03/01/10

A RELIGIÃO NÃO DESMERECE DO NACIONALISMO



A linha divisória entre fanatismo e o sentido arraigado dos valores é ténue. A decadente Roma rematou sendo o paraíso da permissividade, e o matrimônio gay nos EEUU ou os desfiles homosexuais em Jerusalém não são menos horrorosos. As pessoas não são só corpos, mas também mentes e espírito. Possuem valores. Um estadounidense secular desprezará provavelmente a monarquia, a poligâmia ou o comunismo sem saber demassiado o que seja cada uma dessas coisas. A sua crença nos valores americanos é totalmente religiosa. Muitos estadounidenses sentiriam-se ofendidos pelas famílias polígamas, e não lhes gostaria vê-las passeando pelas ruas dos EEUU. A muitos judeus, de modo semelhante, não lhes gosta ver grupos de gays desfilando por Jerusalém adiante. A poligâmia em privado ou a homosexualidade é assunto de cada quem, mas a bulra em público dos valores duma sociedade é inaceitável. Uma sociedade judia no religioso nunca executaria a gente que acreditasse nas teorias de Darwin. Para além dos polêmicos assuntos do aborto, a comida kosher e o trabalho público em Shabat, os religiosos judeus têm a sua visão de Israel –igual que a têm os nacionalistas judeus. Os três grandes temas políticos são o território, a demografia e a táctica militar. Os nacionalistas seculares, de Jabotinsky em adiante, assim como os judeus observantes, sustentam que nem um ápice da terra que Israel possua deve ser entregada aos árabes, que não se pode permitir que os árabes cheguem a constituir uma maioria em Israel, e que a resposta aos ataques árabes deve ser o suficientemente cruel como para disuadi-los.


Judea –que os estrangeiros denominam o West Bank- é um elemento central à ideia nacional judia. É o gérmolo do antigo Estado judeu, o fogar dos Patriarcas, Profetas e Reis. Os estadounidenses seculares rechazariam qualquer oferta que os chineses figessem para obter a Casa Branca. De modo semelhante, Judea é algo inegociável para os judeus patriotas e religiosos.

Gaza tem menor significação ideológica, mas não deveria ter sido entregada por razões estratégicas. Uma Gaza palestiniana significaria que Israel pode ser seccionada à metade pela autoestrada entre o Estado palestiniano no West Bank e Gaza, que também se poderia converter na ponta de lança dos egípcios radicais contra Israel. A carta egípcia, de facto, está-se jogando agora, na medida em que Hamas recebe armas e explossivos procedentes de Egipto.

Os Altos do Golan são muito importantes estrategicamente, mas a razão principal para não devolvê-los é a decência. Israel tem repelido a agressão síria em trtês ocasiões, e esse território é o tributo mínimo. Devolvê-lo a Síria seria traizoar aos judeus que lutaram e morreram lá. O Golan é irrelevante para a paz com Síria, que já odiava a Israel antes de tomar os Altos em 1967. Síria é o inimigo estratégico de Israel e sempre o será, para além dos tratados de paz, que só existem sobre o papel. Os Altos do Golan proporcionam a Israel uma irrenunciável profundidade de defesa crítica em caso de guerra com os sírios.

A propaganda israeli subestima o problema demográfico. A proporção de árabes em Israel, sem embargo, é artificialmente baixa devido ao recente influxo dos velhos judedus procedentes da URSS. Mas estes não vam ter mais descendência. No grupo representativo de idade entre 0 e 9 anos, os árabes representam o 32%, e a proporção tende a crescer. De aquí a 30 anos, os árabes constituirão a facção maioritária na Knesset, e provavelmente de modo absoluto. Isso significará o fim do Estado Judeu. Israel, como democracia etnicamente cega e tolerante, é um semsentido para os judeus. Os EEUU e Austrália proporcionam melhores expectativas para os judeus que um Estado de Israel dominado pelos árabes.

Os árabe-israelis, junto com os palestinianos dos territórios, devem ser transferidos a Jordânia, Estado onde os palestinianos já conformam a maioria.


OBADIAH SHOHER

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