06/01/10

FOI UM ERRO O SIONISMO?



Se a revolução sionista pretendia levar a “normalidade” ao povo judeu, estava destinada a fracassar.

O Povo Judeu não é um povo normal. Não existe paralelo histórico com um povo de 4.000 anos de história ininterrompida.

Certo, Egipto tem antigüidades que precedem aos nossos Patriarcas. Mas não existe conexão entre o Egipto dos Faraões e o Egipto actual. Não é o mesmo povo, nem têm a mesma língua, a mesma religião ou a mesma cultura. A cultura chinesa é mais antiga que a nossa. Mas os chineses nunca viveram exilados da sua terra nem sofreram a destrucção que os judeus sofreram nos últimos dois mil anos. Não, o Povo Judeu não é um povo normal.

O Judaísmo não é uma religião normal. Não existe paralelo com a inquebrantável ligação entre religião judia e nacionalidade. E o nosso movimewnto de libertação nacional –o sionismo- é distinto de qualquer outro movimento de libertação nacional desenvolvido ao longo dos séculos. Os povos africanos ou europeus que lutaram pela sua liberdade apenas tiveram que expulsar aos dirigentes estrangeiros e declarar a independência. O movimento de libertação do povo judeu tinha uma dupla tarefa: reunir os exilados de Israel ao longo do mundo e libertar a sua terra de dirigentes estrangeiros. O sionismo não é um movimento de libertação normal.


É algo extraordinário, pois, que o desejo do Povo Judeu de normalização não culminasse com o retorno a Sion. Dois mil anos de persecuções, conversão forzosa, destrucção, expulsão e exílio forjaram uma nova espécie de judeu: o supervivente profissional. Os genes de Flávio Josefo perduram ao longo da história em personagens como os dirigentes do Judenrat, Kastner, aqueles que combateram aos judeus clandestinos sob o domínio britânico nos anos prévios ao Estado, aqueles que afundiram o “Altalena” que portava armas para o Irgun, e os “heróis” mais recentes que expulsaram e exilaram aos judeus residentes em Gaza, no que eles denominaram “desconexão”.

Há uma linha directa entre Flávio Josefo e Mordejai Vanunu e Ilan Pappe, entre Aristóbulo –o rei hasmoneu que abriu as portas de Jerusalém a Pompeio de Roma para ganhar a guerra contra o seu irmão Horkynus, e Ehud Olmert, que quixo abrir as portas de Jerusalém ao inimigo árabe para sobreviver politicamente e ganhar-se o reconhecimento das superpotenças internacionais.

O sionismo tinha também outros objectivos, primordialmente constituir um “refúgio seguro” para todos os judeus perseguidos do mundo. Herzl, que escuitara às massas parisinas, seguidoras do “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, berrando “Morte aos judeus!” durante o juízo a Dreyfus, comprendeu que a Emancipação não era a solução para o problema dos judeus no exílio. Herzl comprendeu que só um Estado judeu poderia garantir a existência dos judeus do Exílio.


Nisto, também, o sionismo fracassou. A destrucção dos judeus de Europa precedeu o estabelecimento do Estado. O Estado de Israel chegou demassiado tarde para os seis milhões que se convertiram em fume e cujas cinzas fertilizam os campos de Europa.

Tanto como os gentis que se negaram a outorgar a Herzl carta de legitimidade sobre a Terra de Israel são merescedores de opróbio, o são os judeus que se negaram a unir-se a ele e redimir-se. Os religiosos jareidim agardavam que o Messias baixasse do ceu, os Bundistas preferiam o yiddish e o exílio, os socialistas queriam redimir o mundo e acreditavam que com a abolição das classes sociais o problema judeu ficaria resolto. Todos eles combateram vigorosamente a Herzl.

Inclusso o sionismo daqueles que seguiam a Herzl foi incapaz de libertar-se das cadeias do exílio. Estes preferiam especular antes que tomar as armas e expulsar aos dirigentes estrangeiros de Israel. Sua é também a responsabilidade no fracasso da salvação dos judeus de Europa e que o Estado de Israel chegasse demassiado tarde e não for um refúgio seguro no momento adequado. Arredor de 23.000 foram assassinados em Eretz Israel desde o retorno a Sion, simplesmente porque eram judeus. Em nenhum outro país tantos judeus foram assassinados pelo simples facto de serem judeus.


O Estado de Israel foi estabelecido para que os judeus pudessem decidir o seu próprio destino, combater e derrotar aos seus inimigos, para não se converter em pó -senão converter aos seus inimigos em pó. Mas na medida em que os seus dirigentes pertencem à estirpe de Flávio, semelham dispostos a ignorar os seus piores inimigos e fracassar à hora de evitar a destrucção que hoje em dia representa Iran. Semelham dispostos a introduzir o inimigo no país e em Jerusalém. Por vez primeira na história, o povo judeu está-se preparando para reconhecer o direito doutro povo a estabelecer um Estado dentro de Eretz Israel.

Se os dirigentes do Estado Judeu são incapazes de enfrontar-se aos inimigos que o querem destruir, não teria sido melhor que o Estado judeu nunca se chegasse a estabelecer? Não teria sido preferível que não houvesse um Estado para seis milhões de judeus com vocação de exílio, que prefirem que a comunidade internacional seja a que lute por nós e detenha a Iran com sanções e tácticas de apaciguamento?


Estám cegos e surdos? São incapazes de ver o que está claro para todos? Não entendem que os dirigentes de Iran estám preparados para agir como terroristas suicidas dispostos a sacrificar-se pela destrucção de Israel? Talvez seria melhor que a maior concentração de judeus do mundo não se tiver produzido se os seus dirigentes vam ser incapazes de evitar a sua destrucção.

A lei do exílio é uma lei de destrucção ou conversão. O Exílio remata ou nas câmaras de gas e nos crematórios ou no exílio dourado com taxas de matrimônio mixto superiores ao 50%. Em Eretz Israel, onde se tem estabelecido um Estado para os judeus, pode estabelecer-se aínda um genuíno Estado Judeu. Um Estado de judeus que queiram viver como tais, e não como Flávios. Um Estado preparado para fazer fronte aos seus inimigos e expulsá-los, e que não tenha que depender dos gentis para salvar-se.

Queremos e podemos libertar Eretz Israel de dirigentes estrangeiros, não pelo facto de que o território seja necessário para a seguridade, senão porque Eretz Israel é a nossa casa. Não é um refúgio seguro. É o nosso único fogar, e seguerá sendo-o inclusso quando estejamos submetidos a combate.

O Sionismo não é um erro. Tras 2000 anos, o nosso destino está novamente nas nossas mãos. Se os nossos dirigentes têm errado e intentam arrojar-nos ao abismo, nós temos a capazidade de garantir a existência do Estado de Israel, e fazer que passe de ser um Estado de judeus a ser um Estado Judeu.


ARIEH ELDAD

[O Dr. Arieh Eldad é membro da Knesset por União Nacional]

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