18/02/10

O FRACASSO DO PARLAMENTARISMO ÁRABE-ISRAELI


Os membros árabe-israelis da Knesset não oferecem aos seus representados um labor digno de elógio. Se os tivermos de julgar meramente pelas suas manifestações e propostas concluiríamos que trabalham mais bem a prol dos palestinianos que em defesa daqueles que os têm eligido. Não deixa de ser uma enorme tragédia que os árabe-israelis participem dum robusto sistema democrático e, porém, os seus representantes tenham feito tão pouco por eles nos últimos 60 anos.

Segundo o sítio web da Knesset, têm sido eligidos 45 parlamentários árabes desde o estabelecimento do Estado (como contraste, têm participado 13 drusos e 872 judeus nas distintas Knesset). Três desses 45 parlamentários árabes foram mulheres –embora duas delas foram eligidas nas listas de partidos judeus (Hosniya Jabarra do Meretz e a laborista Nadia Hilou).

Na actual Knesset há 9 árabes. Estes são: Muhammad Barakei e Hanna Sweid (cristão) pelo Hadash; Talab a-Sanaa (beduíno), Masud Gnaim, Ibrahim Sarsour e Ahmed Tibi, pela Lista Árabe Unida Ta’al, e Said Nafa (druso que se define a sim próprio como árabe), Jamal Zahalka e Haneen Zoabi do Balad.

A primeira Knesset contava com três árabes: Tawfik Toubi (um sujeito extraordinário nascido em 1922 em Haifa, e que esteve em 12 Knessets como militante comunista), Amin-Salim Jarjura, um soldado do exército otomano que chegou ser alcaide de Nazaret, e  Seif e-Din e-Zoubi, membro da Knesset desde 1949 até 1979 em diversas formações políticas.

Dois dos três árabes da primeira Knesset eram membros do Partido Democrático de Nazaret, que formava parte da coaligação governamental. O partido árabe Kidma Ve’avoda participou na seguda e terceira Knessets com dois membros e também formou parte da coaligação governamental. Outros dois partidos árabes, a Lista Democrática para os Árabe-Israelis, e o Partido da Agricultura e o Desenvolvimento, também apoiaram ao Governo nos primeiros anos do Estado. Da quarta à oitava Knesset (1959-1977) o partido árabe Kidma Ufituah foi membro da coaligação de Governo. O partido Shituf Ve’ahva participou em Governos e teve representação em quatro Knessets. Na oitava Knesset a Lista Árabe dos Beduínos e os Lugarenhos, dirigida por Hamad Abu Rabiah participou na coaligação.

Esta longa lista de árabes, muçulmãos e cristãos que participaram não apenas na Knesset, senão que integraram aos seus partidos nos Governos de coaligação laboristas, é característica das primeiras décadas do Estado. Com a vitória do Likud em 1977, estes partidos desapareceram. Inclusso quando o Laborismo reconquistou o Governo nos anos noventa, fixo-o sem contar com os partidos árabes nas suas coaligações. A razão da desaparição destes partidos é que a comunidade árabe de Israel começou a eligir vozes mais extremistas dentro da sua comunidade.

Durante a oitava Knesset (1974-1977) os dois partidos árabes, Kidma Ufituah e a Lista Árabe dos Beduínos e os Lugarenhos, uniram-se para constituir a Lista Árabe Unida, que tem sobrevivido sob diversas denominações até os nossos dias. O Hadash, que se qualifica como um partido comunista árabe-judeu, surgiu em 1977 da coaligação entre o Rakach (partido comunista árabe) e um grupo de judeus de extrema esquerda. Têm logrado representação em todas as Knessets desde então.

Em 1988 o Partido Demorático Árabe foi constituído por Abdul Wahab Darawshe do Iksal. Junto com Taleb a-Sanaa, uniram-se na Lista Árabe Unida nos anos noventa. A sua plataforma incluia o reconhecimento da OLP, propugnava a retirada dos territórios em desputa, e o estabelecimento dum Estado palestiniano.

A finais dos noventa e começos do 2000, Ahmed Tibi entrou na Knesset como parte do Movimento Árabe de Renovação (Ta’al). Também a finais dos noventa, o Balad, sob o liderádego de Azmi Bishara de Nazaret, entrou na Knesset. E seguem na Knesset, agás Bishara, que fogiu de Israel tras ser acusado de espiar para Hezbolá anos atrás.

A história dos membros árabes da Knesset é a história dum grande fracasso. As minorias nacionais doutros países, como os bascos, os irlandeses, os quebequeses ou os afroamericanos, têm eligido habitualmente representantes que defendem os seus interesses e trabalham nessa direcção.

Mas quando Tibi, no transcurso da condeia ao negacionismo do Holocausto, vincula o Holocausto com os sofrimentos de Gaza (“a vítima das vítimas”) está ajudando em algo à sua comunidade? Quando Bishara colaborou com os servizos de inteligência de Hezbolá, ajudava em algo aos seus concidadãos de Nazaret –que estavam sendo bombardeados pelos mísseis de Hezbolá? Quando Said Nafa, do Balad, se reúne com Khaled Mashaal de Hamas em Síria, está ajudando aos seus representados?

Os membros árabes da Knesset têm passado de ser aliados nos governos de coaligação, a ser insurgentes, extremistas ferozes que passam a maior parte do tempo queixando-se da situação dos seus “irmãos palestinianos”, e prestando pouca atenção às necessidades dos seus autênticos irmãos e irmãs.

Os seus fracassos vam em detrimento da comunidade árabe-israeli, merescedora de algo melhor, mas que tem sido convencida de que ser “árabes leais” implica votar vozes extremistas em vez de vozes “colaboracionistas” moderadas.

Quem sairá perdendo são eles. A sua permanente enajenação respeito a Israel, e o constante questionamento da sua lealdade pela direita israeli, continuarão na medida em que se neguem a acordar tras 30 anos de letargo eleitoral.


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