchar a outro Estado estrangeiro (Israel). Também não poderia destruir os seus fogares nos assentamentos, porque não teriam nenhum sítio aonde ir. Israel nada pode legislar sobre a gente sem Estado que viva em território que a própria Israel admite como estrangeiro. Qualquer endeble pretexto legal que Israel pudesse ter para sacar aos seus cidadãos de Palestina, não é aplicável aos não-cidadãos.

Os assentamentos judeus convertiriam-se imediatamente em campos de refugiados, e as propriedades judias ficariam protegidas ante as obrigas palestinianas ou israelis face qualquer refugiado. Os colonos poderiam renunciar à cidadania israeli, antes inclusso de que o Governo de Israel transfira as suas terras aos palestinianos, e seguir vivendo ali, dado que os judeus têm permitida automaticamente a residência em Israel embora não tenham a cidadania.


Israel é um golem de barro. Subsiste a base de mitos. O seu mito central é que é um Estado judeu. Esse legado permite-lhe receber dinheiro, tolerância, boa vontade e apoios. Centos de miles de judeus renunciando à cidadania israeli ponheriam em entredito a vindicação israeli de ser um Estado judeu. Judeus que prefirem viver em campos de refugiados baixo jurisdicção árabe antes que na esquerdista, derrotista e ántisemita Israel! –seria um escândalo letal para o golem.

Foi necessária a determinação de Sharon para arrasar Gush Katif. O Exército, desmoralizado no Líbano e noutras campanhas, e a polícia asediada pelas acusações de corrupção, não são fiáveis como anos atrás. Gush Katif demonstrou o fracasso do processo de paz, e as forzas de seguridade já não serão tão entusiastas à hora de uma expulsão a grande escala. Uma campanha massiva de renúncia à cidadania israeli, poderia forzar ao Governo a conservar Judea e Samaria.

Se Israel se retira dos territórios, o exército deixará –oficialmente ou não- um grande contingente de armas aos colonos. Imediatamente depois da ameaza de raids policiais israelis, os colonos poderiam adquirir armas automáticas dos árabes –mais baratas que o que habitualmente custam as pistolas nas armerias israelis. Os palestinianos não atacariam os assentamentos de judeus sem Estado com artilharia, mas apenas com armas ligeiras. Os colonos poderiam sobreviver. Israel não se poderia negar a proteger aos seus irmãos judeus. O cenário britânico, incitando os ataques árabes contra os judeus para demonstrar que estes são incapazes de viver num Estado, é uma opção até certo ponto. Israel trataria de rematar com a competência dos colonos para apresentar-se como o único Estado judeu legítimo, mas uma vez que a intentona de expulsar aos colonos tivesse fracassado, a opinião pública de Israel ponheria-se do lado dos seus irmãos religiosos judeus contra o inimigo árabe. Os ataques contra os assentamentos judeus ponherão em perigo as finanzas da OLP e Hamas porque os principais donantes, a União Europeia e os EEUU, condeariam esses ataques –quando menos retoricamente. No pior dos cenários, os colonos –como qualquer judeu- poderiam receber imediatamente a cidadania israeli e mover-se tras a Linha Verde.


Como qualquer judeu, também, os colonos têm direito a viver e trabalhar em Israel. Embora carentes de Estado, manteriam o direito de obter emprego, cuidados sanitários e pensões em Israel.

As leis israelis não estabelecem um procedimento simples para abandoar a cidadania voluntariamente. Os judeus podem romper publicamente os passaportes israelis para cenificar um acto de expatriação.

Seria muito extranho preferir a jurisdicção árabe antes que a israeli? Os judeus nunca tiveram um Estado na história escrita; a sémi-mítica monarquia rematou no século VI a.n.e. A fim de contas, os judeus disfrutaram apenas duma autonomia administrativa, que com freqüência era inferior ao que o Islam oferece aos dhimmis. Contudo, os judeus cresceram religiosa e economicamente. A esquerdista Israel, onde os árabes proliferam para converter-se na maioria é um calexo sem saída; uma autonomia sem Estado sob mandato palestiniano seria um trampolim face Judea.

Viver nos territórios baixo qualquer jurisdicção com estátus de dhimmis é mais judeu que fazê-lo na socialista Israel. A UNRWA proporcionaria aos refugiados judeus melhor protecção que a polícia israeli que se adica a expulsá-los. Para Israel seria mais dificil oprimir a uns não-cidadãos em território estrangeiro que a uns cidadãos israelis. Os ataques palestinianos contra uns judeus sem Estado soam pior que contra uns colonos israelis. Israel pode expulsar aos seus cidadãos dos assentamentos patrocinados pelo Governo mediante compensações, mas não pode obrigar a uns refugiados de orige judeu sem Estado a abandoar os seus rudimentários fogares sem provocar um enorme escândalo internacional. Abandoando a cidadania israeli, os colonos passam de ser opressores a oprimidos. O Governo israeli funda a sua legitimidade em representar supostamente a todos os judeus; os judeus que abandoem a cidadania israeli destruim a credibilidade do clã dirigente israeli, e desacreditam a sua pretensão de poder. E o melhor de tudo, os judeus sempre poderiam reclamar a cidadania israeli se as coisas se pugessem feas.


Epílogo:

A Convenção da ONU sobre o Estatuto de Refugiados diz noi seu artigo 1: “Refugiado é uma pessoa que tem um temor fundado de ser perseguido pela sua opinião política”. Os colonos judeus exprimem pontos de vista razistas puníveis em Israel que não são especificamente “actos contrários aos princípios da ONU” no sentido do artigo 1.F.c. O Estado palestiniano asinaria a Convenção, havida conta do elevado número de refugiados palestinianos, e inclusso se não o figer, os judeus poderiam exigir a pesar de tudo os direitos de refugiado comuns na lei internacional. Esses direitos incluim o direito de propriedade em qualquer lugar (artigos 13, 26) e o direito de associação (artigo 15). Os refugiados judeus não precisam de permissos para entrar em Palestina (artigo 31).


OBADIAH SHOHER

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