14/02/10

DEIXA MARCHAR AO MEU POVO

Os dirigentes israelis opõem-se ao estabelecimento dum Estado de Judea porque isso implicaria reconhecer a sua bancarrota ideológica. Não querem compartir com Judea o seu monopólio na representação do Povo Judeu. Ficaria claro aos olhos de todos que Judea aposta pelos Judeus e pelo Judaísmo, mentres que Israel apenas é uma cabeça de praia de Occidente no Meio Leste. Quando estabeleçamos o Estado de Judea, o Primeiro Ministro israeli ficará degradado ao rango dum virrei dos EEUU, ao modo do iraquiano Al-Maliki.

Para facilitar a secesão, Judea poderia aceitar uma lânguida união federal com Israel. Um confederação proporcionaria diversidade religiosa: Judea poderia ser ortodoxa, Samaria conservadora de direitas, e algumas zonas poderiam estar ocupadas pelos nacionalistas seculares judeus. Inclusso os reformistas poderiam ter o seu lugar, perto da fronteira com Jordânia. Os enclaves nacionalistas e religiosos poderiam delegar a política exterior e a política monetária nas mãos de Israel a câmbio de que esta reconhecesse os seus direitos a um entorno livre de árabes.

A soberania de Judea oferece a Israel mais ventagens que a autonomia. Muitos judeus israelis detestariam ter que entregar os nossos territórios aos árabes, mas também não estám dispostos a sofrer as conseqüências de tê-los sob a nossa soberania. Os religiosos judeus de Judea carregariam sobre os seus hombros com o peso da condeia internacional por fazer-se com o controlo dos territórios históricos judeus e limpá-los totalmente de árabes. Condeia que seria irrelevante, porque os religiosos judeus não têm problema algum em ver-se isolados dos gentis, e insignificante na medida em que esses judeus não participam significativamente do comércio internacional.

Judea não se estabelecerá fazilmente. Os dirigentes israelis querem o monopólio na representação dos judeus, e oponherão-se firmemente à criação dum segundo Estado Judeu –que seria muito mais judeu que a sua entidade secular esquerdista. Dividir Israel em dois Estados será muito dificil; muitos países têm livrado guerras civis para preservar a sua integridade. Judea, sem embargo, não têm reivindicações sobre os territórios que mais valora Israel –senão apenas por aqueles que foram concedidos aos palestinianos. O movimento pro-Judea não vulnera significativamente nenhuma das leis israelis –com duvidosa excepção da incitação à violência. Inclusso nesse caso, Judea poderia proclamar uma colonização pacífica comprando a terra aos árabes, se o prefirem. O movimento pro-Judea poderia estruturar a sua plataforma de modo que fosse conforme às melindrosas leis de Israel.

O Estado árabe não poderia rechaçar de modo razoável o direito de assentar-nos em Palestina. Os colonos judeus renunciariam à cidadania israeli. E Israel não tem direito, segundo a lei internacional, a expulsar colonos que não formem parte a sua cidadania. Esses assentamentos teriam que proteger-se pelos seus próprios meios, convertendo-se, de facto, nas cabeças de praia de Judea.

É impossível pensar numas directrizes acorazadas na fundação de Judea. As situações evoluem, e os pioneiros terão de ser muito flexíveis. A clave é a persistência, aproveitar qualquer oportunidade, e não dar nem um passo atrás.

Judea necessitará um dirigente religioso carismático, devoto mas que não bote escuma pela boca. O Rebbe o poderia ter sido, mas ante a carência actual dum líder das suas características e autoridade, um rabino íntegro e com carisma, embora não tenha a sua celebridade, pode ser suficiente. A olhos de Occidente, uma espécie de Mahatma Gandhi. Os índios tiveram éxito porque os britânicos estavam predispostos a abandoar as colônias. Os habitantes de Judea podem tê-lo também porque o Governo de Israel e os esquerdistas querem ver Israel livre de irritantes religiosos judeus e problemáticos patriotas de direita.

Judea significaria libertar da nominal “pressão religiosa” à que dizem estar submetidos os seculares israelis: divórcio e todo tipo de abortos ao seu antolho, disfrute da prostituição e dos jogos no casino, poder adquirir carne de porco em qualquer esquina, e poder viajar em autobuses compartindo assento com palestinianos carregados de bombas todos os Shabat. Que o disfrutem! Muitos esquerdistas judeus detestam tanto como nós aos árabes, e tacitamente sentiriam-se muito felizes de não ter que aturar aos religiosos judeus.

Para que o projecto de Judea chegue a bom fim, os patriotas judeus devem estar preparados para as dificuldades, para viver com elas; muitos, serem encarcerados, e os mais acérrimos para enfrontar-se aos tanques. Uns milheiros mais radicalizados para afrontar a violência, mas dúzias de miles prestos para a desobediência civil. Massas inasequíveis ao desalento bloqueando as ruas com protestas pacíficas. Não podemos acreditar em dirigentes que sejam fazilmente acalados, como Feiglin, senão em gente disposta a perder o seu confort, a sobreviver comendo cacauetes, e bloqueando as ruas durante períodos prolongados.

O Governo –o Faraão- haverá de receber as suas dez pragas antes de deixar marchar aos Judeus –a Judea. Páu e zenoura. Pressão e fuga. Violência e pacífico éxodo a Judea.


OBADIAH SHOHER

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