06/02/10

QUANDO A CIÊNCIA ESTÁ AO SERVIZO DA JUDEOFÓBIA


Um estudo de Lancet culpa a Israel dos maltratos de que são vítimas as mulheres palestinianas  –não faz menção, sem embargo, dos crimes de honra, a obriga de levar o rosto coberto, os matrimônios forzosos, etc.

Já é oficial. O principal jornal médico britânico, Lancet, está palestinizado. Não tem já nada a ver com o diário científico de primeira linha que foi no seu dia. Lancet é um mais dos seguidores do movimento global no que campa o prejuízo e as grandes imposturas passam por trabalho científico de linha acadêmica.

A acadêmia post-colonial está dominada pelas falazes e perigosas ideias de Edward Said (lea-se o excelente livro de Ibn Warraq “Defendendo Occidente: uma crítica do orientalismo de Edward Said”. Sem embargo, eu acreditava que a perspectiva paranoide de Said infectara e adoutrinara só as ciênciais sociais, as humanidades, e os estudos sobre o Meio Leste. Agora, vemos a sua maligna influência campando num trabalho de professores que exercem no Departamento de Medicina da Universidade de Harvard, na Divisão de Epidemiologia e Saúde da Universidad de Minnesota, na Escola Universitária de Medicina de Boston, na Universidade de Medicina de New Jersey, ou na Escola de Trabalho Social e Bem Estar Social da Universidade Hebrea de Jerusalém.

O seu estudo intitula-se: “Associação entre a exposição à violência políica e a volência conjugal no território palestiniano ocupdo: um estudo transversal”. E sim, têm concluído que os maridos palestinianos sãomais violentgos com as suas donas devido à “ocupação” israeli –e que a violência se incrementa quanto mais expostos estám esses homens à violência política.

Eu acredito que os homens árabes e muçulmãos, incluíndo os palestinianos, são sem dúvida violentos com as mulhers árabes e muçulmãs. Acredito também que o stress atribuído à guerra –incluído a pobreza dela derivada- incrementa a “violência conjugal” ou doméstica. Mas para além disso, como evaluar este estudo?

Em primeiro lugar sigamos a pista do dinheiro. Este estudo foi financiADO PELA Autoridade Nacional Palestiniana, assim como pelo grupo patrocinador da Universidade de Minnesota. Seguramente a Autoridade Palestiniana não seja uma parte desinteressada. Mas o que é aínda pior: os dados foram subministrados pela Oficina Cedntral de Estadística Palestiniana. Os palestinianos são o povo que em certa ocasião proclamaram ao mundo que os soldados israelis dispararam contra Mohammed al-Dura, cometeram uma massacre em Jenin, e atacaram intencionadamente aos civis palestinianos (que ao final resultaram ser yihadistas disfarzados com roupas civis ou escudos humanos tras os que se parapetavam os yihadistas).

Segundo: advirtamos que o estudo tem um a finalidade política para além de qualquer pretensão acadêmica ou feminista (estes investigadores afirmam sustentar uma perspectiva “feminista”). Para o meu ponto de vista, este estudo pretende apresentar aos homens palestinianos como vítimas inclusso quando (ou precisamente por) golpear rutinariamente às sas mulheres. E deseja apresentar o selvajismo cultural palestiniano –que inclui severos abusos infantis- como algo relacionado com a pretendida ocupação israeli.

Terceiro: o estudo omite a violência –incluíndo o feminicídio- que habitualmente se exerce contra filhas e irmãs na “Palestina ocupada” e opta, pelo contrário, por cntrar-se só na violência marido/mulher e só em parelhas que estejam casadas. Os assassinatos de honra de filhas e irmãs pelos seus pais e irmãos é um fenômeno bem conhecido em Gaza e o West Bank.

Tenho escrito sobre casos bem conhecidos com anterioridade. “Souad” a duras penas sobreviveu tras ser asada pela sua família do West Bank devido a que ficara prenhada pelo homem que lhe prometera matrimônio; os israelis salvaram-lhe a vida e abandoou a zona trasladando-se a Europa, onde escreveu um livro sobre a sua experiência próxima à morte. Asma’a al-Ghoul, a quem entrevistei em 2008, foi queimada por escrever uma série de artigos sobre os crimes de honra no West Bank e Gaza. Estes selvagens, misógenos e feminicidas costumes não têm nada a ver som a suposta “ocupação” política, militar ou económica dos israelis.

Quarto: se pretedessem ser sérios no que respeita à violência contra as mulheres, os investigadores deveriam reparar no papel jogado por Hamas, que mantém ocupada Gaza tanto militar como religiosamente. Desde que o fazem, mais e mais mulheres têm sido obrigadas a usar véu, e têm lugar cada vez mais matrimônios arranjados com raparigas menores de idade.

Sem dúvida, Hamas e outros grupos terroristas palestinianos têm influído em que jóvenes rapazas paletinianas se tenham convertido em terroristas suicidas. Em 2002 manipularam a Wafa Idris, uma mulher com um quadro clínico depressivo, para que se imolasse, e em 2004 figeram outro tanto com Reem al-Riyashi, uma mulher mãe de dois filhos, à que implicaram num túrbio assunto ameaçando-a com culpá-la (o que teria suposto a sua morte nm crime de honra). Em vez disso, ofereceram-lhe um “caminho à glória”.

Este estudo opta por não incluir esse tipo de violência contra as mulheres porque não poderia ser atribuído, estritamente falando, à suposta ocupação israeli –ou à questão dos territórios em desputa.

Quinto. Se Lancet tivesse querido analisar –analisar rigorosamente- os efectos da guerra em termos dum incremento da violência doméstica masculina, poderiam ter estudado também –ou, quando menos, fazer referência- aos estudos sobre a influência na violência doméstica nas mulheres israelis; a fim de contas, elas também são mulheres e estám ao outro lado de exactamente o mesmo conflito. Uma comparação tal teria oferecido dados mais interessantes desde um ponto de vista “feminista”. Para além do qual, o estudo poderia ter intentado estabelecer um grupo de controlo; quer dizer, os investigadores poderiam ter comparado a violência doméstica palesiniana com a violência doméstica noutros países árabes ou muçulmãos como Jordânia, Síria ou Egipto, onde supostamente não existe ocupação occidental.

Sexto: Lancet é um jornal britânico que com isto tem descido ao mesmo nível da propaganda ántisionista e judeófoba que é habitual entre os jornalistas britânicos não acadêmicos. Incontáveis jornalistas britânicos levam anos fazendo o que precisamente intentou este estudo: botar a culpa de tudo a Israel. Mas Lancet já o figera com anterioridade, e já tenho escrito sobre esta repugnante actitude em mais duma ocasião. Também tenho referido esta tendência entre as feministas no meu livro “A morte do feminismo”. Não nos confundamos: este estudo de Lancet está apresentado por Rita Giacoman, uma autêntica feminista, que ensina no Instituto de Saúde Pública de Birzeit, ubicado segundo Lancet, nos “territórios ocupados”.

Em 2002, nhuma reedição do sey livro “O preço da honra”, o jornalista britânico-americano (e ánti-sionista) Jan Goodwin afirma que as políticas militares israelis de auto-defesa têm castrado aos homens palestinianos. Os toques de queda prolongados fazem que homens e mulkheres devam permanecer durante muitas horas jntos nas casas. Baseando-se em evidências anecdóticas, Goodwin acredia que esses homens volcam as suas frustrações nas mulheres e crianças. Aquí Goodwin cita a Suha Sabbagh, que diz que “o varão palestiniano, o pai, a figura com autoridade no fogar, tem perdido toda essa autoridade”. Goodwin faz fincapê na “humilhação” sistemática dos homens palestinianos pelos israelis. Ela escreve: “Boa parte destas humilhações têm lugar diante dos seus filhos e companheiras”, o que teria contribuído a denigrar a image do homem palestiniano como figura “heróica” da família. “Para os homens árabes isto equivale à perda da sua masculinidade”.

E nisto Goodwin, como tantas outras feministas, contradiz-se. A omnipresente autoridade paterna de árabes e muçulmãos é precisamente o que tem submetido mediante a brutalidade às mulheres árabes e muçulmãs. Em 1992, Jean Sasson publicou “Princesa: a autêntica história da vida tras do véu em Arábia Saudi”. A princesa saudi, à que não se menciona pelo seu nome na história que relata Sasson, narra o modo tipicamente cruel em que os pais, irmãos e maridos tratam às mulheres da casa. Permitideme que a cite: “A autoridade do varão saudi não tem limite; a sua dona e filos vivem só se ele assim o deseja. Das portas das casas para adentro ele é o Estado…Desde temprana idade, ao rapaz ensina-se-lhe que as mulheres têm pouco valor. Os rapazes observam o desdém com o que as suas mães e irmãs são tratadas pelo seu pai. E isto conduz ao seu próprio menosprezo face as mulheres. As mulheres do meu país são ignoradas pelo seu pai, desprezadas pelos seus irmãos e vítimas dos abusos dos seus maridos”.

A iraniana-suíza, Carmen bin Laden, no seu livro “Dentro do Reino” retrata a vida das mulheres sob o domínio dos varões saudis de modo semelhante. As mulheres não podem sair sem a companhia dum varão e não podem deixar o paíssem permiso do homem e acopanhadas por ele. As filhas podem ser desposadas contra a sua vontade, o pai pode reclamar a custódia dos filhos e impedir que a sua mãe os volva a ver. Carmen bin Laden escreve: “Raramente conhecim uma mulher saudi que não tivesse pavor do seu marido. A mulher não pode fazer nada sem permiso do seu marido. Não pode sair, estudar, nem amiúde comer na mesa. As mulheres em Arábia Saudi devem viver sob a obediência, isoladas, e com medo a ser repudiadas e padecer um divórcio sumário”.

Arábia Saudi não tem sido “colonizada” nem “humilhada” pelos israelis.

Jordânia não tem sido “colonizada”, “ocupaa” ou “humilhada” por Israel. E, a pesar disso, ocupa uma das primeiras posições em crimes de honra. Segundo Elaine Sheeley, no seu livro de 2007 “Reclamando a honra em Jordânia”, cada ano têm lugar em Jordânia entre 19 e 100 crimes de honra. Baseando-se no uso doutra autora das estatísticas da ONU, Sheeley cita também um número aínda muito maior de crimes de honra em Jordânia, Gaza e o West Bank ( a cifra oferecida é de 2.550 crimes ao ano).

Devido o liderádego beduíno, os crimes de honra são algo habitual em Jordânia; a polícia encarcera às víimas potenciais (pela “sua seguridade”) em vez de aos potenciais perpetradores. Os juízes têm permiso a usar a sua discrecionalidade à hora de ditar sentências –e as sentenças são muito livianas.

Egipto não está colonizada por Israel, e a violência contra as mulheres é comum ali. Isto inclui a mutilação genital feminina, as palizas às mulheres, as palizas às filhas, os matrimônios forzosos –e, com o auge da Irmandade Muçulmã, o véu forzoso para a mulher.

Os investigadores de Lancet agiram fazendo uso de muito má fê, tanto acadêmica como política. Por exemplo, escrevem: “As políticas de ocupação, incluíndo a barreira de separação que se está erguendo em várias zonas do West Bank, afecta aos nexos familiares, privando às mulheres do contacto regular com as suas famílias, que doutro modo poderiam intervir para evitar a violência doméstica”.

As famílias palestinianas, árabes e muçulmãs nunca intervêm quando um marido está golpeando à sua mulher. Muito pelo contrário. Tanto a família do marido como a própria família da mulher interpretam isso como um direito do marido ou como algo do que a mulher é culpável. Estes “investigadores” deveriam sabê-lo. Portanto, estám contribuíndo à ignorância que campa em Occidente ao afirmar que os controlos de estrada israelis impedem essas supostas intercesões familiares a favor da mulher.

Esta não é, certamente, a primeira vez que Lancet tem estragado a sua reputação estelar como jornal acadêmico e científico. O professor de Estatística da Universidade de Berkeley, Mark van der Laan (considerado o estatístico nº 1 no mundo), e o novelista e escritor Leon de Winter, criticaram concienzudamente um informe de 2004 no Lancet ujas conclusões provocaram uma treboada mundial. Utilizando uma muito questionável metodologia, os autores de Lancet publicaram duas medições que exageravam imensamente o número de mortes em Irak sob a ocupação norteamericana. Van der Laan e De Winter afirmavam que a metodologia utilizada era tão pouco fidedigna que invalidava qualquer resultado. Sinalavam também que, casualmente, os resultados saíram à luz quatro dias antes das eleições estadounidenses de 2004. Nas suas próprias palavras: 

“Concluímos que as estimações derivadas destes dados são extremadamente pouco fiáveis e não constituim uma avaliação científica. Isto não é ciência. É propaganda”.

Não nego que as guerras sejam um inferno, nem que as mulheres com freqüência padeçam devido às guerras a frustração dos homens no fogar. Só questiono que Israel seja culpada neste estudo por uma guerra que, na realidade, foi declarada há muito tempo contra o Estado Judeu pela Liga Árabe, a Autoridade Palestiniana e, mais recentemente, por Hamas e Hezbolá. Questiono a “política” deste estudo de Lancet, cuja intenção é converter a Israel em chivo expiatório pelo selvagismo e misogínia consustancial à cultua árabe e muçulmã –sobretudo hoje em dia, quando a yihad e o seu terrorismo se expandem pelo mundo.


PHYLLIS CHESLER

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